A representação do golpe de Estado em Honduras em 2009 por meio da charge de Carlos Latuff
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180314372022e0105Palabras clave:
golpe de Estado, Honduras, charge, Carlos LatuffResumen
Durante a segunda metade do século XX, a América Latina viveu períodos de grande tensão e turbulência política em razão de inúmeros golpes de Estado orquestrados na sua grande maioria por setores militares apoiados, dentre outros, pelos respectivos governos estadunidenses. Esse ciclo foi se esgotando e, na última década do século XX, o ambiente que predominava na região latino-americana era o da retomada da democracia. Porém, já no final da primeira década do século XXI, o espectro do golpismo voltou a rondar a América Latina após a consecução de um golpe de Estado em Honduras, com a deposição do então presidente Manuel Zelaya em 28 de junho de 2009. Esse episódio – e demais golpes que se sucederam em outros países da região desde então –, que tem suscitado a necessidade de uma ampla reflexão em relação à atual forma de dominação imperialista na ordem da mundialização do capital, foi pauta importante do noticiário internacional dos veículos da imprensa popular alternativa e gerou uma significativa produção iconográfica, principalmente, de charges. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar as charges produzidas por Carlos Latuff sobre o golpe de Estado em Honduras, por meio da análise do discurso chárgico. Marcadas por uma denúncia à violação da democracia naquele país, bem como por uma crítica à postura parcial da mídia brasileira em defesa dos interesses dos golpistas, as charges de Carlos Latuff sobre o episódio documentaram e denunciaram com contundência a aliança entre o Congresso, o Judiciário e o Exército hondurenho na consecução do referido golpe de Estado.
Descargas
Citas
AYERBE, Luiz Fernando. A revolução cubana. São Paulo: Editora Unesp, 2004. (Coleção Revoluções do Século XX).
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 8. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. De Marti a Fidel. A revolução cubana e a América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
BAQUERO, Marcello. Populismo e neopopulismo na América Latina: o seu legado nos partidos e na cultura política. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 13, n. 2, p. 181-192, jul./dez. 2010. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/148531/000836132.pdf?sequence=1. Acesso em: 13 abr. 2022.
BATISTA, Paulo Nogueira. O consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. 2. ed. São Paulo: PEDEX, 1994.
BRAGA, Laerte. Golpe com amostras grátis: como mente e distorce a mídia. Blog da Maria Frô, [São Paulo], 29 jun. 2009, p. 1-6. Disponível em:
https://revistaforum.com.br/blogs/blog-da-maria-fr/2009/6/29/golpe-militar-em-honduras-pelas-mos-de-latuff-veia-afiada-de-laerte-braga-42961.html. Acesso em: 28 maio 2021.
CARDIA, Rodrigo. Honduras, por Latuff. Cão Uivador, Porto Alegre, 07 ago. 2009. Disponível em: https://caouivador.wordpress.com/2009/08/07/honduras-por-latuff/. Acesso em: 30 abr. 2018.
CARDOSO, Sílvia Alvarez. Golpe de Estado no Século XXI: o caso de Honduras (2009) e a recomposição hegemônica neoliberal. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas, Instituto de Ciências, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
CÓRDOVA, Juan Arancibia. Honduras: ¿un estado nacional? 2. ed. Tegucigalpa, Honduras: Editorial Guaymuras, 1985. (Colección Codices - Ciencias Sociales)
CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.
ECO, Umberto. Los marcos de la “libertad” cómica. In: ECO, Umberto; IVANOV, Vyacheslav Vsevolodovich; RECTOR, Mônica. Carnaval! México: Fondo de Cultura Económica, 1989. p. 9-20.
FERNANDES, Florestan. Poder e contrapoder na América Latina. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
FERNANDES, Florestan. Da guerrilha ao socialismo: a revolução cubana. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979. (Biblioteca de Estudos Latino-Americanos, v. 1).
FUSER, Igor. América Latina: progressismo, retrocesso e resistência. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 42, p. 78-89, nov. 2018. Número Especial 3. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/RkFdz3N3wps6sScfLnnyqqS/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 13 abr. 2022.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: L&PM, 2010.
HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
KATZ, Cláudio. Neoliberalismo, neodesenvolvimentismo, socialismo. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2016.
LATUFF, Carlos. Entrevista exclusiva com Carlos Latuff: “Tudo depende da vontade do artista”. Jornalismo B, Porto Alegre, 18 jul. 2012. Disponível em: http://jornalismob.com/2012/07/18/entrevista-exclusiva-com-carlos-latuff-tudo-depende-da-vontade-do-artista/. Acesso em: 29 jun. 2016.
LATUFF, Carlos. Apresentação. [s.l., 20--]. Facebook: Carlos Latuff. Disponível em: https://www.facebook.com/realcarloslatuff/. Acesso em 16 abr. 2022.
LIMA, Maria Regina Soares (org.). Desempenho de governos progressistas no Cone Sul: agendas alternativas ao neoliberalismo. Rio de Janeiro: Edições IUPERJ, 2008.
LOURENÇO, Beatriz Soares. Entre recuos de maré e ondas de golpe: uma análise sobre as interrupções dos governos de Manuel Zelaya em Honduras e de Fernando Lugo no Paraguai no limite do conceito de Golpe de Estado. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.
