Reflexões em torno dos tecidos africanos como instrumentos da luta antirracista
DOI:
https://doi.org/10.5965/1808312915252020e0040Palabras clave:
Moda e arte, Tecidos-África, Pano da costa, Pano adinkra, Relações étnicas, AntirracismoResumen
O presente artigo objetiva compreender o modo como os tecidos africanos podem ser instrumentos das lutas antirracistas na sociedade brasileira. De modo específico, as reflexões conduzidas ao longo do artigo foram calcadas no Ofi/Pano da costa, no Adinkra e no Wax, três tecidos que remetem à África e que possuem significativa importância no Brasil enquanto repertório simbólico e identitário das pessoas negras. Como subterfúgio metodológico, vale dizer que a pesquisa possui uma abordagem qualitativa, na qual foram conduzidas três entrevistas em profundidade com sujeitos africanos, atualmente residentes no Brasil, que conhecem os tecidos e envolvem-se ativamente na difusão desses itens no Brasil. De um modo geral, os resultados do artigo apontam para o rico repertório simbólico, identitário e cultural que circundam os tecidos africanos, numa dinâmica em que os usos desses tecidos (re)conectam os sujeitos negros da diáspora às filosofias ancestrais e tradições culturais do povo africano. Portanto, os significados e usos dos tecidos representam importantes ferramentas para práticas decoloniais e antirracistas, (re)valorizando os múltiplos legados dos povos africanos.
Descargas
Citas
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Ed. Pólen, 2019.
ALVES, D. Coleção Yasuke LAB Fantasma by: Emicida e Fioti. [S. l.], 2016. Blog: Moda, make café com leite, 01 nov. 2016. Disponível em: https://modamakee.wixsite.com/cafecomleite/single-post/2016/11/01/Coleção-Yasuke-LAB-Fantasma-by-Emicida-e-Fioti . Acesso em: 01 abr. 2020.
BANDEIRA, P. C.; LAGO, J. Debret e o Brasil: obra completa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2013.
BASTOS, L. C.; BIAR, L. de A. Análise de narrativa e práticas de entendimento da vida social. Delta: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 31, n. esp., p. 97-126, ago. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-445083363903760077. Acesso em: 2 fev. 2020.
EICHER, J. Nigerian handcrafts textile. Ilê-Ifé: University of ifé press, 1976.
GOMES, N. L. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Ed. Vozes, 2017.
GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo Sem Fronteiras, Pelotas, v. 12, n. 1, p. 98-109, 2012.
GROSFILLEY, A. Wax & co.: Anthologie des tissus imprimés d'Afrique. Paris: Éditions de La Martinière, 2018.
GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e antirracismo no Brasil. 3ª. ed. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo; Ed. 34, 2009.
HARGER, P. H. C. O segmento de moda afro-brasileira: conceitos, estruturas e narrativas. Revista ModaPalavra, Florianópolis, v. 9, n. 18, p. 96-120, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5965/1982615x09182016096. Acesso em 2 fev. 2020.
ITR recebe roda de conversa com a Designer de Moda Gabi Monteiro em 02/04. Rio de Janeiro : ITR/UFRRJ, 2019. Website: Instituto Três Rios (Notícias, postado em 28 mar. 2019). Disponível em: https://itr.ufrrj.br/portal/itr-recebe-roda-de-conversa-com-a-designer-de-moda-gabi-monteiro/. Acesso em: 2 abr. 2020.
LEENHARDT, J.; TITAN JR, S. (orgs). Seydou Keita. São Paulo: IMS, 2018.
LODY, R. Moda e história: as indumentárias das mulheres de fé. São Paulo, SP: Editora Senac, 2015.
LOPES, G.; FALCÓN, G. Imagens da diáspora. Salvador: Solisluna Editora, 2010.
MAIA, D. O vestir político: as estampas wax hollandais como ferramentas de afirmação da identidade afro-brasileira. Revista dObra[s], São Paulo, v. 12, n. 25, p. 144-164, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.26563/dobras.v11i25.858. Acesso em: 15 fev. 2020.
MAURÍCIO, J. da S. O Pano da Costa. In: Bahia. Secretaria de Cultura. IPAC. Pano da Costa. Salvador: IPAC, 2009, p. 12-16. (Cadernos do IPAC; 1). Disponível em: https://goo.gl/EL88iU. Acesso em: 15 fev. 2020.
MBEMBE, A. As formas africanas de auto-inscrição. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 171-209, jan./jun. 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-546X2001000100007. Acesso em: 10 mar. 2020.
MOREIRA, A. Racismo recreativo. São Paulo: Ed. Pólen, 2019.
NASCIMENTO, E. L. O Sortilégio da cor: Identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Ed. Summus, 2004.
NASCIMENTO, E. L.; GÁ, L. C. (org.). Adinkra: sabedoria em símbolos africanos. Rio de Janeiro: Ed. Pallas, 2009.
PASSOS, J. O racismo, a moda, e a diversificação dos padrões de beleza: o exemplo de Iman, top model Somali dos anos 70/80. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 1-8, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n158981. Acesso em: 2 fev. 2020.
PICTON, J.; MACK, J. African Textiles. 2nd ed. London: British Museum, 1989.
RODRIGUES, A. Enterro de corpo de Mãe Stella de Oxóssi vira disputa judicial: Juíza decidiu que corpo da ialórixa seja enterrado em Salvador. Brasília : Agência Brasil,2018. Website: Agência Brasil (Notícias, Justiça 28/12/2018). Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-12/enterro-do-corpo-de-mae-stella-de-oxossi-vira-disputa-judicial. Acesso em: 2 abr. 2020.
RUFINO, L. Pedagogia das encruzilhadas. Revista Periferia, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 71-88, jan./jun. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.12957/periferia.2018.31504. Acesso em: 5 mar. 2020.
SANSONE, L. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra do Brasil. Salvador: Ed. UFBA, 2004.
SCHUCMAN, L. V. Racismo e antirracismo: a categoria raça em questão. Revista Psicologia Política, São Paulo, v. 10, n. 19, p. 41-55, jan. 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v10n19/v10n19a05.pdf. Acesso em: 8 mar. 2020
SCHUCMAN, L. V. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 83-94, jan./abr. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-71822014000100010. Acesso em: 2 fev. 2020.
VIDAL, J. O africano que existe em nós, brasileiros: design e moda afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Babilônia Cultura Editorial, 2014.
WAKABARA, J. Isaac Silva homenageia a primeira travesti negra do Brasil. São Paulo, 2018. Website: Lilian Pacce (Desfiles>Moda>Estilistas & Marcas, 27/07/2018). Disponível em: https://www.lilianpacce.com.br/desfile/issac-silva-homenageia-a-primeira-travesti-nao-indigena-do-brasil/. Acesso em: 22 fev. 2020.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Julia Vidal, Dyego de Oliveira Arruda
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista concuerdan con los siguientes términos:
Los autores mantienen los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia Creative Commons Atribución No Comercial que permite el compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
Esta revista, siguiendo las recomendaciones del movimiento de Acceso Abierto, proporciona acceso público a todo su contenido, siguiendo el principio de que hacer libre el acceso a investigaciones genera un mayor intercambio global de conocimiento.
Plagio, en todas sus formas, constituye un comportamiento antiético de publicación y es inaceptable. La Revista DAPesquisa se reserva el derecho de usar software u otros métodos de detección de plagio para analizar los trabajos sometidos.