Reflexões sobre as vestimentas das trabalhadoras populares de Belém, na primeira metade do século XX, a partir das pinturas de Carlos de Azevedo, Antonieta Feio e Andrelino Cotta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/25944630632022e2292

Palavras-chave:

Mulheres Trabalhadoras, Vestimentas, Adornos

Resumo

O presente artigo procura refletir sobre os modos de vestir e de adornar das mulheres trabalhadoras que circulavam pelas ruas de Belém durante o século XX, utilizando como suporte reproduções de obras pictóricas, dos artistas paraenses Carlos de Azevedo, Antonieta Santos Feio e Andrelino Cotta. As reproduções configuram nas bases das análises das especificidades de tais modos, as quais são cruzadas com fontes textuais provenientes de livros e artigos científicos. São tratados os temas do uso de imagens nas pesquisas de História da Moda e da Indumentária, moda decolonial, a apresentação do locus amazônico, um breve panorama do trabalho feminino no século XX em Belém do Pará, seguido das análises das práticas vestimentares das trabalhadoras amazônicas, a partir das categorias das lavadeiras, das quitandeiras e das vendedoras ambulantes, e, por fim, das meretrizes. É importante ressaltar que mesmo diante das privações, essas mulheres materializavam, em suas vestimentas e adornos corporais, os signos sociais de suas profissões, demonstrando que a preocupação com a aparência também esteve presente em todas as camadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amanda Gatinho Teixeira, Universidade Federal do Goiás (UFG)

Graduada em Artes (UFPA), especialista em Design (IESAM), mestre em Antropologia (UFPA) e doutoranda em Artes e Cultura Visual (UFG). Lattes: http://lattes.cnpq.br/0991487149859516. E-mail: agteixeira10@gmail.com.

Referências

AFFONSO, João. Três séculos de modas. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1976.

ALBERT, Bruce; KOPENAWA, Davi. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ALLUM, Nicholas. C.; BAUER, Martin. W.; GASKELL, George. Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento; evitando confusões. In: BAUER, Martin. W.; GASKELL, George. (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2002. pp.17-36.

ALMEIDA, Conceição Maria Rocha de. As águas e a cidade de Belém do Pará: história, natureza e cultura material no século XIX. 2010. Tese (Doutorado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

ANDRADE, Rita Morais de. O vestuário como assunto: um ensaio. In: ANDRADE, Rita Morais de.; CABRAL, Alliny Maia; DI CALAÇA, Indyanelle Marçal Garcia. (Orgs.). O vestuário como assunto: perspectivas de pesquisa a partir de artefatos e imagens. Goiânia: Cegraf UFG, 2021, pp.16-31.

BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2004.

CANCELA, Cristina Donza. Adoráveis e dissimuladas: as relações amorosas das mulheres das camadas populares na Belém do final do século XIX e início do XX. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Estatual de Campinas, Campinas, 1997.

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia da Alimentação no Brasil. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos, 1977.

DIAS, Douglas da Cunha. Quem te margeia conta de ti: educação do corpo na Belém do Grão-Pará (de 1855 à década de 1920). Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estatual de Campinas, Campinas, 2014.

FERNANDES, Caroline. O moderno em aberto: o mundo das artes em Belém do Pará e a pintura de Antonieta Santos Feio. Belém: IAP, 2013.

FERNANDES, Caroline. História de vendedoras: arte e visualidade no Brasil. Anais do XIII Encontro de História ANPUH: Identidades, Rio de Janeiro, agosto 2008. Disponível em: http://encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1214367255_ARQUIVO_Historiadevendedoras-CarolineFernandes.pdf. Acesso em: 16 jul. 2001.

FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. Museu de Arte de Belém (Pará). Janelas do Passado, espelhos do presente: Belém do Pará, arte, imagem e história – Curadoria. Belém: Prefeitura Municipal de Belém-FUMBEL, 2011.

IMADA, Heloísa Leite. Moda: desfile literário. Campinas: Unicamp /IEL/Setor de Publicações, 2019.

JANSEN, Maria Angela. Fashion and Phantasmagoria of Modernity: na introduction to decolonial fashion discourse. Fashion Theory, p.815-836, 2020.

