Música, branquitude e experimentalismo: perspectivas críticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724622502021319

Palavras-chave:

branquitude, pacto narcísico da branquitude, música experimental, estudos decoloniais

Resumo

O presente artigo investiga a perpetuação do racismo epistêmico no campo musical, iniciando no Brasil colônia e seguindo em direção aos contextos contemporâneos. Observando pressupostos uni-versalizantes vinculados ao enfoque na materialidade do som apartado de implicações contextuais sócio-políticas, delineiam-se tensões e incompatibilidades entre o experimentalismo musical e o ati-vismo político. Por fim, o artigo aponta iniciativas recentes de otencial contra-colonial no contexto experimental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Merker Castellani, Universidade Federal de Pelotas – UFPel

Mestre e doutor em música pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professor da Universidade Federal de Pelotas – UFPel.

Manuel Pessoa de Lima

Doutor em Performer-Composer pelo California Institute of the Arts –CalArts, Estados Unidos.

Referências

AMORIM, Humberto. A carne mais barata do mercado é a carne negra: comércio e fuga de escravos músicos nas primeiras décadas do Brasil oitocentista (1808-1830). Opus, [s.l.], v. 23, n. 2, p. 89-115, 2017.

AGAWU, Kofi. Tonality as a colonizing force in Africa. In: RADANO, Ronald; OLANIYAN, Tejumola (eds.). Audible empire: music, global politics, critique. Durham: Duke University, 2016. p. 352 - 374.

BARRY, Robert. Starting from scratch: Cornelius Cadrew and the Orchestra as Insurgency. Red bull Music Academy. [s.l.], 2015. Disponível em: https://daily.redbullmusicacademy.com/2015/02/cornelius-cardew-feature. Acesso em: 01 fev. 2021

BENTO, Maria Aparecida. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: BENTO, Maria Aparecida; CARONE, Iray (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petropólis: Editora Vozes, 2016. p. 27 - 60.

BENTO, Maria Aparecida. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. Tese. (Doutorado em Psicologia) – USP, São Paulo, 2002.

CAGE, John. Composition as process: part II: indeterminacy (1958). In: STILES, Kristine; SELZ, Peter. Theories and documents of contemporary art. Berkeley: University of California Press, 2012. p. 831 - 833.

CAMINHA, Pero Vaz de. A carta de Pero Vaz De Caminha. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1500. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf. Acessado em: 23 fev. 2021.

CAMPESATO, Lílian. Discursos e ideologias do ‘experimentalismo’ na música do pós-guerra. Revista Poiésis, Nitéroi: UFF, n. 25, p. 43-64, 2015.

CAMPESATO, Lílian; IAZZETTA, Fernando. Práticas Locais, discursos universalizantes. In: FIGUEIRÓ, Cristiano Severo. Desobediência sonora. Salvador: UFBA, 2019. p. 15 - 72.

CADREW, Cornelius. Stockhausen serves imperialism and other articles. New York: Primary Information, 2020.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese. (Doutorado em Educação) – USP, São Paulo, 2005.CORUJA, Antônio Álvares Pereira. Antigualhas: reminiscências de Porto Alegre. Companhia União de Seguros: Porto Alegre, 1983.

COX, Christoph. Sonic flux: sound, art, and metaphysics. Chicago: University of Chicago, 2018.

DÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no brasil – 1917 - 1945. São Paulo: UNESP, 2006.

ERICSON, Raymond. Showcase offers music of Germany. New York Times, New York, p. 29, Apr. 1964. Disponível em: https://timesmachine.nytimes.com/timesmachine/1964/04/30/97179631.html?pageNumber=29. Acessado em: 02 fev. 2021

FERRAZ, Silvio. Música e repetição. São Paulo: Educ, 1998.

FERRAZ, Silvio. Livro das sonoridades [notas dispersas sobre composição]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.

FLYNT, Henry. Fight Musical Decoration of Fascism! Fluxus Debirs. [s.l.], 1985. Disponível em: http://id3419.securedata.net/artnotart/fluxus/hflynt-fightmusicaldecor.html. Acesso em: 20 fev. 2021.

GILROY, Paul. O atlântico negro. São Paulo: 34, 2001.

GOEHR, Lydia. The imaginary museum of musical works: an essay in the philosophy of music. New York: Oxford University Press, 2007.

HOLLER, Marcos Tadeu. O mito da música nas atividades da Companhia de Jesus no Brasil colonial. Electronic Musicological Review, [s.l.], v. XI, p. 01-07, Sept. 2007. Disponível em: http://www.rem.ufpr.br/_REM/REMv11/01/1-Holler-Jesuitas.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Desigualdades sociais por raça ou cor. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101681. Acesso em: 23 fev. 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Brasil: 500 anos de povoamento: apêndice: estatísticas de 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/imigracao-por-nacionalidade-1884-1933.html. Acesso em: 23 fev. 2021.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LANDY, Leigh. What’s the matter with today’s experimental music? organized sound too rarely heard. Reino Unido: Taylor & Francis, 2017.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUE, Ramón (orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018. p. 29 - 57.

MELLO, Tânia Neiva. Mulheres brasileiras na música experimental: uma abordagem feminista. 2018. Tese. (Doutorado em Música) – UFPB, João Pessoa, 2018.

NÓBREGA, Manoel da. Cartas do Brasil e mais escritos. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1955.

NOGUEIRA, Isabel Porto. Metodologias da impermanência em escuta, diálogo e criação: pesquisa e prática artística feminista. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 29., Pelotas, 2019. Anais [...]. Pelotas: ANPPOM, 2019.

PIEKUT, Benjamin. “Demolish Serious Culture!”: Henry Flynt and Workers World Party. In: ADLINGTON, R (ed.). Sound commitments: Avant-garde Music and the Sixties. New York: Oxford University Press, 2009.

ROSA, Marcus Vinicius de Freitas. Além da invisibilidade: história social do racismo em Porto Alegre durante o pós-abolição (1884-1918). 2014. Tese. (Doutorado em História) – UNICAMP, Campinas, 2014.

SCHAEFFER, Pierre. Traité des objets musicaux: essai interdisciplines. Paris: Éditions du Seuil, 1966.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In:

SANTOS, Boaventura de Sousa; Meneses, Maria Paula (orgs). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, quilombos: modos e significados. Brasília: UNB, 2015.

SANTOS, Antônio Carlos dos. Os músicos negros: escravos da Real Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2009.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido, o “branco” e o braquíssimo: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. São Paulo: Veneta, 2020.

SILVA, Rosa Aparecida do Couto. Itamar Assumpção e a encruzilhada urbana: negritude e experimentalismo na Vanguarda Paulista. 2020. Tese. (Doutorado em História) – UNESP, Franca, 2020

SOLOMOS, Makis. Da música ao som, a emergência do som na música dos séculos XX e XXI – uma pequena introdução. ARJ, Natal: UFRN, v. 2, n. 1, p. 54-68, 2015.

STOEVER, Jennifer Lynn. The sonic color line: race and the cultural politics of listening. New York: New York University Press, 2016.

THOMPSON, Marie. Whiteness and the ontological turn in sound studies. Parallax, Reino Unido: Taylor & Francis, v. 23, n. 3, p. 266-282, 2017. p. 266-282.

Downloads

Publicado

2021-12-22

Como Citar

CASTELLANI, Felipe Merker; LIMA, Manuel Pessoa de. Música, branquitude e experimentalismo: perspectivas críticas. PerCursos, Florianópolis, v. 22, n. 50, p. 319–351, 2021. DOI: 10.5965/1984724622502021319. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/19757. Acesso em: 16 dez. 2024.