À l'Orient: fantasia e idelização oriental na Paris de 1780

Autores

  • Felipe Goebel PPGH/UNIRIO

DOI:

https://doi.org/10.5965/25944630532021107

Palavras-chave:

História da moda, Século XVIII, Orientalismo

Resumo

O presente artigo analisa o surgimento de tendências de moda na década de 1780 em Paris, cujas autoproclamadas referências e inspirações vinham do Oriente. Mais fantasia e idealização do que os franceses concebiam como oriental, tais tendências tinham pouco ou nenhuma conexão com o que era de fato utilizado pelas populações das diversas localidades e regiões às quais se referiam, fossem da Circássia, da Turquia, da China, do Sião, da Cochinchina ou da Índia. Para tal, examinamos os escritos e as ilustrações das revistas Cabinet des modes e Magasin des modes nouvelles, junto com reportagens contidas em jornais e anedotários do período e com memórias de alguns indivíduos célebres do século XVIII francês. Não encaramos tais tendências como representações de uma suposta “realidade” de vestimenta e de indumentária, mas sim como objetos que expõem uma intrincada rede de intercâmbio social entre o setor da moda que se consolidava em Paris, eventos político-diplomáticos e noções de exótico, de sensual e de incomum. A conclusão do estudo é que as tendências “orientalistas” demonstram a capacidade do setor da moda parisiense de assimilar demandas da atualidade e elementos culturais variados ao seu funcionamento. Mais do que isso, essas tendências enfatizam a capacidade de usar e dispor de referências culturais, manipulá-las para os gostos e necessidades europeus, transformá-las em algo completamente novo e que tinha muito pouca, ou nenhuma, semelhança com a inspiração original e com a realidade, ainda que fossem amplamente divulgadas, vendidas e consumidas como relacionado a elas. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Goebel, PPGH/UNIRIO

Doutorando no PPGH-UNIRIO, linha de pesquisa Cultura, Poder e Representações. Bacharel licenciado em História pela UFRJ (2016), Mestre em História Social pelo PPGHIS-UFRJ (2019), tendo sido bolsista Mestrado Nota 10/ FAPERJ. Atualmente pesquisa a formação do sistema da moda na França do Antigo Regime, o surgimento de novos estilos, novos atores sociais e novos sentidos no campo da indumentária na metade final do século XVIII. Atua nas áreas de História Social da Moda e História Cultural, com ênfase nos diálogos entre indumentária, consumo, identidade feminina, cultura visual e relações de poder, e na área de Teoria e Metodologia da História, com destaque para os usos das narrativas biográficas e de autoficção como formas de escritas históricas,

Referências

Cabinet des Modes. Disponível: <https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/cb327349107/date> Acessado em: maio de 2019.

D’HÉZECQUES, Félix. Page à la cour de Louis XVI: souvenirs du comte d’Hézecques. Paris: Tallandier, 1987.

FREUDSTEIN, Henriette Louise de Waldner. Mémoires de la Baronne d’Oberkirch. 1869. Disponível em: <https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k2048423> Acessado em: maio de 2019

Gallerie des modes. Disponível em: <https://collections.mfa.org/search/objects/*/gallerie%20 des%20modes%20> Acessado em: maio de 2019.

Magasin des modes nouvelles. Disponível em: <https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/cb32896302v/ date> Acessado em: maio de 2019

Mercure Galant. Disponível em: <https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/cb40216887k/date> Acessado em: maio de 2019

MERCIER, Louis-Sébastie. Le Tableau de Paris. (ed. org. Jean-Claude Bonnet). Paris: Mercure de France, 1994.

VIGÉE LEBRUN, Elisabeth. Memoirs of Madame Vigée LeBrun with numerous reproductions of paintings by the authoress. Londres: Grant Richards, 1904.

Bibliografia

DELPIERRE, Madeleine. Se vêtir au XVIIIe siècle. Paris: Société Nouvelle Adam Biro, 1996.

HEINICH, Nathalie. Du peintre à l’artiste: artisans et académiciens à l’âge classique. Paris: Edi-tions de Minuit, 1993.

LANDES, Joan B. Women and the public sphere in the age of the French Revolution. Ithaca: Cornell University Press, 1988

LILTI, Antoine. Le monde des salons: sociabilité et mondanité à Paris au XVIIIe siècle. Paris: Fayrad, 2005.

LIPOVETSKY, Gilles. L’Empire de l’éphémère: la mode et son destin dans les sociétés modernes. Paris: Gallimard, 1987.

MARTIN, Meredith. Tipu Sultan’s Ambassadors at Saint-Cloud: indomania and anglophobia in pre-revolutionary Paris. West 86th: A Journal of Decorative Arts, Design History and Material Culture. Vol. 21, No 1, Spring-Summer 2014, p. 37-68. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/10.1086/6778 68?origin=JSTOR-pdf>

MARTIN, Richard. KODA, Harold. Orientalism: visions of the East in the western dress. Catá

OUTRAM, Dorinda. The body and the French Revolution: sex, class and political culture. Lon-dres: Yale University Press, 1989.

RIBEIRO, Aileen. Dress and morality. Londres: B. T. Batsford, 1986.

______________. Fashion in the French Revolution. Londres: Batsford ltd., 1988.

ROCHE, Daniel. A cultura das aparências: uma história da indumentária (séculos XVII-XVIII). São Paulo: Editora SENAC, 2007.

______________. História das coisas banais: nascimento do consumo nas sociedades dos séculos XVII ao XIX. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

ROOKMAKER, L. C. The zoological exploration of Southern Africa, 1650-1790. Roterdã: A. A. Balkema, 1989.

RIBEIRO, Aileen. Turquerie: turkish dress and English fashion in the Eighteenth century. Revue Connoisseur, maio de 1979.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Cia. Das Le-tras, 2007. logo de Exposição. Nova York: Metropolitan Museum of Art (MET), 1994.

Downloads

Publicado

2021-09-08

Como Citar

GOEBEL, Felipe. À l’Orient: fantasia e idelização oriental na Paris de 1780. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 5, n. 3, p. 107–127, 2021. DOI: 10.5965/25944630532021107. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/ensinarmode/article/view/20137. Acesso em: 24 nov. 2024.