Uma leitura da urbanização recente da cidade de Luanda a partir da teoria dos dois circuitos da economia urbana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724623512022167

Palavras-chave:

Luanda, urbanização, circuitos da economia urbana, desigualdades socio-espaciais

Resumo

Este artigo sobre a urbanização de Luanda, capital de Angola, configura-se como um ensaio que objetivou analisar e produzir uma leitura sobre as principais metamorfoses ocorridas na região metropolitana como um todo e suas especificidades. Para a sua materialização, utilizou-se como suporte teórico-metodológico a teoria dos dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos proposto por Milton Santos em 1979 na sua obra “O Espaço Dividido”. Percebeu-se com o estudo que, a sociedade angolana está marcada por profundas desigualdades socio-espaciais, sobretudo nos espaços urbanos. A cidade de Luanda é a personificação dessas desigualdades que se traduzem na existência, por um lado, de um reduzido espaço central “a cidade formal”, constituído pelo núcleo urbano antigo “modernizado” (a Baixa da Cidade) com a centralização da oferta de bens e serviços e com predomínio das atividades do circuito superior da economia urbana e, por outro lado, está a extensa periferia (a cidade informal dominada pelos musseques), com reduzida oferta de bens e serviços e onde prevalecem as atividades do circuito inferior da economia urbana. Apesar de existir uma estratégia nacional de fomento à habitação (que resultou no surgimento de novas urbanizações, centralidades e habitações sociais), orientada a desencorajar as práticas de ocupação ilegal de terrenos e favorecer o crescimento urbano ordenado, o fato é que se observa ainda a expansão contínua da mancha urbana alimentada pela informalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luiekakio Afonso, Universidade Agostinho Neto – UAN, Luanda – Angola

Doutor em Geografia Humana pela Universidade Complutense – UCM,  Madrid-Espanha. Professor, Vice-Decano para os Assuntos Académicos da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto – UAN, Luanda – Angola.

Referências

AFONSO, Luiekakio. Población, território y educación en Angola. Madrid: UCM, 2004.

ALVES, Cristiano Nunes; ANTIPÓN, Livia Cangiano. O continente africano e o futuro das regiões periféricas no período da globalização. Ciência Geográfica, Bauru, v. XXIV, n. 1, p. 219-233, jan./dez. 2020. Disponível em: https://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXXIV_1/agb_xxiv_1_web/agb_xxiv_1-16.pdf. Acesso em: 26 jun. 2021.

AMADO, Filipe; CRUZ, Fausto; HAKKERT, Ralph. Urbanização e desurbanização em Angola. Cadernos de População e Desenvolvimento, Luanda. v. I, n. 1, p. 57-92, jan./jun. 1992.

AMARAL, Ilídio. Luanda: estudo de geografia urbana. Ed. fac-sim. Luanda: Kilombelombe, 2015.

COLAÇO, Luis F. Sousa. Luanda: contexto demográfico e desigualdades espaciais. Cadernos de População & Desenvolvimento, Luanda, v. I, n. 1, p. 93-131, jan./jun. 1992.

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1995. Disponível em: https://www.ufjf.br/pur/files/2011/04/O-espa%C3%A7o-urbano.-Roberto-Lobato-Corr%C3%AAa.pdf. Acesso em: 5 set. 2021.

CAIN, Allan. Workshop de estudos urbanos de Angola. Luanda: DW-Angola; Debate, 2014. Disponível em: https://www.google.com/search?q=DW-ANGOLA,+mapa+de+tipologia+de+assentamentos+urbanos+de+luanda […]. Acesso em: 26 ago. 2021.

FIGUEIRA, Moisés Bernardo. Novas centralidades na área metropolitana de Luanda: a cidade de Sequele como estudo de caso. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2020. Disponível em: https://docplayer.com.br/192973377-Novas-centralidades-na-area-metropolitana-de-luanda-a-cidade-de-sequele-como-estudo-de-caso.html. Acesso em: 6 ago. 2021.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2006. Disponível em: http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/02_babel/textos/harvey-producao-capitalista-espaco.pdf. Acesso em: 3 set. 2021.

HARVEY, David. Cidades rebeles: do direito à cidadania à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014. Disponível em: https://www.procomum.org/wp-content/uploads/2019/04/David-Harvey-Cidades-rebeldes.pdf. Acesso em: 3 set. 2021.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Anuário de estatísticas sociais: 2011-2016. Luanda: INE, 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Anuário de estatísticas das empresas: 2015-2018. Luanda: INE, 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Inquérito sobre despesas e receitas (IDR, 2018-2019): relatório de pobreza para Angola. Luanda: INE, 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Pobreza multidimensional nos municípios de Angola. Luanda: INE, 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Projeção da população 2014-2050. Luanda: INE, 2016.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Resultados definitivos do recenseamento geral da população e habitação de Angola 2014. Luanda: INE, 2016.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Resultados definitivos do recenseamento geral da população e habitação de Angola 2014: província de Luanda. Luanda: INE, 2016.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO. Divisão política administrativa da república de Angola. Luanda: MAT, 2017.

MOLINA, Mercedes. La globalización económica a debate. Madrid: DT: 6, 1998.

ONU-HABITAT. Relatório mundial das cidades 2020: resumos das mensagens-chave. Nairobi: UN-Habitat, 2020. Disponível em: https://unhabitat.org/sites/default/files/2020/11/key_messages_summary_portuguese.pdf.Acesso em: 18 jul. 2021.

ROCHA, Manuel J. Alves da. Desigualdades e assimetrias regionais em Angola: os factores de competitividade territorial. 2. ed. Luanda: CEIC-Universidade Católica de Angola, 2010.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Desigualdades socio-espaciais: a luta pelo direito à cidade. Revista Cidades, São Paulo, v. 4, n. 6, p. 73-88, ago. 2007. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/revistacidades/article/viewFile/571/602-. Acesso em: 22 ago. 2021.

ROMA, Cláudia Marques. Circuito inferior da economia urbana e cidades locais-hibridas. Mercator, Fortaleza, v. 15, n. 2, p. 23-36, abr./jun. 2026. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mercator/a/5tJfChwwSRqwTkdqMwtwf5w/?lang=pt&format=pdf Acesso em: 26 ago. 2021.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.

SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, Milton et al. Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec; ANPUR, 1998. p. 15-20.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SANTOS, Milton. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2004.

SANTOS, Milton. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma nova crítica. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2004.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo: razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2006.

SANTOS, Milton. Manual de geografia urbana. 3. ed. [São Paulo]: Edusp, 2012.

SILVA, Ariana Cêa da. Modelos de análise de acessibilidade em SIG: aplicação ao caso de Luanda. Lisboa: Instituto Superior de Engenharia, 2017.

SPÓSITO, Maria E. Beltrão; GÓES, Eda Maria. Espaços fechados e cidades: insegurança urbana e fragmentação social. São Paulo: Unesp, 2013.

UCCLA-UNIÃO DAS CIDADES CAPITAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA. Breve história de Luanda. [Luanda]: UCCLA, 2015. Disponível em: https://www.uccla.pt/membro/luanda. Acesso em: 15 mar. 2022.

Downloads

Publicado

2022-05-13

Como Citar

AFONSO, Luiekakio. Uma leitura da urbanização recente da cidade de Luanda a partir da teoria dos dois circuitos da economia urbana. PerCursos, Florianópolis, v. 23, n. 51, p. 167–210, 2022. DOI: 10.5965/1984724623512022167. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/21071. Acesso em: 28 mar. 2024.