Artes de resistir ao plantationoceno: reflexões sobre uma estética do axé

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175234614342022078

Palavras-chave:

Ontologia da Arte, Arte africana, Plantation, Axé, Pluralidade

Resumo

Esta pesquisa parte de reflexões sobre a Plantation enquanto figura paradigmática e conceitual para pensar a redução da pluralidade ontológica das expressões artísticas na modernidade. Implantada durante o regime colonial europeu, a figura da Plantation no novo mundo modificou as formas de pensar, ver, cultivar e tecer relações, por esse motivo, uma série de pesquisadores nas ciências humanas nomearam esse novo regime de Plantationoceno. Partindo dessas investigações e utilizando a criação da categoria “arte africana” nesse período, será investigado, através de uma revisão bibliográfica, como a Plantation modifica conceitualmente as relações do fazer artístico. Como contraponto e possibilidade de resistência, é defendido olhares localizados e endógenos sobre produções artísticas e estéticas, em que é apresentado como exemplo e possibilidade a estética do axé em suas imbricações com as artes iorubás e a produção mundial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mateus Raynner André de Souza, University of Brasília

Bacharel em Teoria, Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente cursa, nessa mesma instituição, Licenciatura em Artes Visuais e Mestrado no Programa de Pós-graduação em Metafísica na linha de pesquisa de Ontologias Contemporâneas, atuando junto ao projeto de pesquisa Biopolítica e Bioética. Foi bolsista de Iniciação Científica (ProIC) e atuou no grupo de pesquisa Narrativas da pele: identidades e autorreferências na produção imagética (2015-2017). Possui experiência em mediação cultural, tendo atuado em diversos espaços culturais do Distrito Federal. Como extensionista, participou como bolsista de projetos ligados à Educação Museal, Comunicação Comunitária e Mediação Cultural. Se interessa pelas filosofias das artes, pelas manifestações da cultura afro-brasileira e pelo pensamento africano e afro-brasileiro em suas intersecções.

Referências

ABIODUN, Rowland. Understanding Yoruba Art and Aesthetics: The Concept of Asè. African Arts, v. 27, n. 3, p. 68-103, 1994. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3337203?origin=crossref. Acesso em: 18 jan. 2022.

ABIODUN, Rowland. Yoruba Art and Language: Seeking the African in African Art. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

AGAMBEN, Giorgio. Entrevista realizada por Flávia Costa. Revista do Departamento de Psicologia ‒ UFF, v. 18, n. 1, p. 131-136, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-80232006000100011&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 maio 2020.

AGAMBEN, Giorgio. Signatura Rerum: Sobre o método. São Paulo: Boitempo, 2019.

BIDIMA, Jean-Godefroy. L‘Art Négro-Africain. Paris: PUF, 1997.

BOURRIAUD, Nicolas. Inclusions: Esthétique du capitalocène. Paris: PUF, 2021.

BUTLER, Judith. Em perigo/perigoso: racismo esquemático e paranoia branca. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 46, e460100302, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022020000100851&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 maio 2020.

DANTO, Arthur. Artifact and Art. In: VOGEL, Susan. Art/Artifact. New York: The Centre for African Art, 1988. p. 18-32.

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

GLISSANT, Édouard. Espaço fechado, palavra aberta. Estud. av., São Paulo, v. 3, n. 7, p. 159-169, dez., 1989. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141989000300009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 maio 2021.

GLISSANT, Édouard. Poétique de la Relation. Paris: Gallimard, 1990.

HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. ClimaCom, ano 3, n. 5, 2016a, p. 139-148. Disponível em: https://goo.gl/k1ArGV. Acesso em: 15 de maio 2021.

HARAWAY, Donna. Tentacular Thinking: Anthropocene, Capitalocene, Chthulucene. e-flux, n. 75, s/p, 2016b. Disponível em:https://www.e-flux.com/journal/75/67125/tentacular-thinking-anthropocene-capitalocene-chthulucene/. Acesso em: 03 maio 2021.

HARAWAY, Donna; ISHIKAWA, Noboru; GILBERT, Scott F.; TSING, Anna; BUBANDT, Nils. Anthropologists are talking – about the Anthropocene. Ethnos, v. 81, n. 3, p. 535-564, 2016. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00141844.2015.1105838. Acesso em: 31 maio 2021.

MBEMBE, Achille. Brutalisme. Paris: Éditions La Découverte, 2020. [ebook].

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1 edições, 2018.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, PPGAV, EBA, UFRJ, n.32, dez. 2016. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993. Acesso em 20 maio 2020.

MIRZOEFF, Nicholas. O direito a olhar. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 18, n. 4, p. 745-768, nov. 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8646472/14496. Acesso em: 08 maio 2021.

MIRZOEFF, Nicholas. The Right to Look: A Counterhistory of Visuality. Durham: Duke University Press, 2011.

MUDIMBE, Valetim-Yves. A invenção de África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Petrópolis: Editora Vozes, 2019.

MUDIMBE, Valetim-Yves. From “primitive art” to “memoriae loci”. In: Human Studies 16, p. 101-110, 1993.

NZEGWU, Nkiru. African Art in Deep Time: De-race-ing Aesthetics and De-racilizing Visual Art. Journal of Aesthetics and Art Criticism, (JAAC), Race and Aesthetics 77, 4, 2019. p. 367-378. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jaac.12674. Acesso em 22 mar. 2020.

NZEGWU, Nkiru. Àṣẹ Aesthetics. In: ALA Lecture Series: Nkiru Nzegwu - "Àṣẹ Aesthetics", African Literature Association, 25 set. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=v6NAVTlnyMw&t. Acesso em 20 jan. 2021.

NZEGWU, Nkiru. Ọkụ Extenders: Women, Sacrality, and Transformative Art. Polylog: Journal for Intercultural Philosophy, p. 35 -54, ago. 2020. Disponível em: https://www.polylog.net/fileadmin/docs/polylog/43/thema_Nzegwu.pdf. Acesso em 20 mar. 2022.

NZEGWU, Nkiru. Encounters in Aesthetic Appreciation. Tese (Doutorado em Filosofia) – University of Ottawa, Ottawa, Ontario, 1989.

NZEGWU, Nkiru. The africanized queen: metonymic site of transformation. African Studies Quarterly, V.1, Issue 4, p. 47-56, 1998. Disponível em: http://asq.africa.ufl.edu/files/Vol-1-Issue-4-Nzegwu.pdf. Acesso em 20 mar. 2022.

NZEGWU, Nkiru. When the paradigm shifts, African appears: reconceptualizing Yoruba art in space and time. Journal of Art Histography, n. 19, dez. 2018. Disponível em: https://arthistoriography.files.wordpress.com/2018/08/nzegwu-review1.pdf. Acesso em 20 mar. 2022.

STENGERS, Isabelle. Estamos divididos. N-1, s/p, 2021. Disponível em: https://www.n-1edicoes.org/estamos-divididos. Acesso em: 08 mai. 2021.

TSING, Anna. Margens indomáveis: cogumelos como espécies companheiras. Ilha: Revista de Antropologia, v. 17, n. 1, p. 177-201, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/2175-8034.2015v17n1p177. Acesso em: 08 maio 2021.

TSING, Anna. Viver em Ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019.

Downloads

Publicado

2022-09-01

Como Citar

SOUZA, Mateus Raynner André de. Artes de resistir ao plantationoceno: reflexões sobre uma estética do axé. Palíndromo, Florianópolis, v. 14, n. 34, p. 78–99, 2022. DOI: 10.5965/2175234614342022078. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/22063. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos Seção temática