À l'Orient: fantasia e idelização oriental na Paris de 1780
DOI:
https://doi.org/10.5965/25944630532021107Palavras-chave:
História da moda, Século XVIII, OrientalismoResumo
O presente artigo analisa o surgimento de tendências de moda na década de 1780 em Paris, cujas autoproclamadas referências e inspirações vinham do Oriente. Mais fantasia e idealização do que os franceses concebiam como oriental, tais tendências tinham pouco ou nenhuma conexão com o que era de fato utilizado pelas populações das diversas localidades e regiões às quais se referiam, fossem da Circássia, da Turquia, da China, do Sião, da Cochinchina ou da Índia. Para tal, examinamos os escritos e as ilustrações das revistas Cabinet des modes e Magasin des modes nouvelles, junto com reportagens contidas em jornais e anedotários do período e com memórias de alguns indivíduos célebres do século XVIII francês. Não encaramos tais tendências como representações de uma suposta “realidade” de vestimenta e de indumentária, mas sim como objetos que expõem uma intrincada rede de intercâmbio social entre o setor da moda que se consolidava em Paris, eventos político-diplomáticos e noções de exótico, de sensual e de incomum. A conclusão do estudo é que as tendências “orientalistas” demonstram a capacidade do setor da moda parisiense de assimilar demandas da atualidade e elementos culturais variados ao seu funcionamento. Mais do que isso, essas tendências enfatizam a capacidade de usar e dispor de referências culturais, manipulá-las para os gostos e necessidades europeus, transformá-las em algo completamente novo e que tinha muito pouca, ou nenhuma, semelhança com a inspiração original e com a realidade, ainda que fossem amplamente divulgadas, vendidas e consumidas como relacionado a elas.
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