Uma reflexão sobre a constituição das drag queens em interlocução com as personificações do Japão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1982615x18442025180

Palavras-chave:

Drag Queen, Onnagata, Fabulação

Resumo

As Drag Queens são uma referência na história do teatro e da performance, nas discussões de gênero e nas pesquisas de moda. No Ocidente, este marco de diversidade emerge com mais força nas mídias, a partir dos anos 1990 nos Estados Unidos. Na Ásia, pode-se dizer que há uma interlocução entre as Drags e as Artes do Corpo, que remontam ao século XVII, sendo que as vestes e a maquiagem acabaram agindo como ativadoras de corpos, ultrapassando assim a noção tradicional de figurino. Este artigo tem como objetivo discutir sobre a constituição performática de Drag Queens documentadas especificamente por Cláudia Guimarães em São Paulo e de atores onnagata do teatro kabuki em interface com algumas personagens da dança butô de Kazuo Ohno. A metodologia envolve pesquisa bibliográfica amparada principalmente na teoria corpomídia (Katz; Greiner, 2015) e pesquisa iconográfica para analisar de forma qualitativa singularidades de corpos fora dos padrões heteronormativos, apontando como a moda trans tem ativado questões políticas e existenciais que já completam quatro séculos e pode ser considerada um dispositivo fabulatório para explicitar subjetividades.

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Biografia do Autor

Maria Paula Hampshire, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorado em andamento em Comunicação e Semiótica na PUC-SP com bolsa CAPES seguindo a linha de pesquisa de Dimensões Políticas na Comunicação. Mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC-SP com bolsa do CNPq seguindo o eixo temático de Diversidade de Gênero (2023). Pesquisadora e analista de tendências no Laboratório de Política, Mídia e Comportamento da PUC-SP (2023). Graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela ESPM-SP (2020).

Christine Greiner, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Christine Greiner é doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e professora livre-docente em Comunicação e Artes pela PUC-SP. Ensina no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, onde coordena o Centro de Estudos Orientais; e no curso de graduação em Comunicação das Artes do Corpo. Desde 1998, tem realizado estágios de pesquisa e atuado como professora visitante em universidades no Japão, nos Estados Unidos e na França, com apoio da Fundação Japão, do Centro Nichibunken e Capes/Fullbright, entre outras agências. É autora de diversos livros e artigos sobre cultura japonesa, arte contemporânea e estudos do corpo. Compartilha com a professora Helena Katz, a concepção da teoria corpomídia. Desde os anos 2000, participa como curadora de projetos com Ricardo Muniz Fernandes e Hideki Matsuka, e colabora com artistas das artes visuais, da performance e da dança.

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Publicado

2025-01-01

Como Citar

HAMPSHIRE, Maria Paula; GREINER, Christine. Uma reflexão sobre a constituição das drag queens em interlocução com as personificações do Japão. Modapalavra e-periódico, Florianópolis, v. 18, n. 44, p. 180–233, 2025. DOI: 10.5965/1982615x18442025180. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/modapalavra/article/view/25946. Acesso em: 6 jan. 2025.