Análise da relação entre a caracterização química de cervejas e o conteúdo de alfa ácidos presente em dois cultivares de lúpulo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811712232023392

Palavras-chave:

cerveja artesanal, antioxidantes, Humulus lupulus L., lúpulo brasileiro

Resumo

O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma planta cuja inflorescência feminina é utilizada na indústria cervejeira para conferir amargor e aroma à bebida, sendo que, o Brasil importa cerca de 98% desta matéria-prima. Entretanto, essa planta vem ganhando destaque no país, influenciando diretamente as características de qualidade do produto final. Desta forma, o objetivo deste estudo foi explorar a relação entre o teor de alfa ácidos de dois cultivares de lúpulo produzidos no Brasil e nos Estados Unidos (primeiro no ranking em produção da cultura). O trabalho foi desenvolvido na Universidade de Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências Agroveterinárias (UDESC/CAV), em Lages/SC, no ano de 2021. Uma cerveja padrão do estilo Indian Pale Ale (IPA), com a mesma receita base, foi produzida. Cada tratamento consistiu na adição de diferentes cultivares de lúpulo (Comet e Fuggle) de duas origens (Brasil e Estados Unidos). Os resultados confirmaram que os cultivares e a origem do lúpulo influenciam as características químicas das cervejas avaliadas. A quantidade de compostos fenólicos totais, flavonoides e atividade antioxidante da cerveja produzida com o cultivar Fuggle brasileiro foi 6,5% (850,09 meq ácido gálico L­-1); 75,5% (95,07 meq quercetina L­-1) e 13,8% (6890 mmol Trolox L-1) superior, respectivamente, em relação à cerveja produzida com o mesmo cultivar originário dos Estados Unidos. Houve uma correlação negativa entre o teor de alfa ácidos e o conteúdo fenólico e capacidade antioxidante das cervejas. As cervejas em que foi utilizado lúpulo Fuggle brasileiro, com o menor teor de alfa ácidos dentre os avaliados, apresentaram maior associação positiva com o conteúdo de polifenóis totais, individuais e capacidade antioxidante das cervejas. Assim, as cervejas produzidas com o cultivar Fuggle Brasileiro apresentaram maior acúmulo de substâncias antioxidantes relacionadas com os indicadores de qualidade para o processamento e conservação da bebida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADAMS RP. 2007. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectrometry. 4.ed. Carol Stream: Allured Publishing Corporation. 800 p.

ALONSO-ESTEBAN JI et al. 2019. Phenolic Composition and antioxidant, antimicrobial and cytotoxic properties of hop (Humulus lupulus L.) seeds. Industrial Crops and Products 134: 154–159.

ALVES V et al. 2020. Beer volatile fingerprinting at different brewing steps. Food Chemistry 326: 1-10.

ARRANZ S et al. 2012. Wine, Beer, Alcohol and Polyphenols on Cardiovascular Disease and Cancer. Nutrients 4: 759-781.

BENUCCI I et al. 2021. Novel microencapsulated yeast for the primary fermentation of green beer: kinetic behavior, volatiles and sensory profile. Food Chemistry 340: 1-11.

CERMAK P et al. 2015. Inhibitory effects of fresh hops on Helicobacter pylori strains. Czech Journal of Food Sciences 33: 302-307.

COMEX. 2021. Portal do comércio exterior do Brasil. Exportação e Importação geral. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral. Acesso em: 4 abr. 2021.

EBC. 2010. EUROPEAN BREWERY CONVENTION. Analytica-EBC. Germany: Nürnberg.

ELROD SM et al. 2017. High Phenolic Beer Inhibits Protein Glycation in Vitro. J. Am. Soc. Brew. Chem 75: 1–5.

ELROD SM et al. 2019. Relationship between Phenolic and Antioxidant Concentration of Humulus lupulus and Alpha Acid Content. Journal of the American Society of Brewing Chemists 77: 134-139.

GOMES FO et al. 2022. Advances in dry hopping for industrial brewing: a review. Food Science and Technology 42: 1-8.

GRANATO D et al. 2011. Characterization of Brazilian Lager and Brown Ale Beers Based on Color, Phenolic Compounds, and Antioxidant Activity Using Chemometrics. J. Sci. Food Agric 91: 563–571.

