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A revolução da cultura digital no jornalismo de moda: futuros possíveis (V. 17 N. 43)
O jornalismo e a moda têm histórias e origens que se cruzam. O fenômeno jornalístico é uma invenção da Modernidade popularizado com a aparição da tipografia e a periodicidade da imprensa na Europa (Sousa, 2008). A moda, neste sentido, também pode ser vista como um produto resultante da modernidade (Simmel, 1957; Barthes, 1990; Lipovetsky, 1994; Geczy & Karaminas, 2020). Essa relação torna-se mais evidente ao compreender o jornalismo pela lente de autores como Otto Groth (2011) e Luiz Beltrão (1992, 2006), que concebem a natureza do jornalismo em quatro pilares: (1) periodicidade, (2) universalidade, (3) atualidade e (4) difusão. A periodicidade do jornalismo encontra correspondência na moda, através da ciclicidade análoga à forma e à comunicação para as massas. A universalidade e a variabilidade trabalhada pelos autores no jornalismo vêm ao encontro da pluralidade da moda em sua acepção mais contemporânea, com o desenvolvimento de produtos em larga escala envolvendo todos os setores sociais. A moda é também um produto cultural com acapacidade de transmitir mensagens e representar as várias esferas sociais. A atualidade dos jornais pode ser considerada a característica de maior aderência na relação com a moda, pois o “princípio do Novo” (Lipovetsky, 2009; Svendsen, 2010) é ponto vital para o fenômeno moda, uma relação comum entre as atividades. A difusão também encontra eco em ambas as áreas, pois a disseminação é fundamental tanto no jornalismo quanto no moda. Deve-se ter em consideração o caráter propagador de ambas as áreas, que tem um papel relevante na definição e contextualização de ambas (Flores, 2018).
Entretanto, ao considerar o cenário digital contemporâneo, as novas formas de comunicar moda para além do jornalismo fazem uma revolução no ecossistema vigente. Já é comum as marcas tornam-se veículos de comunicação próprios por meio das plataformas sociais, a periodicidade das semanas de moda ou lançamentos de coleção fora do calendário tradicional ou até mesmo a cultura influencer a ofuscar o jornalismo especializado. O jornalismo e a moda, que traziam em suas características um discurso de ordem e julgamento, vêm-se obrigados a buscar representatividade num sistema de comunicação que abre cada vez mais espaço para a diversidade e a inclusão. A moda, enquanto campo dinâmico em que trocas simbólicas acontecem de forma frequente, reflete diferentes culturas. A análise dos seus significados imagéticos e textuais traz contributos para o entendimento da sociedade contemporânea (Cantú e Gomes, 2023).
Onde está o jornalismo de moda nesta nova paisagem digital? Qual é o papel da moda na construção de novos discursos e formas de expressão? Quais são os futuros possíveis que podem nascer da simbiose entre a o jornalismo e a moda? Estes são alguns questionamentos que gostaríamos de convidar os pesquisadores e pesquisadoras a pensar em conjunto no Dossiê “A revolução da cultura digital no jornalismo de moda: futuros possíveis”. Esta edição aceita submissões relacionadas aos seguintes tópicos, embora não limitados a:
- Plataformas sociais como novos meios de fazer jornalismo de moda;
- A cultura influencer como fonte no jornalismo de moda;
- Algoritmos como forma de personalização de conteúdo no jornalismo especializado;
- A crítica de moda nos veículos jornalísticos;
- O jornalismo de moda em revista no cenário contemporâneo;
- Comunicação de moda na era das plataformas sociais;
- Análise semiótica das imagens em revistas de moda;
- A moda como elemento para os estudos de tendências;
- As semelhanças e diferenças entre publicidade de moda e o jornalismo de moda;
- Os modelos de negócio para sustentabilidade do jornalismo de moda;
- Inovação no jornalismo e na moda;
- Representatividade e discursos no jornalismo de moda;
- Jornalismo de moda e estudos de gênero;
- Streetstyle na moda contemporânea;
-Desinformação no conteúdo de moda.
Convidamos a todos/as os/asinteressados/as em temas relacionados à moda, comunicação, design, jornalismo, publicidade, plataformas sociais, cultura influencer, estudos de tendências e áreas afins a submeter seus artigos originais até 31/12/2023. A seção destinada à artigos inéditos que deverão ter uma extensão mínima de 15 e máxima de 25 páginas incluindo referências.