LODY, Raul. Jóias de Axé: fios de contas e outros adornos do corpo; a joalheria afro-brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

MACÊDO. Sidiana da Consolação Ferreira de. A cozinha mestiça. Uma história da alimentação em Belém. (Fins do século XIX e meados do século XX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2016.

MIGNOLO, Walter. Desafios Decoloniais Hoje. Epistemologias do Sul, v. 1, n. 1, 2017, p. 12-37.

PAES, Francisco Augusto Lima. Vestígios do sagrado: a obra de arte como possibilidade de mediação entre religião e cultura na pintura de Antonieta Santos Feio. Revista Eletrônica Correlatio, São Paulo, v. 6, n.2, p.123- 150, dez. 2016.

PANTOJA, Letícia Souto. Trilhos, veios e caminhos da cotidianeidade das camadas populares de Belém: 1918-1939. Tese (Doutorado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.

RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. As imagens da moda e a moda das imagens. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [s. l.], v. 2, n. 4, p. 76–83, 2008. Disponível em: 10.26563/dobras.v2i4.337. Acesso em: 16 fev. 2019.

ROBERT, Pascale de; VELTHEM, Lucia Van. A hora do tacacá: consumo e valorização de alimentos tradicionais amazônicos em um centro urbano (Belém – Pará). Anthropology of food, 2009. Disponível em: https://journals.openedition.org/aof/6466. Acesso em: 2 ago. 2021.

RODRIGUES, Venize Nazaré Ramos. Cidade e Trabalho: Belém em múltiplas vozes. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH, São Paulo, julho 2011. Disponível em:

http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300936401_ARQUIVO_CIDADEETRABALHO(TEXTOcOMPLETO).pdf. Acesso em: 16 jul. 2001.

SANTOS, Heloisa Helena de Oliveira. Uma análise teórico-política decolonial sobre o conceito de moda e seus usos. ModaPalavra, Florianópolis, v. 13, n. 28, p. 164–190, abr./jun. 2020.

SARGES, Maria de Nazaré. Belém: riquezas produzindo a Belle Époque (1870-1912). Belém: Paka-Tatu, 2010.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lendo e agenciando imagens: o rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v.4, n.2, p. 391-431, dez. 2014.

SILVA, Emanuela Francisca Ferreira. Estampa chita e cesura: Linguagem não-verbal e suas diversas interfaces comunicacionais. Revista Encontros de Vista, v.5, n.1, p. 96-107, 2010.

TEIXEIRA, Amanda Gatinho. No estúdio fotográfico de Fidanza: a construção da imagem das mulheres escravizadas na cidade de Belém (1869-1875). dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [s. l.], v. 15, n. 30, p. 157–180, 2020.

TEIXEIRA, Amanda Gatinho. Entre Tecidos e Adornos: a moda das mulheres das camadas populares na Belém da Belle Époque (1870-1912). Gênero na Amazônia, Belém, n. 13, jan./jun.,2018.

TOMÉ, Aline Viana. A tradição da pintura pitoresca na obra de Eliseu Visconti (1866-1944): as lavadeiras e seus varais. Temporalidades: Revista de História, Belo Horizonte, edição 22, v. 8, n. 3, p.228-264, set./ dez. 2016.

TORTORA, Phyllis (Ed.). Berg Encyclopedia of World Dress and Fashion: Global Perspectives. New York: Oxford University Press, 2010, p. 159-170.

TRINDADE, José Ronaldo. Mulheres de má vida: meretrizes, infiéis e desordeiras em Belém (1890-1905). In: ÁLVARES, M. L. M; D’INCAO, M.A. A mulher existe? Uma contribuição ao estudo da mulher e gênero na Amazônia. Belém: GEPEM, 1995, p. 41-48.

Downloads

Publicado

2022-10-01

Como Citar

TEIXEIRA, Amanda Gatinho. Reflexões sobre as vestimentas das trabalhadoras populares de Belém, na primeira metade do século XX, a partir das pinturas de Carlos de Azevedo, Antonieta Feio e Andrelino Cotta. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 6, n. 3, p. 1–19, 2022. DOI: 10.5965/25944630632022e2292. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/ensinarmode/article/view/22292. Acesso em: 10 dez. 2024.