Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa

Auteurs

  • Joseania Miranda Freitas UFBA

DOI :

https://doi.org/10.5965/1984724620442019056

Résumé

O ensino e a prática museal no campo da arte decorativa estiveram, durante muito tempo, aliados aos modos de pensar colonial e imperial, privilegiando concepções artísticas europeias, sacralizando objetos advindos das elites enriquecidas pelo trabalho escravo. Este texto apresenta reflexões de quase duas décadas de docência na área de arte decorativa para o curso de graduação em Museologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O tema da escravidão de povos africanos tem sido tabu para os museus, ficando tais discussões reservadas àqueles específicos (etnográficos e históricos), omitindo-se, dessa forma, que a formação econômica dos países colonizados e suas metrópoles se deu através dessa força de trabalho. O caminho metodológico para enfrentar esse tabu tem sido o de descolonizar o olhar em arte decorativa, o que implica suscitar uma tomada de posição crítica frente aos acervos hegemonicamente estabelecidos, ainda ancorados na chegada, conquista e estabelecimento dos europeus nas Américas como marco fundante de processos civilizatórios. O termo colonial não se aplica exclusivamente aos processos de governança, mas ao campo epistemológico, à manutenção do conhecimento eurocentrado. A docência nessa área é desafiadora, pois está atrelada aos acervos, resultantes da permanência de padrões e gostos coloniais-eurocentrados, não somente no campo artístico, mas também no campo das mentalidades.

Palavras-chave: Escravidão. Museus de arte decorativa. Descolonização do olhar.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Joseania Miranda Freitas, UFBA

Professora do curso de Museologia da UFBA, graduação e pós-graduação.

Téléchargements

Publiée

2020-03-13

Comment citer

FREITAS, Joseania Miranda. Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa. PerCursos, Florianópolis, v. 20, n. 44, p. 56–76, 2020. DOI: 10.5965/1984724620442019056. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724620442019056. Acesso em: 23 nov. 2024.