HALEY E et al. 2012. A Multicomponent UV Analysis of α- and β-Acids in Hops. Journal of Chemical Education 89: 117–120.

HOPGUIDE. 2022. Disponível em: file:///C:/Users/Margarete/Downloads/Hop_EN%20(1).pdf. Acesso em: 05 fev.2023

HORNER CE et al. 1972. Registration of Fuggle H Hop. Crop Science 12: 1714.

IHGC. 2020. IHB-Sortenliste. Hopfen-Rundschau. Disponível em: https://www.deutscher-hopfen.de/downloads/IHB-Sortenliste%202020.pdf. Acesso em: 10 ma. 2020.

KIM D et al. 2016. Phenols displaying tyrosinase inhibition from Humulus lupulus. Journal of Enzyme Inhibition and Medicinal. Chemistry 31: 742-747.

KRETZER SG & CREUZ A. 2022. Lúpulo no Brasil: Perspectivas e realidades. In: Diagnóstico da situação atual do cultivo de lúpulo no Brasil. Brasília: MAPA. p. 12-49.

KROFTA K et al. 2008. Antioxidant characteristics of hops and hop products. Journal of the Institute of Brewing, 114: 160–166.

LIU M et al. 2015. Pharmacological profile of xanthohumol a prenylated flavonoid from hops (H. lupulus). Molecules 20: 754-779.

MEDA A et al. 2005. Determination of the total phenolic, flavonoid and proline contents in Burkina Fasan honey, as well as their radical scavenging activity. Food Chem 91: 571-577.

MIKYŠKA A & KROFTA K. 2012. Assessment of changes in hop resins and polyphenols during long-term storage. Journal of the Institute of Brewing 118: 269–279.

NICKERSON GB. 1986. Varietal Differences in the Proportions of Cohumulone, Adhumulone, and Humulone in Hops. J. Am. Soc. Brew. Chem 44: 91–94.

NTOURTOGLOU G et al. 2020. Pulsed electric field extraction of α and β-acids 137 from pellets of Humulus lupulus (Hop). Frontiers in Bioengineering and Biotechnology 8: 1-12.

QUIFER-RADA P et al. 2015. A Comprehensive Characterisation of Beer Polyphenols by High Resolution Mass Spectrometry (LC–ESI-LTQ-OrbitrapMS). Food Chemistry 169: 336-343.

R CORE TEAM. 2013. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna: Austria.

RUFINO MSM et al. 2006. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pelo método de redução do ferro (FRAP). Fortaleza: Embrapa. 4p.

SILVA MC et al. 2021. A Simple Method for Evaluating the Bioactive Phenolic Compounds’ Presence in Brazilian Craft Beers. Molecules 26: 1-16

SINGLETON VL & ROSSI J. 1965. Colorimetry of Total Phenolics with Phosphomolybdic-Phosphotungstic Acid Reagents. Am J Enol Vitic, 16: 144-158.

SIQUEIRA PB et al. 2008. O processo de fabricação da cerveja e seus efeitos na presença de polifenóis. Alimento e Nutrição 19: 491-498

SIRRINE R et al. 2010. Sustainable Hop Production in the Great Lakes Region. Extension Bulletin, 3083: 1-12.

VAN DEN DOOL H & KRATZ P. 1963. A generalization of the retention index system including linear temperature programmed gas-liquid partition chromatography. Journal of Chromatography 11: 463–471.

ZHAO H et al. 2010. Phenolic profiles and antioxidant activities of commercial beers. Food Chemistry 119: 1150–1158.

Downloads

Publicado

2023-08-04

Como Citar

ARRUDA, Ana Luiza; SOLDI, Cristian; AGOSTINI, Evelyn; RUFATO, Leo; RUFATO, Daiana Petry; KRETZSCHMAR, Aike Anneliese. Análise da relação entre a caracterização química de cervejas e o conteúdo de alfa ácidos presente em dois cultivares de lúpulo. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 22, n. 3, p. 392–402, 2023. DOI: 10.5965/223811712232023392. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/23111. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa - Ciência de Plantas e Produtos Derivados

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 > >>