Ácido giberélico na uva ‘Cabernet Sauvignon’: efeito na morfologia do cacho e na qualidade do vinho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811712242023537

Palavras-chave:

taninos, regulador de crescimento, baga

Resumo

A variedade ‘Cabernet Sauvignon’ é uma das mais produzidas e consumidas no brasil, apesar disso a brotação e floração tardia trazem problemas na produção de vinhos dessa variedade, ocasionando características que dificultam a produção de vinhos elegantes e equilibrados, em especial nas regiões de altitude de Santa Catarina. Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do ácido giberélico na diminuição e eliminação das sementes nas bagas de uva ‘Cabernet Sauvignon’ e avaliar os parâmetros físico-químicos do vinho produzidos na Serra Catarinense. Os experimentos foram realizados em um vinhedo comercial da cv. Cabernet Sauvignon, enxertados em porta-enxerto ‘Paulsen 1103’, com 20 anos de idade. Os tratamentos foram: 0,0 mg L-1 de ácido giberélico (AG3); 40,0 mg L-1 de AG3; e 80,0 mg L-1 de AG3, na safra 2019/20; e 0,0 mg L-1 de AG3; 20,0 mg L-1 de AG3; e 40,0 mg L-1 de AG3, na safra 2020/21. As aplicações foram realizadas na plena floração. As características avaliadas nas uvas foram peso do cacho, diâmetro da baga, massa de bagas, número de sementes por baga, massa de sementes, número de sementes por cachos, comprimento de cacho, índice de compactação de cacho, massa da ráquis e bagas por cacho. Nas duas safras, a dose zero de AG3 está relacionado com maior compactação do cacho, massa de baga e de cacho, sementes por baga. Por outro lado, na safra 2019/20 a dose de 80 mg L-1 de AG3 apresentou correlação com SST do mosto, acidez do vinho, acidez do mosto, além do parâmetro de cor a 520 nm e intensidade de cor. Na última safra, os parâmetros de coloração foram mais correlacionados com a dose maior de AG3, evidenciando que este fitorregulador aumentou as antocianinas livres e consequentemente os polifenóis totais. O AG3 nas doses de 20 a 80 mg L-1, reduziram o número e o tamanho de sementes, entretanto aumentaram o teor de taninos no vinho em uma das safras. A compactação do cacho, bem como peso de cacho, diâmetro e peso de bagas foram reduzidas com o uso do AG3. O AG3 nas doses de 20 e 40 mg L-1 aumentaram o teor de polifenóis totais e antocianinas monoméricas totais no vinho.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriela Zocche Pless , Universidad de León

Enóloga da Vinícola Leone Di Venezia; Egressa do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia – IFSC Urupema.

Thiago Moreira Monteiro, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Giovani Furini, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Milena de Souza Tomaz, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Leonam Macedo da Torre, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Carolina Pretto Panceri, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Rogerio Anese, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

.

Referências

BINDON KA et al. 2010. Interaction between grape-derived proanthocyanidins and cell wall material. 2. Implications for vinification. Journal of Agricultural and Food Chemistry 58: 10736–10746.

BOWERS JE & MEREDITH CP. 1997. The parentage of a classic wine grape, Cabernet Sauvignon. Nature Genetics 16: 84–87.

BRASIL. 2018. Instrução Normativa N° 14, de 8 de fevereiro de 2018. Estabelecer a complementação dos padrões de identidade e qualidade do vinho e derivados da uva e do vinho. Brasília: Diário Oficial da União.

CHENG C et al. 2013. Effect of GA3 treatment on seed development and seed-related gene expression in grape. PLoS One. 5: e80044.

CHIAROTTI F et al. 2011. Melhoria da qualidade de uva 'Bordô' para produção de vinho e suco de uva. Revista Brasileira de Fruticultura Vol esp: 618-624.

EMBRAPA. 2004. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Solos do Estado de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Embrapa Solos. 726p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 46)

FALCÃO LD et al. 2007. A survey of seasonal temperatures and vineyard altitude influences on 2-methoxy-3-isobutylpyrazine, C13-norisoprenoids, and the sensory profile of Brazilian Cabernet Sauvignon wines. Journal of Agricultural and Food Chemistry 55: 3605-3612.

FELIPPETO J et al. 2016. Maturação e composição das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot produzidas na região de São Joaquim, SC. Agropecuária Catarinense 29: 74-79.

FERREIRA DF. 2014. Sisvar: a Guide for its Bootstrap procedures in multiple comparisons. Ciência e Agrotecnologia 38: 109-112.

GAO XT et al. 2020. Effects of gibberellic acid (GA3) application before anthesis on rachis elongation and berry quality and aroma and flavour compounds in Vitis vinifera L. ‘Cabernet Franc’ and ‘Cabernet Sauvignon’ grapes. Journal of the Science of Food and Agriculture 100: 3729-3740.

