Livro de artista: tatear modos de fazer livro reparando memórias coletivas
DOI :
https://doi.org/10.5965/2175234615372023e0006Mots-clés :
livro de artista, práticas descoloniais, ninharia, Editora BemvindaRésumé
Este artigo tem por objetivo aproximar a feitura de livro de artista de práticas descoloniais. Para isso, contamos a história do nascimento do livro de artista ninharia e da editora bemvinda. A partir da transmissão dessa experiência, entendemos que tanto a escritura como o livro possuem uma herança colonial - a de quem pode escrever e publicar. Reivindicamos, no entanto, uma perspectiva ch’ixi, conforme elaborada pr Silvia Rivera Cusicanqui, como metodologia de abordagem do livro de artista. O ch’ixi é a cor cinza na tecelagem andina formado por listras brancas e pretas que não se misturam. Numa cultura fundada no princípio da mestiçagem como a nossa, afirmar o ch’ixi é afirmar a contradição e a constante presença da alteridade na identidade e nas formas hegemônicas. Nossa hipótese é a de que o livro de artista pode ser um objeto no qual as palavras e as formas de expressão atuem como práticas descoloniais. Nesse sentido, a publicação independente pode assumir uma posição política e ética, usando os termos de Antônio Bispo, na guerra das denominações, criando imagens, simbólicos, imaginários e desejos que confluam no cuidado da vida.
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