Projeto Terra Doce – o saber vicejante e o fruto encantado
Palavras-chave:
Arte, Natureza, Ciência Popular, Trocas Interculturais, Espaços Comunitários,Resumo
O artigo apresenta perspectivas da arte pública relacional em obra constituída de experiências compartilhadas entre artistas pesquisadores e moradores da comunidade Mangueira, Rio de Janeiro, em torno de um trabalho comum, o projeto Terra Doce. Reflete-se sobre seus aspectos estéticos e éticos no enfrentamento da condição macropolítica da cidade, metrópole subjugada pela violência e mantida sob o signo da espetacularização exótica. O processo em pesquisa-ação se consolidou na produção do espaço de lazer Jardim da Tia Neuma, nascido no esforço de limpeza de um depósito de lixo, quando escadarias da Rua Icaraí e seus canteiros serviram para uma “ocupação” de artistas e educadores. A presença de sujeitos de dentro e fora da comunidade, em troca ativa, desdobrou-se em delicadas partilhas. Destaca-se a mostra Acervo, constituída a partir de objetos que, recolhidos no capinar e arar a terra, revelaram memórias perdidas. A partir das formas e materialidades encontradas, desenvolve-se um arquivo das memórias e narrativas correlatas, como as que explicam o furto de plantas como forma de vivência encantada. Conclui-se ao pensar a arte em sua forma instável, ressignificada pelo distanciamento da fixidez crítica e formal, disposta na produção vívida e reverberante da esfera pública.
Downloads
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do Mundo. São Paulo: Editora Mediafashion, 2008.
BACHELARD, Gaston. A Água e os Sonhos – ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes Editora, 1998.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São Paulo: Martins Fontes Editora, 2009.
CAMPOS, Andrelino. Do Quilombo à favela – a produção do espaço criminalizado no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Editora, 2007.
CAUQUELIN, Anne. A Invenção da Paisagem. São Paulo: Martins Fontes Editora, 2007.
DERRIDA, Jacques; ROUDINESCO, Elisabeth. De que amanhã… Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2004.
PENONE Apud DIDI-HUBERMAN, Georges. Ser Crânio - lugar, contato, pensamento, escultura. Belo Horizonte: Editora C/ Arte, 2009.
FERREIRA, Felipe. Inventando carnavais: o surgimento do carnaval carioca no século XIX e outras questões carnavalescas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
FRADE, Isabela. Acervo: experiências afetivas e materialidades do lugar. In: XXII Encontro da Associação de Pesquisadores em Artes Plásticas. Anais: Ecossistemas Estéticos. Belém: Universidade Federal do Pará, 2013, p.3051 - 3065.
GLOCKNER, Julio. La Mirada Interior. México D.F.: Penguin House, 2016.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989.
HEIDEGGER, Martin. Construir, Habitar, Pensar. [Bauen, Wohnen, Denken] Trad. de Marcia Sá Cavalcante Schuback (1951) conferência pronunciada por ocasião da "Segunda Reunião de Darmastad", publicada em Vortäge und Aufsätze, G. Neske, Pfullingen, 1954.
MAUSS. Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
MATURANA, H. e VERDEN-ZOLLER, G. Amar e Brincar – fundamentos esquecidos do humano. São Paulo: Palas Athenas, 2004.
CAMPOS, A. Do Quilombo à Favela - a produção do espaço criminalizado no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Isabela Nascimento Frade
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A Revista Educação Artes e Inclusão é um periódico que segue a Política de Acesso Livre. Os artigos publicados pela revista são de uso gratuito, destinados a aplicações educacionais e não comerciais. Os artigos cujos autores são identificados representam a expressão do ponto de vista de seus autores e não a posição oficial da Revista Educação, Artes e Inclusão [REAI].
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
(a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
(b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
(c) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos artigos e resenhas publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project.
Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.