Referências
Barthes, R. (2005). Inéditos, vol. 3: Imagem e Moda. Martins Fontes.
Beltrão, L. (1992). Iniciação à Filosofia do jornalismo. Editora da Universidade de São Paulo.
Beltrão, L. (2006). Teoria e prática do jornalismo. FAI.
Bradford, J. (2013). Fashion journalism. Routledge.
Cantú, W. A., & Pinheiro Gomes, N. (2023). A produção semiótica de significados num espetáculo de estilo: linguagens culturais e criativas. dObra[s] – Revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, (37), 205-227. https://doi.org/10.26563/dobras.i37.1422
Cheng, L., & Tandoc Jr, E. C. (2022). From magazines to blogs: The shifting boundaries of fashion journalism. Journalism, 23(6), 1213-1232.
Elman, D. (2017). O discurso híbrido do jornalismo de moda : estratégias do Jornalismo, da Publicidade e da Estética. [Doctoral dissertation, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. http://hdl.handle.net/10183/157675
Findlay, R., & Reponen, J. (Eds.). (2022). Insights on Fashion Journalism. Taylor & Francis.
Flores, A. M. M. (2018). Jornalismo de moda made in Brazil: características da prática. Revista Fronteiras: Estudos Midiáticos, 20(1), 67-79. doi: 10.4013/fsu.2018.201.07
Groth, O. (2011). O poder cultural desconhecido: fundamentos da ciência dos jornais. Vozes.
Joffily, R. (1991). Jornalismo e produção de moda. Nova Fronteira.
Lima, G.T., Araújo, B. (2020). A construção discursiva do Zeitgeist contemporâneo no jornalismo de moda: uma análise de capas da revista Elle Brasil. Mediapolis – Revista de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público. 10(1), 131-146. https://doi.org/10.14195/2183-6019_10_9
Lipovetsky, G. (1994). The Empire of Fashion: Dressing Modern Democracy. Princeton University Press.
Lipovetsky, G. (2009). O Império do Efêmero - a moda e seu destino nas sociedades modernas. Companhia das Letras.
Novelli, D. (2019). A Argentina Inflamada de Vogue Paris. Modapalavra E-periódico, 12(25), 171-208. https://doi.org/10.5965/1982615x12252019171
Simmel, G. (1957). Fashion. The American Journal of Sociology, 62(6), 541-558.
Organizadores:
Ana Marta M. Flores (Universidade NOVA de Lisboa/ICNOVA)
Ana Marta M. Flores é doutora e mestre em jornalismo, professora auxiliar convidada na Universidade NOVA de Lisboa, investigadora associada ao ICNOVA/iNOVA Media Lab e do Obi.Media - Observatório de Inovação nos Media. Também é pesquisadora do Trends and Culture Management Lab, da Universidade de Lisboa e do Núcleo de Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo - Nephi-Jor (UFSC/Brasil). Atualmente é investigadora pós-doutoral do projeto MyGender (Universidade de Coimbra) e communication officer da seção Digital Culture and Communication da ECREA. amflores@fcsh.unl.pt www.anamartaflores.com
William Cantú (IPLeiria/CEAUL)
William Afonso Cantú é docente no ensino superior, investigador integrado do Centro de Estudos Anglísticos da Univerisdade de Lisboa (CEAUL) e colaborador do Centro de Estudos em Educação e Inovação do Instituto Politécnico de Leiria (CI&DEI). Possui um Pós-doutoramento em Estudos de Tendências e um Doutoramento em Estudos de Cultura pela Universidade de Lisboa. É mestre em Design e Cultura Visual e Licenciado em Design pelo IADE. Leciona unidades curriculares no contexto das Artes, Cultura e Tendências, tem participado em projetos de investigação com financiamento nacional e internacional, bem como orientado e participado em provas nas suas áreas de especialidade. É autor de artigos e capítulos de livros no âmbito nacional e internacional em publicações com peer-review indexadas. william.cantu@ipleiria.pt www.williamcantu.com
Submissão: 01/07/2023 a 31/12/2023
Publicação: julho de 2024