v. 1 n. 22 (2020): Censura e transgressão no Teatro de Animação
O Teatro de Animação (seja por meio dos bonecos, das máscaras, das sombras ou outro modo de animação) tem demonstrado historicamente sua dimensão política por meio da crítica social, denúncia das injustiças e sátira ao poder abusivo: possui a inconformidade em sua verve, manifestando-se transgressivamente. A própria existência da figura animada se proclama subversiva ante a condição inanimada da matéria que a constitui. Ao mesmo tempo em que essa expressão artística pode servir como difusão de ideias e manipulação de opiniões, também pode se apresentar como oposição e resistência ao poder e à ideologia dominante.Face ao seu poder de comunicar e instigar o livre pensamento, como a sociedade tem se comportado em relação ao Teatro de Formas Animadas? Como a história o tem aceitado ou calado?Localizando essa temática, quanto se pode dizer em respeito à América Latina, e de modo geral, aos territórios pós-coloniais periféricos denominados “em desenvolvimento”? Quais são as margens em que o boneco transita? Como são marginalizados? De que forma a sátira e o riso contestatório ameaçam o status quo? De que modo esta arte age na trama social e que efeitos pode provocar? Por que ela pode ser perigosa para a autoridade e que tipo de repressões (censura, tabu, discriminação) sofre? Pode haver falta de reconhecimento da profissão e dificuldades de apresentar-se nos espaços oficiais e públicos em função do preconceito? De quantas maneiras (e quais) o controle e o silenciamento talharam a fisionomia (dramaturgias, técnicas e temas) do Teatro de Formas Animadas? Convidamos os autores, neste número, a levantar essas e outras questões sobre repressão e censura, mas também sobre a resistência cultural associada à prática com Teatro de Animação.
Publicado:
2020-07-29