Coreografia da Histeria: corpos convulsivos e empoderamento feminino na cena paulista – Lobo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1414573102442022e0206

Palavras-chave:

Cenografia, Histeria, Espectação, Corpos Convulsivos, Dança Contemporânea

Resumo

A partir da análise do espetáculo Lobo, de Carolina Bianchi e Cara de Cavalo, de 2018, a autora aponta a hipótese de que alguns trabalhos recentes da cena paulista, produzidos majoritariamente por mulheres, apresentam corpos convulsivos, cujas características os aproximam das descrições dos corpos histéricos, do final do século XIX e início do XX. O texto menciona outros quatro trabalhos para afirmar que há, nesse movimento criativo, um sinal de empoderamento feminino, de afirmação de seu “lugar de grito”. Por fim, a autora articula a sua experiência de espectadora a referências teóricas e artísticas diversas, incorporando na escrita, as impressões e o processo de registro daquilo que vê nas obras. Ademais, o estudo se baseia na espectação como metodologia e situa essa prática entre a recepção e a crítica. Referências exteriores ao campo especificamente cênico, especialmente à psicanálise, contribuem para a análise das ambivalências e ambiguidades colocadas em jogo.

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Biografia do Autor

Juliana Martins Rodrigues de Moraes, Universidade Estadual de Campinas

Doutora em Artes e Bacharel em Dança pela UNICAMP. Mestre em Dança pelo Trinity Laban Conservatoire for Music and Dance, em Londres. Professora e pesquisadora do Departamento de Artes Corporais da UNICAMP. Bailarina e coreógrafa.

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Publicado

2022-09-26

Como Citar

MORAES, Juliana Martins Rodrigues de. Coreografia da Histeria: corpos convulsivos e empoderamento feminino na cena paulista – Lobo. Urdimento: Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 2, n. 44, p. 1–28, 2022. DOI: 10.5965/1414573102442022e0206. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/21996. Acesso em: 17 abr. 2024.