“Geografia do silêncio”: características da espacialidade dos surdos ao longo do tempo

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5965/19847246242023e0306

Palabras clave:

Inclusão socioespacial

Resumen

A ausência de estudos geográficos sobre os espaços das minorias, incluindo os surdos, é uma lacuna evidente na análise da cidade brasileira atual. Este artigo objetiva apresentar algumas características da espacialidade dos surdos ao longo do tempo a partir de um levantamento bibliográfico sobre a história desses sujeitos e da elaboração de uma breve historicização. Com isso, será possível compreender que os surdos estiveram por muito tempo restritos à casa, aos clubes de surdos e escolas e, nos atuais dias, há uma busca progressiva por promover a verdadeira inclusão dos surdos e deficientes auditivos na cidade. Nos últimos anos do século XX, os surdos vêm se organizando e se fortalecendo socialmente por meio das políticas de acessibilidade e inclusão, presentes na pauta de debate local, nacional e internacional. Sendo assim, a mobilização desse grupo por direitos manifesta-se em diferentes frentes, inclusive na reivindicação de viver a cidade. Ao contrário das realidades enfrentadas pelos surdos em tempos passados, quando a surdez era considerada uma deficiência incapacitante, acentuando-se a exclusão social deste grupo, é possível compreender, através da historicização apresentada, a busca (desses sujeitos) pela identificação e superação das barreiras, ainda presentes nas cidades, que dificultam seus fluxos, interferindo na sua liberdade de ir e vir, impeditivas da realização de seus desejos. Este artigo constitui-se num recorte de pesquisa de doutorado, que teve como tema central discutir a cidade como um espaço deficiente para atender às necessidades de pessoas surdas, em suas múltiplas faces.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Patrícia dos Santos Dias, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Eugênia Maria Dantas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Pós-doutora Grupo de Estudos da Complexidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Citas

BEN-MOSHE, L. The institution yet to come: analyzing incarceration through a disability lens. In: DAVIS, L. J. The disability studies reader. 5. ed. [S. l.]: Taylor and Francis, 2016. p. 119-130.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Palácio do Planalto [online], 2005. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 12 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Palácio do Planalto [online], 2002. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em: 12 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Palácio do Planalto [online], 2015. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 12 out. 2023.

COLUCCI, D. G.; MAGNO, M.; SOUTO, M. Espacialidades e territorialidades: conceituação e exemplificações. Geografias, [s.l.], v. 07, n. 1, p. 114-127, 2011.

FEKETE, E. Signs in space: american sign language as spatial language and cultural worldview. 2010. Dissertação (Master of Arts) − Kent State University, Kent (EUA), 2010. Disponível em: https://etd.ohiolink.edu/acprod/odb_etd/ws/send_file/send?accession=kent1279060612&disposition=inline. Acesso em: 12 abr. 2020.

GULLIVER, M.; FEKETE, E. Themed section: Deaf geographies–an emerging field. Journal of Cultural Geography, [s.l.], v. 34, n. 2, p. 121-130, 2017.

GULLIVER, M.; KITZEL, M. Deaf geography, an introduction. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/281555405_Deaf_Geography_an_introduction. Acesso: 8 jun. 2021.

HALL, E.; WILTON, R. Towards a relational geography of disability. Progress in Human Geography, [s.l.], v. 41, n. 6, p. 727-744, 2017.

HAROLD, G. Reconsidering sound and the city: asserting the right to the deaf-friendly city. Environment and Planning D: Society and Space, [s.l.], v. 31, n. 5, p. 846-862, 2013.

IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD: suplemento sobre educação profissional e aspectos complementares da educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007.

IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014.

LIMA, D. C. G. De pessoa com deficiência auditiva a surdo: embates dialógicos e objetificação colonial no processo de transição identitária. 2020. 106f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) − Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.

NOMELAND, M. M. N.; NOMELAND, R. F. The deaf community in America: history in the making. [S. l.: s. n.], 2012.

PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos: desafio contemporâneo. Educar em Revista, Curitiba, p. 17-31, 2014.

SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. [S. l.: s. n.], 2010.

SONNENSTRAHL, D. Deaf artists in America: colonial to contemporary. San Diego (EUA): DawnSignPress, 2002.

STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora UFSC, 2008.

Publicado

2023-11-24

Cómo citar

DIAS, Patrícia dos Santos; DANTAS, Eugênia Maria. “Geografia do silêncio”: características da espacialidade dos surdos ao longo do tempo. PerCursos, Florianópolis, v. 24, p. e0306, 2023. DOI: 10.5965/19847246242023e0306. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/23438. Acesso em: 21 nov. 2024.

Número

Sección

Dossiê “Questão Urbana, os sujeitos dos territórios populares e a luta pelo direito à cidade”