Os silêncios de Clio: escrita da história e (in) visibilidade das homossexualidades no Brasil

Autores

  • Joana Maria Pedro Universidade Federal de Santa Catarina
  • Elias Ferreira Veras UFSC

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180306132014090

Resumo

Os silêncios de Clio, acerca das homossexualidades no Brasil, não deixa de ser surpreendente se lembrarmos que, desde a segunda metade do século XX, a historiografia brasileira, seja aquela praticada a partir de uma perspectiva marxista, seja aquela afinada com o pensamento da escola dos Annales, introduziu uma série de novos sujeitos, novas abordagens e novas problemáticas. Todavia, tal silêncio, que parece ecoar o “pensamento heterossexual”  na produção histórica, está timidamente sendo rompido. Neste artigo, analisamos as condições político-epistemológicas que têm contribuído para despertar Clio de seu longo sono heteronormativo e os desafios propostos à escrita historiográfica a partir da emergência dos estudos queer.

 

Palavras-chave: Historiografia; Homossexualidades; Teoria Queer.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Joana Maria Pedro, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina desde 1983. Leciona no curso de Graduação em História, no Programa de Pós-graduação em História e no Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas. Fez Doutorado em História Social na USP em 1992, e pós-doutorado na França entre 2001 e 2002. É pesquisadora 1 C do CNPq e realiza pesquisas em História focalizando questões do feminismo e do gênero. É editora de artigos da Revista Estudos Feministas e uma das coordenadoras do IEG - Instituto de Estudos de Gênero, sediado na UFSC.

Elias Ferreira Veras, UFSC

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História Cultural, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsita CAPES.

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. História: a arte de inventar o passado. São

Paulo, Edusc, 2007.

. Epifanias da homoafetividade ou o choque anafilático sofrido por Anthony Giddens ao ingerir Caio Fernando Abreu. Bagoas: Revista de Estudos Gays, v. 02, p. 133-151, 2008.

. Amores que não têm tempo: Michel Foucault e as reflexões acerca de uma estética da existência homossexual. Revista Aulas (UNICAMP), v. 07, p.

-58, 2010.

. A Pastoral do Silêncio: Michel Foucault e a dialética entre revelar e silenciar no discurso cristão. In: Cesar Candiotto e Pedro de Souza. (Org.). Foucault e o Cristianismo. Belo Horizonte, Autêntica, 2012, v. , p. 129-146.

ARAUJO JUNIOR, José Carlos de. A metamorfose encarnada: travestis em Londrina.

Dissertação (Mestrado em História) - Depto de História da UNICAMP.

ASSIS, Eduardo Moreira. O homossexual respeitável. 2011. Tese (Doutorado em

História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

BENEDETTI, Marcos Renato. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de

Janeiro, Garamond, 2005.

BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da

Historiografia. São Paulo, Fundação Editora da UNESP, 1997.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de

Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 2003.

CARRARA, Sérgio; SIMÕES, J. A. Sexualidade, cultura e política: a trajetória da identidade homossexual masculina na antropologia brasileira. Cadernos Pagu (UNICAMP), v. 28, p. 65-99, 2007.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro, Graal, 2009.

GOIS, João Bôsco Hora. Desencontros: as relações entre os estudos sobre a homossexualidade e os estudos de gênero no Brasil. Revista de Estudos Feministas. vol.11, n.1, p. 289-297, 2003.

GOMES, Maurício Pereira. A força de uma palavra: homofobia nas páginas da Folha de São Paulo (1986-2011). 2014. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Santa Catarina.

GREEN, James. Além do Carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século

XX. São Paulo, Editora da UNESP, 2000.

; POLITO, Ronald. Frescos Trópicos: fontes sobre a homossexualidade masculina no Brasil (1870-1980). Rio de Janeiro, José Olympio, 2006.

WITTIG, Monique. El Pensamiento heterosexual y otros ensayos. Madrid, Egales,

L. Arney, M. Fernandes, J. N. Green. Homossexualidade no Brasil: uma bibliografia anotada. Cad. AEL, v.10, n.18/19, 2003.

LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo

Horizonte, Autêntica, 1999.

. Teoria Queer: Uma Política Pós-Identitária para a Educação. Revista de

Estudos Feministas, ANO 9, 542, 2º Semestre, 2001.

MATOS, M. Izilda S. Outras histórias: as mulheres e estudos de gênero – percursos e possibilidades. In: Maria Izilda Santos de Matos e Maria Angelica Soller. (Org.). Gênero em Debate. São Paulo, EDUC, p. 83-114, 1997.

MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. In: Sociologias. Porto Alegre: PPGS-UFRGS, n. 21 p.150-182, 2009.

Autêntica, 2012.

. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte,

. PELÚCIO, Larissa . Fora do Sujeito e Fora do Lugar: reflexões

sobre performatividade a partir de uma etnografia entre travestis. Gênero, v. 07, p. 257-

, 2007.

MOTT, Luiz. O lesbianismo no Brasil. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1987.

. O sexo proibido: virgens, gays e escravos nas garras da Inquisição.

Campinas, Papirus, 1989.

. Escravidão e homossexualidade. In: VAINFAS, Ronaldo. (Org.). História e sexualidade no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1986. p. 137-154.

NAVARRO-SWAIN, T. O que é o lesbianismo. São Paulo, Brasiliense, 2000.

. Lesbianismo: cartografia de uma interrogação. In: Silvana GOELLNER, Silvana; SOUZA, Jane de; (Org.). Corpo, gênero, sexualidade. Porto Alegre, FURG, 2007, v. , p. 9-17.

. História, construção e limites da memória social. In: Margareth RAGO, Margareth; FUNARI, Pedro Paulo. (Org.). Subjetividades antigas e modernas. São Paulo, Annablume, v. p. 26-45, 2008.

NOGUEIRA, Nadia Cristina. Lota e Bishop: amores e desencontros no Rio dos anos

2005. Tese (Doutorado em História) - Depto de História da UNICAMP.

PAIVA, Antônio Cristian S. Reservados e invisíveis: o ethos íntimo das parcerias homoeróticas. São Paulo, Pontes, 2007.

PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, vol.24, n.1, p.77-98, 2005.

PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Queer nos trópicos. Contemporânea – Revista de

Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 2, n. 2, jul-dez 2012, pp. 371-394. PRECIADO, Beatriz. Manifiesto contra-sexual, Madrid, Opera Prima, 2002.

. Testo yonqui, Madrid, Espasa, 2008.

QUEIROZ, Igor Henrique Lopes de. As sexualidades desviantes nas páginas do jornal Diário Catarinense (1986-2006). 2014. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós- Graduação em História) - Universidade Federal de Santa Catarina.

RODRIGUES, Rita de Cássia Colaço. De Daniele a Chrysóstomo: Quando travestis, bonecas e homossexuais entram em cena. 2012. Tese (Doutorado em Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense.

SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v.16, n.2, p.5-22, jul/dez., 1990.

. A Invisibilidade da Experiência. Projeto História, nº 16, São Paulo,

p.303-304, 1998.

SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. Revista Brasileira História, vol.27, n.54, p.281-300,

TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Rio de Janeiro, Record, 2011.

Downloads

Publicado

2015-03-05

Como Citar

PEDRO, Joana Maria; VERAS, Elias Ferreira. Os silêncios de Clio: escrita da história e (in) visibilidade das homossexualidades no Brasil. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 6, n. 13, p. 90–109, 2015. DOI: 10.5965/2175180306132014090. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180306132014090. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos