Escritas aprisionadas: fontes (im)possíveis para a História do Tempo Presente
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180316432024e0109Palavras-chave:
escritos de presos, história do tempo presente, história públicaResumo
Este artigo trata de produções escritas por prisioneiros comuns no século XX. A análise pretende analisar uma dimensão frequentemente negligenciada da história carcerária, e que pode oferecer uma visão interna importante sobre as experiências e dinâmicas do ambiente prisional. A primeira parte do texto procura identificar e contextualizar esses escritos, suas peculiaridades, possibilidades e limites, dialogando com diferentes autores. A análise perpassa disputas pela memória que se entrelaçam à dicotomia binária “presos políticos” e “presos comuns”. Por fim, o artigo explora como a pesquisa, a partir dessas fontes, pode ter desdobramentos voltados a um público mais amplo, refletindo sobre a criação de podcasts. Quais as intenções e possibilidades que possibilitam a criação de um produto que visa ampliar de audiências no campo da história? A prisão, como um problema social do tempo presente, é abordada aqui pelo prisma das experiências vividas e frequentemente silenciadas dos prisioneiros comuns, tornando-as o foco central da análise. Ao estudar as produções escritas dos detentos, pretende-se revelar a subjetividade e a agência dos indivíduos encarcerados, proporcionando uma perspectiva valiosa sobre a vida na prisão e as práticas institucionais.
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