A história sem presente e o ensino sem futuro: representação do tempo no ensino de História pelos alunos da Educação Básica

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DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180313332021e0109

Resumo

Este artigo analisa como um conjunto de alunos e alunas do 9º Ano da Educação Básica de uma escola pública representa o tempo na história ensinada em sala de aula. Como procedimento metodológico para atingir esse objetivo foi aplicado um questionário durante as atividades realizadas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na Faculdade de História (Fahist) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), pelo qual os estudantes puderam registrar um conjunto de informações sobre o ensino de História, em especial no que se refere às suas relações com a compreensão de tempo. A partir dos registros produzidos pelos alunos/as, percebeu-se que a história ensinada se relaciona predominantemente ao passado, praticamente sem vínculo ou relação com o presente e sem conexões com projeções de futuro.

Palavras-chave: História; ensino; tempo; educação básica.

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Biografia do Autor

Erinaldo Vicente Cavalcanti, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

Diretor da Associação Brasileira de História Oral - Regional Norte (Biênio 2018/2020). Licenciado em História pela Universidade de Pernambuco, Mestre e Doutor pela Linha de Pesquisa Cultura e Memória do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, com Estágio Doutoral (PDSE/Capes) pela Universidad General San Martin em Buenos Aires, Argentina. É autor dos Livros Didáticos: "Pernambuco de Muitas Histórias: História do Estado de Pernambuco" (2012), e "História e Geografia de Pernambuco" (2015) publicados pela Editora Moderna. Também é autor de "Relatos do Medo: a ameaça comunista em Pernambuco - Garanhuns 1958-1964, (EdUFPE, 2012), e autor e organizador de "A história e suas práticas de escritas: relatos de pesquisa", (EdUFPE, 2013), "A história e suas práticas de escritas: narrativas e documentos" (EdUFPE, 2014); "A história e suas práticas de escritas: leituras do tempo, (EdUFPE, 2016), "História: demandas e desafios do tempo presente - produção acadêmica, ensino de história e formação docente" pela EdUFMA (2018) e "Ditadura militar no Brasil: entre práticas e representações" pelas editoras FGV e EdUFPE (2017). Coordena o laboratório e grupo de pesquisa Interpretação do Tempo: ensino, memória, narrativa e política (iTemnpo - CNPq/Unifesspa), atua principalmente nos seguintes temas: Teoria; Ditadura Militar; Ensino de História, Livro Didático e Formação Docente. É Diretor de Pós-Graduação da Unifesspa e também é membro do Comitê Gestor Institucional de Formação Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica - COMFOR, é parecerista de revistas especializadas como a Revista História Hoje (ANPUH-Brasil). É professor e coordenador do PPGHIST/Unifesspa (Mestrado Acadêmico).

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Publicado

2021-08-31

Como Citar

CAVALCANTI, Erinaldo Vicente. A história sem presente e o ensino sem futuro: representação do tempo no ensino de História pelos alunos da Educação Básica. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 33, p. e0109, 2021. DOI: 10.5965/2175180313332021e0109. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180313332021e0109. Acesso em: 29 mar. 2024.