“Na luta é que a gente se encontra”: reflexões sobre a greve da educação pública federal de 2012

Autores

  • Eblin Farage UFF
  • Kátia Lima UFF

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984723823522022011

Palavras-chave:

intensificação e precarização do trabalho docente, greve da educação pública federal, contrarreforma da educação superior

Resumo

O artigo tem como objetivo apresentar um conjunto de reflexões sobre uma das greves mais potentes da educação pública federal realizada no ano de 2012. Fundamentado nos estudos de pesquisadores vinculados à tradição marxista, o texto analisa como a burguesia brasileira respondeu à crise estrutural do capitalismo e aos seus rebatimentos no Brasil, um país marcado por sua inserção capitalista dependente na economia mundial, pela realização da contrarreforma do Estado e da educação superior que consubstanciaram novas faces do histórico dilema educacional brasileiro. A partir do exame de documentos elaborados pelo movimento grevista, considera a greve como uma resposta política ao processo de refuncionalização das universidades federais realizado pela desestruturação da carreira do magistério federal e pela intensificação e precarização das condições de trabalho docente nas instituições federais de ensino, conduzidas, no referido período, pelos governos petistas. Por fim, indica o saldo organizativo decorrente do movimento grevista, evidenciando a importância da organização classista e combativa do movimento docente com o protagonismo do ANDES/Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

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Publicado

2022-08-19

Como Citar

FARAGE, Eblin; LIMA, Kátia. “Na luta é que a gente se encontra”: reflexões sobre a greve da educação pública federal de 2012. Revista Linhas, Florianópolis, v. 23, n. 52, p. 11–45, 2022. DOI: 10.5965/1984723823522022011. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/22490. Acesso em: 25 dez. 2024.