Corpos tecnificados, eficientes, deficientes: notas sobre o esporte convencional e paralímpico
DOI :
https://doi.org/10.5965/19847246262025e0207Mots-clés :
educação do corpo, técnica, esporte, paralímpiada, olimpíadaRésumé
Nos tempos contemporâneos atribui-se ao corpo a condição de realização do progresso infinito e, entre outras práticas, o esporte aparece com destaque em tal impulsionamento. Este trabalho teve como objetivo discutir como corpos vistos como deficientes, ao mesmo tempo que marginalizados, trazem algo novo para o esporte. Para isso analisamos alguns fundamentos dessa prática social trazemos situações exemplares de atletas paralímpicos, observando como, por meio de intensos processos de tecnificação e subjetivação para a produção de uma eficiência corporal, pode-se pensar em corporalidades dissonantes. Nossos achados indicam que sendo o esporte de alto rendimento modelar para a sociedade e totalizante em relação às suas pretensões, a versão paralímpica parece ainda seguir em via periférica, como uma prática de segunda categoria. O trabalho indica ainda proximidades entre o esporte convencional e aquele não normativo no que diz respeito a sua organização e forma de operacionalização, indicando que o corpo é central na construção da identidade desses atletas, que são índices de potência, mas, também, na falibilidade da dor, lembrados de sua finitude. Por fim, em relação ao esporte de alto rendimento, nossas análises demonstram que esta prática para pessoas com deficiência, mesmo com os possíveis avanços, por meio de seus desempenhos, reforça a estrutura modelar do modelo olímpico e também as interpretações e narrativas que se constroem sobre ele, apontando novos contornos para a indefinição sobre se o objetivo é o rendimento ou a participação inclusiva.
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