MARINGONI, Gilberto. Humor da charge política no jornal. Revista Comunicação e Educação, São Paulo: Moderna: USP, n. 7, p. 85-91, set./dez. 1996.
MEDEIROS, Josué. Regressão democrática na América Latina: do ciclo político progressista ao ciclo político neoliberal e autoritário. Revista de Ciências Sociais. Fortaleza, v. 49, n. 1, p. 98-165, mar./jun. 2018.
MELLO, Michele de. 15 anos do não à Alca: superação do capitalismo ainda é a alternativa. Brasil de Fato [Caracas, Venezuela], 21 nov. 2020. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/21/15-anos-do-nao-a-alca-superacao-do-capitalismo-ainda-e-a-alternativa. Acesso em: 20 nov. 2022.
MIANI, Rozinaldo Antonio. As transformações no mundo do trabalho na década de 1990: o olhar atento da charge na imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista. 2005. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2005.
MIANI, Rozinaldo Antonio. Charge: uma prática discursiva e ideológica. 9ª Arte - Revista Brasileira de Pesquisas em Histórias em Quadrinhos, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 37-48, 1. sem. 2012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/nonaarte/article/view/99622. Acesso em: 19 fev. 2014.
MIANI, Rozinaldo Antonio. Charge editorial: iconografia e pesquisa em História. Domínios da Imagem, Londrina, v. 8, n. 16, p. 133-145, jun./dez. 2014.
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A figura caricatural do gorila nos discursos da esquerda. ArtCultura, Uberlândia, v. 9, n. 15, p. 195-212, jul./dez. 2007.
OLIVEIRA, Roberto Véras de. Sindicalismo e democracia no Brasil: do novo sindicalismo ao sindicato cidadão. São Paulo: Annablume, 2011.
PANIZZA, Francisco. El populismo como espejo de la democracia. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2009.
PETRAS, James. Os fundamentos do neoliberalismo. In: RAMPINELLI, Waldir José; OURIQUES, Nildo Domingos (org.). No fio da navalha: crítica das reformas neoliberais de FHC. São Paulo: Xamã, 1997. p. 15-38.
PETRAS, James. Armadilha neoliberal e as alternativas para a América Latina. São Paulo: Xamã Editora, 1999. (Coleção Fora da Ordem).
PRONER, Carol. Golpe branco no Brasil: Dilma alerta na ONU. In: PRONER, Carol; CITTADINO, Gisele; TENENBAUM, Marcio; RAMOS FILHO, Wilson (org.). A resistência ao golpe de 2016. Bauru: Canal 6, 2016. p. 59-73.
QUELUZ, Marilda Lopes Pinheiro. Rir juntas é o melhor remédio contra os tempos temerosos: crítica e humor nas tiras de Thais Gualberto e de Fabiane Langona (2016-2018). Tempo & Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 31, e0108, set./dez. 2020. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/ view/2175180312312020e0108/12546. Acesso em: 14 mar. 2022.
RECTOR, Mônica; TRINTA, Aluizio Ramos. Comunicação não-verbal: a gestualidade brasileira. Petrópolis: Vozes, 1985.
REDAÇÃO. A verdade sobre Honduras: no pequeno e pobre país da América Latina golpe militar atinge população. Divulgando, Jornal da Associação dos Servidores do Proderj, Rio de Janeiro, n. 145, p. 7, set. 2009.
ROMUALDO, Edson Carlos. Charge jornalística: intertextualidade e polifonia: um estudo de charges da Folha de S. Paulo. Maringá: Eduem, 2000.
ROMUALDO, Edson Carlos. Para ler a caricatura, o cartum e a charge. In: PELEGRINI, Sandra; ZANIRATO, Sílvia Helena (org.). Dimensões da imagem: interfaces teóricas e metodológicas. Maringá: Eduem, 2005. p. 167-192.
ROVAI, Renato. Wikileaks: leia o telegrama do embaixador dos EUA sobre golpe em Honduras. Blog do Rovai, [São Paulo], p. 1-7, 29 nov. 2010. Disponível em:
https://revistaforum.com.br/blogs/blog-do-rovai/2010/11/29/wikileaks-leia-telegrama-do-embaixador-dos-eua-sobre-golpe-em-honduras-39372.html. Acesso em: 28 maio 2021.
SAES, Décio. Industrialização, populismo e classe média no Brasil. Campinas: IFCH/Unicamp, 1976. (Caderno do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, v.1).
SILVA, Fabrício Pereira da. Quinze anos da onda rosa latino-americana: balanço e perspectivas. Observador On-Line, Rio de Janeiro, v. 9, n. 12, p. 1-28, 2014.
SILVA, Fabrício Pereira da. O fim da onda rosa e o neogolpismo na América Latina. Revista Sul-Americana de Ciência Política, Pelotas, v. 4, n. 2, 165-178, 2021.
STÉDILE, João Pedro. Uma interpretação necessária sobre a luta de classes em nosso continente. In: KATZ, Cláudio. Neoliberalismo, neodesenvolvimentismo, socialismo. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2016. p. 7-10.
WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
ZIMMERMANN, Matilde. A revolução nicaragüense. São Paulo: Editora Unesp, 2002. (Coleção Revoluções do Século XX).
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Revista Tempo e Argumento
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Os artigos cujos autores são identificados representam a expressão do ponto de vista de seus autores e não a posição oficial da Tempo e Argumento.