Elaboração de etograma para poedeiras criadas em gaiolas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811712122022137

Palavras-chave:

avicultura de postura, etologia, bem-estar animal

Resumo

A avicultura, no Brasil, evoluiu muito nas últimas décadas, sendo ainda proeminente, contribuindo de maneira significativa para o agronegócio brasileiro. Um dos fatores importantes para o sucesso da produção avícola é o monitoramento e o controle eficiente do ambiente de criação, que colaboram para a promoção de maior nível de bem-estar para as aves criadas em sistema de confinamento. O estudo do comportamento animal é, tradicionalmente, realizado através de observações visuais dos animais, o que consome tempo e gera decisões subjetivas e susceptíveis ao erro humano. O objetivo geral deste projeto foi elaborar um etograma e avaliar de maneira eficiente o comportamento de galinhas poedeiras alojadas em gaiolas, por meio de gravações digitais. Foram utilizadas aves da linhagem comercial Hisex Brown e Hisex White com 51 semanas de vida, criadas em gaiolas com capacidade para duas aves. Para analisar as imagens, foi proposto um etograma composto por 12 eventos comuns neste tipo de sistema, o qual registrou os seguintes comportamentos: “sentada”, “comendo”, “bebendo”, “explorando penas”, “bicagem não agressiva”, “bicagem agressiva”, “movimentos de conforto”, “ócio”, “postura”, “estereotipia”, “bico aberto” e “asas abertas”. A partir da avaliação deste etograma, percebeu-se que o comportamento “comendo” ocupou a maior parte do tempo das aves (58%), seguido pelo comportamento “parada” (17,3%) e “movimentos de conforto” (8,8%). Os outros 16% foram distribuídos entre os eventos: “bebendo”, “explorando penas”, “bicagem não agressiva”, “bicagem agressiva” e “bico aberto”. Nas condições de ambiência e temperatura em que o experimento foi realizado, as galinhas manifestaram comportamento de “bico aberto” em 100% do tempo no período da tarde, indicando clara situação de estresse calórico. Dessa maneira, o etograma funcionou como uma aferição indireta do grau de ambiência destes animais, o que reflete de maneira direta no atendimento aos preceitos de bem-estar animal, quesito fundamental para a produção moderna de ovos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABPA. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. Relatório Anual. São Paulo: ABPA. 160p.

ABREU VMN & ABREU PG. 2011. Os desafios da ambiência sobre os sistemas de aves no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia 40: 1-14.

AGUIAR DP et al. 2021. Beak trimming and stocking densities for laying and performance traits and behavioral patterns in Japanese quails. Revista de Investigaciones Veterinarias del Perú 32: e19248.

ALTMANN J. 1973. Observational study of behavior: sampling methods. Illinois: Allee Laboratory of Animal Behavior. p. 227-263.

ALVARENGA D & SILVEIRA D. 2021. PIB do Brasil despenca 4,1% em 2020. G1 Economia. [S.l]. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/03/pib-do-brasil-despenca-41percent-em-2020.ghtml. Acesso em: 11 abr. 2021.

ALVES S et al. 2007. Avaliação do bem-estar de aves poedeiras comerciais: efeitos do sistema de criação e do ambiente bioclimático sobre o desempenho das aves e a qualidade de ovos. Revista Brasileira de Zootecnia 36: 1388-1394.

ALVES S. 2006. Uso da zootecnia de precisão na avaliação do bem-estar bioclimático de aves poedeiras em diferentes sistemas de criação. Tese (Doutorado em Agronomia). Piracicaba: ESALQ/USP. 128p.

BARBOSA FILHO J et al. 2007. Avaliação dos comportamentos de aves poedeiras utilizando sequência de imagens. Engenharia Agrícola 27: 93-99.

BARBOSA FILHO J. 2004. Avaliação de bem-estar de aves poedeiras em diferentes sistemas de produção e condições ambientais, utilizando análise de imagens. Dissertação (Mestrado Engenharia Agrícola). Piracicaba: ESALQ/ USP. 123p.

BUENO LGF et al. 2018. Variação espacial do IGTU e CTR em instalação de poedeiras em região de clima tropical. Revista Energia na Agricultura 33: 123-132.

