v. 7 n. 3 (2021): Arte e seu ensino: são caminhos para todes?
Organizadoras do Volume
Profa. Dra. Ana Mae Barbosa
Profa. Dra. Maria das Vitórias Negreiros do Amaral
Em tempos de pandemia de Covid19, as relações humanas se tornaram estranhas, contaminando, além da doença, medos, violências, ódios, racismo, machismo, preconceitos de gênero, de cor e morte. Essas relações se tornaram tão inacreditáveis, que nos parecem desumanas. Mas, fazem parte do humano, o imaginário traz em simbologias, imagens boas e más. E, na pandemia, essas máscaras sociais caíram por terra quando tivemos que viver em isolamento e em contato direto com as famílias dentro de nossas casas. Seja em casa ou na rua, a violência prosperou.
Para alguns o armamento bélico resolve tudo, para nós o amor e as relações de afeto nos deslocam desses lugares de violência. E é nesse contexto de amor, que nos propomos pensar uma edição da Revista Apotheke voltada às questões das dissidências. A intenção é ressaltar o que temos de maravilhoso entre as pessoas que, geralmente, ficam à margem da sociedade e, que por isso são invisibilizadas. Essa é uma forma de resistência. Pessoas negras, indígenas, gays, não binárias, malhadas, misturadas, sejam como forem, seja a aparência que tiveram merecem ser respeitadas nas suas diferenças. Essas pessoas, geralmente excluídas por serem diferentes, fazem arte e se expressam por meio da arte. A arte é para todes. E temos inúmeras pessoas que fazem arte que não se enquadram em um padrão preestabelecido na sociedade patriarcal em que vivemos. Tirando do apagamento as narrativas que se contrapõem às hegemônicas, dando luz às histórias de vidas dissidentes. Pretendemos transformar essas narrativas e incluí-las nas aulas de artes visuais, cada vez mais. Essas/es artistas estão espalhadas pelo mundo, mais especificamente pelo Brasil e precisamos mostrá-las e apresentar como sua criação reverbera a vida que levam, muitas vezes nos esconderijos sociais. No ensino da arte, é urgente que tenhamos uma história de inclusão e que esses artistas sejam visibilizados nas leituras de imagens realizadas em sala de aula. É o desejo de um mundo mais igualitário e que aceita as contradições inerentes ao ser humano, uma sociedade democrática e com aulas de artes incluindo mais artistas trans, negras, indígenas, multicoloridas, diferentes, isto é, corpos dissidentes para um ensino de arte dissidente.
A partir dessas premissas, recebemos alguns textos que rompem com o padrão europeu do ensino da arte e traz reflexões sobre essas dissidências para o ensino da arte