Jovens homens que ‘saíram pelo meio do mundo’: sentidos do trabalho para cortadores de cana
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984724620432019143Resumen
A migração de trabalhadores do meio rural, oriundos de estados do nordeste, em direção às áreas canavieiras da região sudeste, tem se intensificado nas últimas décadas. Estudos recentes identificam a consolidação de um novo fenômeno, a migração permanentemente temporária, que se constitui em eterno processo de “partidas” e “retornos” daqueles que migram. Considerando a relevância dos fluxos migratórios para a população jovem, o presente artigo se propõe a compreender os sentidos atribuídos à experiência de ser jovem trabalhador nos cortes de cana. Na tentativa de reconhecer as especificidades que caracterizam os contextos locais do meio rural, optou-se por realizar uma pesquisa etnográfica no distrito rural Espraiado, localizado no município baiano Palmas de Monte Alto. Foram realizados 18 grupos de discussão com jovens do sexo masculino e feminino, matriculados no ensino médio e 18 entrevistas narrativas com jovens e adultos estudantes, pais e avós. A análise dos grupos foi feita com base no método documentário de interpretação desenvolvido por Karl Mannheim e adaptado para a pesquisa social empírica por Ralf Bohnsack. Os resultados da pesquisa desenvolvida apontam que o desvendamento das condições de trabalho nos canaviais, marcadas pela ocorrência de acidentes, insalubridade e riscos de vida, são aspectos escamoteados pelos jovens, em razão da oferta de vínculo empregatício, seguro desemprego e carteira assinada, concedida pelas usinas. A formalização do vínculo empregatício não garante o acesso dos jovens a condições decentes de trabalho, o que aprofunda a exploração e a invisibilidade dos corpos de jovens homens das áreas rurais.
Palavras-chave: Trabalho nos cortes de cana. Juventude. MigraçãoDescargas
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