CABRELON MA. 2016. Diferentes densidades de gaiola e suas implicações no comportamento de galinhas poedeiras e na qualidade dos ovos produzidos. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Sistemas Agrícolas). Piracicaba: ESALQ/USP. 67p.

CAMPOS EJO. 2000. Comportamento das Aves. Revista Brasileira de Ciência Avícola 2: 93-113.

CASTRO C. 2010. Pesquisa com primatas em ambiente natural: técnicas para coleta de dados ecológicos e comportamentais. In: 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência. Natal: SBPC. 27p.

CORDEIRO M et al. 2011. Análise de imagens digitais para avaliação do comportamento de pintainhos de corte. Engenharia Agrícola 3: 418-426.

DINH P et al. 2020. Music performance improves with continuous singing throughout the morning in a songbird. Animal Behavior 167: 127-137.

FLORIANO LS. 2013. Anatomia e fisiologia das aves domésticas. 1.ed. Urutaí: IF Goiano. 94p.

GOMES KAR et al. 2018. Behavior of Saanen dairy goats in an enriched environment. Acta Scientiarum. Animal Sciences 40: e42454.

GUO YY et al. 2012. The effect of group size and stocking on the welfare and performance of hens housed in furnished cages during summer. Animal Welfare 21: 41-49.

MAPA. 2020. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Comércio Exterior. Brasil Abre 100 Novos Mercados Externos Para Produtos Agropecuários. Publicado em 29/10/2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/brasil-abre-100-novos-mercados-externos-para-produtos-agrope cuarios. Acesso em: 11 abr. 2021.

MOLLENHORTS H et al. 2005. On-farm assessment of laying hen welfare: a comparison of one environment-based and two animal-based methods. Ciência Aplicada do Comportamento Animal 90: 277-291.

NASCIMENTO S & SILVA I. 2010. As perdas de calor das aves: entendendo as trocas de calor com o meio. Piracicaba: ESALQ. 5p.

NAVAS TO et al. 2016. Estresse por calor na produção de frangos de corte. Nutritime Revista Eletrônica 13: 4550-4557.

OLIVEIRA HFO et al. 2020. Fatores intrínsecos a poedeiras comerciais que afetam a qualidade físico-química dos ovos. PUBVET 14: 1-11.

PANTOJA JC et al. 2017. Avaliação do conforto térmico para ovinos em exposição durante feira agropecuária de Santarém. Agroecossistemas 9: 316-329.

PARREIRA DP et al. 2021. Suínos em fase de terminação mantidos em ambiente enriquecido. Caderno de Ciências Agrárias 13: 1-6.

SANTANA MHM et al. 2018. Ajuste dos níveis de energia e proteína e suas relações para galinhas poedeiras em diferentes condições térmicas. PUBVET 12: 1-12.

SHIMMURA T et al. 2008. Effects of separation of resources on behavior, physical condition and production of laying hens in furnished cages. Applied Animal Behaviour Science 113: 74-86.

SOUZA AV et al. 2020. Influence of fennel in Japanese Quail Diet over egg quality and behavior aspects. Boletim de Indústria Animal 77: 1-13.

TEIXEIRA MPF. 2017. Efeito da composição da ração sobre a energia líquida em frangos de corte: revisão de literatura. Revista Eletrônica Nutritime 14: 7077-7090.

VALENTIM JK et al. 2019. Performance and welfare of different genetic groups of laying hen. Acta Scientiarum. Animal Sciences 41: e42904.

VARGAS LB et al. 2021. Legislações e normas para avaliação do bem-estar na produção avícola. Caderno de Ciências Agrárias 13: 1-8.

Downloads

Publicado

2022-03-25

Como Citar

FERREIRA, Joyce Augusta; VALENTIM, Jean Kaique; MACHADO, Luiz Carlos; OLIVEIRA, Helder Freitas de. Elaboração de etograma para poedeiras criadas em gaiolas. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 21, n. 2, p. 137–147, 2022. DOI: 10.5965/223811712122022137. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/21308. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa - Ciência de Animais e Produtos Derivados

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)