No fundo da mata virgem: a complexidade de um elemento mítico no imaginário ocidental sobre a natureza

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5965/2175180302022010135

Mots-clés :

mito, representação, natureza

Résumé

A mata virgem é um elemento recorrente no imaginário social brasileiro. Embora já se tenha provado o equívoco de se considerar areas florestais “virgens”, a ação humana, mesmo que indireta, deixou marcas por todo o planeta. Este ensaio procura, justamente, compreender os motivos da persistência da expressão mata virgem em nosso imaginário. Postula-se que mata virgem é parte de um mito moderno sobre a natureza; é um “mal-entendido” pertencente a uma cultura etnocêntrica; é uma ideologia justificadora da dominação ocidental; é uma representação apropriada e reelaborada em diferentes configurações sociais; é um elemento de longa duração, ancorado na disjunção da natureza e da cultura, que faz parte da visão de mundo hegemônica no Ocidente.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Ely Bergo de Carvalho, Universidade Federal de Mato Grosso

Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Maringá (1999), mestrado (2004) e doutorado(2008) em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuibá, onde orienta no Programa de Pós-graduação em História nos seguintes temas: História Ambiental; imaginário sobre a natureza; conflitos por apropriação de recursos naturais; movimentos sociais; migrações; identidades e transculturação no Brasil moderno.

Références

ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Tradução Eli Lino de Jesus, Patrícia Vaz. Guaíba: Agropecuária, 2002.

BALÉE, W. Advances in Historical Ecology. New York: Columbia University Press, 1998.

_______. Diversidade amazônica e a escala humana do tempo. In: SIMPÓSIO DE ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA DA REGIÃO SUL, 1., 2003, Florianópolis. Anais. Florianópolis: UFSC, 2003. p. 14-28.

BAUMAN, Z. Modernidade e ambivalência. Tradução Marcus Penchel. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1999.

BERKES, F. Sistemas sociais, sistemas ecológicos e direitos de apropriação de recursos naturais. In: VIEIRA, P. F.; BERKES, F.; SEIXAS, C. S., Gestão integrada e participativa de recursos naturais: conceitos, métodos e experiências. Florianópolis: Secco/APED, 2005. p. 47-72.

BERNARDES, L. M. C.. O problema das “frentes pioneiras” no Estado do Paraná. Revista Brasileira de Geografia. v. 15, n. 3, jul./set. 1953. p. 3-52.

BRÜSEKE, Fraz Josef. A técnica e os riscos da modernidade. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001. BURKE, P. Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

CARVALHO, E. B. A Modernização do Sertão: Terras, Florestas, Estado e Lavradores na Colonização de Campo Mourão, Paraná, 1939-1964. 2008. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina – USFC. Florianópolis.

CARVALHO, E. B. de; NODARI, E. S. A Percepção na transformação da paisagem: os agricultores no desflorestamento de Engenheiro Beltrão – Paraná, 1948-1970. História, São Paulo, v. 26, n. 2, 2007. p. 269-287.

CORRÊA, D. S. Descrições de paisagens – construindo vazios humanos e territórios indígenas na capitania de São Paulo ao final do século XVIII. Varia História, Belo Horizonte, v. 24, n. 39, 2008. p. 135-152.

COSTA, K. S. Intervenções humanas na natureza amazônia (século XVII ao XIX). Ciencia & Ambiente, Santa Maria, v. 1, n. 1. 1990. p. 81-96, jul.

DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. 2. ed. São Paulo: HUCITET, 1998.

ELIAS, N. Os Alemães: A luta pelo poder e a evolução do habitus no século XIX e XX. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1997.

FERREIRA, L. da C. Dimensões Humanas da Biodiversidade: Conflitos em torno de Áreas Protegidas no Brasil. Disponível em: <http://www.chf.ufsc.br/~ppgsp>. Acesso em: 26 mar. 2003.

GINZBURG, C. História Noturna: Decifrando o sabá. São Paulo: Companhia das Letas, 1991. GRÜN, M. Ética e Educação Ambiental: A conexão necessária. 3. ed. Campinas: Papirus, 1996.

HOLANDA, S. B. de. Visão do Paraíso:Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1996.

KALAMPALIKIS, N. Mitos e representações sociais. In: PAREDES, E. C.; JODELET, D. (Orgs.). Pensamento mítico e representações sociais. Cuiabá: EdUFMT, 2009. p. 85-122.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1982.

LEFF, E. Construindo a História Ambiental da América Latina. Tradução de Ely Bergo de Carvalho. Esboços, Florianópolis, n. 1, v. 13, 2005. p. 11-30.

MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, Curitiba: Secretaria da Cultura e do Esporte do governo do Estado do Paraná, 1981.

MONBEING, P. Pioneiros e Fazendeiros de São Paulo. Tradução de Ary França e Raul de Andrade e Silva. São Paulo: HUCITEC, 1984.

MORAN, E. F. Adaptabilidade Humana: uma introdução à antropologia ecológica. São Paulo: Edusp, 1994.

MORIN, E. Ciência com Consciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

MORIN, E. O método III: O conhecimento do conhecimento/1. 2. ed. Portugal: Edições Europa-América, 1996.

MORIN, E.; KERN, A. B. Terra-Pátria. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: Sulina, 2005.

MOSCOVICI, S. Apresentação. In: PAREDES, E. C.; JODELET, D. (Orgs.). Pensamento mítico e representações sociais. Cuiabá: EdUFMT, 2009. p. 11-21.

MOTA, L. T. As Guerras dos Índios Kaingang: A História épica dos índios Kaingang no Paraná. Maringá: EDUEM, 1994.

NOVO Aurélio Século XXI. [S.l.]: Ed. Nova Fronteira, 200?. 1 CD-ROM. Versão 3.0.

PRIGOGINE, I.; STENGERS, I. A nova aliança: metamorfose da ciência. 3. ed. Brasília: Editora UnB, 1997.

RIBEIRO, R. F. Sertão, lugar deserto: o Cerrado na cultura de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

SAHLINS, M. História e Cultura: Apologias a Tucídides. Tradução de Maria Lucia de Oliveira. São Paulo: J. Zahar, 2006.

SAID, E. W. Cultura e Imperialismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. Porto (Portugal): Afrontamento, 1995.

SCHAMA, S. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

SILVA, F. C. T. da. História das paisagens. In: CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. (Orgs.). Domínios da História: Ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 203-216.

THOMAS, K. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais, 1500-1800. Tradução de João Roberto Martins Filho, São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

TOMAZI, N. D. Construções e silêncios sobre a (re)ocupação da região norte do estado do Paraná. In: DIVAS, R. B.; GONÇALVES, J. H. R. (Orgs.). Maringá e o Norte do Paraná: estudos de história regional. Maringá: EDUEM, 1999. p. 51-86.

Téléchargements

Publiée

2010-12-09

Comment citer

CARVALHO, Ely Bergo de. No fundo da mata virgem: a complexidade de um elemento mítico no imaginário ocidental sobre a natureza. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 2, n. 2, p. 135–153, 2010. DOI: 10.5965/2175180302022010135. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2039. Acesso em: 21 nov. 2024.