GIANFAGNA T. 1995. Natural and synthetic growth regulators and their use in horticultural and agronomic crops. In: DAVIES PJ. (Ed.). Plant hormones: physiology, biochemistry and molecular biology. Dordrecht: Kluwer Academic Publisher. p.751-773.

GIUSTI T & WROLSTAD RE. 2001. Anthocyanins: Characterization and measurement with UV–visible spectroscopy, F1.2.1–13. In: WROLSTAD RE. (Ed.) Current protocols in food analytical chemistry. New York: JohnWiley & Sons Inc.

GLORIES Y. 1984. La coleur des vins rouges. Connaissance Vigne Vin 18: 253-271.

KENNEDY JA. 2008. Grape and wine phenolics: Observations and recent findings. Ciência Investigação Agraria 35: 107-120.

LORENZ DH et al. 1995. Phenological growth stages of the grapevine (Vitis vinifera L. ssp. vinifera) - Codes and descriptions according to the extended BBCH scale. Australian Journal of Grape and Wine Research 1: 100-103.

McRAE JM & KENNEDY JA. 2011. Wine and grape tannin interactions with salivary proteins and their impact on astringency: a review of current research. Molecules 16: 2348-2364.

OIV. 2020. International Organisation of Vine and Wine. Compendium of International Methods of Analysis. Disponível em: oiv.int/public/medias/7372/oiv-compendium-volume-1-2020.pdf. Acesso em: 05 dez. 2020.

OKAMOTO G & MIURA K. 2005. Effect of pre-bloom GA application on pollen tube growth in cv. Delaware grape pistils 44: 157 – 159.

PEEL MC et al. 2007. Updated world mapof the Koppen-Geiger climate classification. Hydology Earth Systemic Science 11: 663-1644.

RIENTH M et al. 2021. Grape Berry Secondary Metabolites and Their Modulation by Abiotic Factors in a Climate Change Scenario–A Review. Frontiers in Plant Science 12: 634258.

RIZZON LA & MIELE A. 2002. Avaliação da cv. Cabernet Sauvignon para elaboração de vinho tinto. Ciência e Tecnologia de Alimentos 22: 192-198.

RIZZON LA. 2010. Metodologia para análise de vinho. Brasília: Embrapa. Informação Tecnológica.

ROBERTO SR et al. 2005. Caracterização da fenologia e exigência térmica (graus-dias) para a uva 'Cabernet Sauvignon' em zona subtropical. Acta Scientiarum Agronomy 27: 183-187.

SANTOLALLA MP & ESCOBEDO J. 2018. Alargamiento del raquis del racimo y modificación de algunas características de los frutos con aplicaciones de ácido giberélico en vid ‘Red Globe’ (Vitis vinifera). Anales Científicos 79: 436 – 442.

SILVA PS et al. 2018. Effects of Gibberellic acid (GA3) on reduction of rot disease and physico-chemical quality of 'Pinot Noir' grape. Australian Journal of Crop Science 12: 1363-1369.

SILVA PS et al. 2019. Gibberellic acid reduces clusters rot of ‘Sauvignon Blanc’ grapes. Revista Brasileira de Fruticultura 41: e-486

SINGLETON VL & ROSSI JA. 1965. Colorimetry of total phenolics with phosphomolybdic–phosphotungstic acid reagents. American Journal of Enology and Viticulture 16: 144–158.

TAIZ L & ZEIGER E. 2013. Fisiologia vegetal. 5.ed. Porto Alegre: Artemed.

TELLO J & IBÁÑEZ J. 2014. Evaluation of indexes for the quantitative and objective estimation of grapevine bunch compactness. Vitis 53: 9–16.

TESZLÁK P et al. 2005. Influence of grapevine flower treatment with gibberellic acid (GA3) on polyphenol content of Vitis vinifera L. wine. Analytica Chimica Acta 543: 275–281.

TYAGI K et al. 2021. Cytokinin but not gibberellin application had major impact on the phenylpropanoid pathway in grape. Horticulture Research 8:15p.

TYAGI K et al. 2022. Effects of gibberellin and cytokinin on phenolic and volatile composition of Sangiovese grapes. Scientia Horticulturae 295: 110860.

WURZ DA et al. 2019. Influência da época do manejo da desfolha na evolução da maturação da videira ‘Cabernet Sauvignon’ cultivada em região de elevada altitude de Santa Catarina. Journal of Agronomic Sciences 8: 41-50.

Downloads

Publicado

2023-12-29

Como Citar

PLESS , Gabriela Zocche; MONTEIRO, Thiago Moreira; FURINI, Giovani; TOMAZ, Milena de Souza; TORRE, Leonam Macedo da; PANCERI, Carolina Pretto; ANESE, Rogerio. Ácido giberélico na uva ‘Cabernet Sauvignon’: efeito na morfologia do cacho e na qualidade do vinho. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 22, n. 4, p. 537–545, 2023. DOI: 10.5965/223811712242023537. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/23857. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa - Ciência de Plantas e Produtos Derivados