Fissuras do Presentismo: Mudança Histórica nos Protestos Políticos Contemporâneos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180313342021e0301

Resumo

Esta década está sendo marcada por uma profunda percepção pública de mudança histórica e mesmo pelo começo de uma nova época em escala global. Este artigo argumenta que tal percepção tem raízes políticas vinculadas ao impacto dos protestos políticos como o de Junho de 2013, no Brasil, e o Occupy Wall Street nos Estados Unidos. Desse modo, analisamos o impacto de tais protestos através das narrativas e interpretações produzidas desde sua ocorrência, com foco nos livros e artigos de jornais nesses países. Pretendemos contribuir para a revisão e complexificação das principais hipóteses a respeito do tempo histórico contemporâneo vinculadas às teorias do “presenteísmo” e da “aceleração”, especialmente no que diz respeito às suas conclusões a respeito da situação atual do político como âmbito de configuração da experiência coletiva do futuro. Por fim, buscamos refletir brevemente sobre as respostas possíveis do saber histórico a tais transformações.

Palavras-chave: protesto; movimentos sociais; temporalidade; presentismo; junho de 2013.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luisa Rauter Pereira, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Doutora em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Referências

ADAMS, Jason. Occupy Time: technoculture, immediacy and resistance after occupy Wall Street. New York: Palgrave Macmillan, 2014.

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

AL HANATI, Yuri. O que restou das Jornadas de Junho? Gazeta do Povo, São Paulo, ano 7, n. 43, p. 3, 23 nov. 2013

ALONSO, Ângela. As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate. Lua Nova, São Paulo, n. 76, p. 49-86, 2009.

ARAUJO, Valdei Lopes. Para além da autoconsciência moderna: a historiografia de Hans Ulrich Gumbrecht. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 22, n. 36, jul./dez. 2006.

ARAUJO, Valdei. O direito à história: o(a) historiador(a) como curador(a) de uma experiência histórica socialmente distribuída. In: GUIMARÃES, Géssica; BRUNO, Leonardo; PEREZ, Rodrigo. Conversas sobre o Brasil: ensaios de crítica histórica. Rio de Janeiro: Autografia, 2017. p. 191-216.

BASCHET Jérôme. Défaire la tyrannie du présent: temporalités émergentes et futurs inédits. Paris: La Découverte, 2018.

BERVENAGE, B. História, memória e violência de estado: tempo e justiça. Rio de Janeiro: Milfontes, 2018.

BITTENCOURT, Maria Clara Aquino. As narrativas colaborativas nos protestos de 2013 no Brasil: midiatização do ativismo, espalhamento e convergência. Chasqui. Revista Latinoamericana de Comunicaciónção, Quito, n. 129, ago./nov. 2013.

BLOW, Charles M. Occupy Wall Street Legacy. New York Times, New York, ano 119, n. 7400, p. 6, 13 Sep. 2013.

BLOW, Charles M. New Age of activism. New York Times, New York, ano 120, n. 7400, p. 17, 15 jun. 2014.

BLUMEMBERG, Hans. The legitimacy of the modern age. Massachusetts: The MIT Press, 1983.

BOHLEN, Celestine. Students see new hope in Bias protests. New York Times, New York, ano 120, n. 7400, p. 14, 16 Dec. 2014.

BROWN, Wendy. Introduction: politics out of History. In: POLITICS OF HISTORY. Princeton: Princeton University Press, 2001. p. 77- 101.

BUTLER, Judith. We the people: thoughts on freedom of assembly. In: NOTES TOWARD A PERFORMATIVE THEORY OF ASSEMBLY. London: Harvard University Press, 2015. p. 59.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

COSTA, Henrique. O presente e o futuro das jornadas de Junho. Carta Maior, São Paulo, ano 12, n. 36. p. 12, 11 ago. 2013

DELAHAYE, Ezra. About chronos and kairos. On Agamben’s interpretation of Pauline temporality through Heidegger. International Journal of Philosophy and Theology, London, v. 77, n. 3, p. 85-101, 2016.

EARLE, Ethan. A brief history of occupy Wall Street. New York: Rosa Luxemburg Stiftung, 2012.

EDGES, Chris; SACCO, Joe. Days of destruction, days of revolt. New York: Nation books, 2012.

FELLET, Um ano depois, qual o saldo dos protestos de junho de 2013? BBC News, São Paulo, ano 29, n. 189. p. 17, 13 jun. 2014.

FHOUTINE, Marie. 13 de Junho, o dia que não terminou. Carta Capital, São Paulo, ano 15, n. 73. p. 27, 16 sep. 2013.

FUKUYAMA, Francis. The end of history and the last man. New York: The Free Press, 1992.

GAGE, Beverly. When does a moment turn into a movement? New York Times, New York, ano 120, n. 7560, p. 21, 15 May 2018.

GELDER, Sarah Ruth. This changes everything: occupy Wall Street and the 99% movement. New York: Entertainment Corporation Staff YES! Berrett-Koehler Publishers, Incorporated, 2011.

GERSON, Michael. Conservatism meets Occupy Wall Streets. Washington Post, Washington, ano 97, n. 3.418, p. 9, 14 Oct. 2013.

GITLIN, Todd. Occupy nation: the roots, the spirit, and the promise of occupy Wall Street. New York: Itbooks, 2012.

GOHN, Maria da Glória. Teoria dos movimentos sociais paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Edições Loyola, 1997.

GOLDMACHER, Shane. Ocasio-Cortez Toppled a Giant. Are These N.Y. Democrats Next? New York Times, New York, ano 120, n. 7560, p. 21, 15 May 2018.

GOODWIN, Jeff; JASPER, James; POLLETTA, Francesca.(orgs.). Passionate politics: emotions and social movements. Chicago: University of Chicago Press. 2001

GOODWIN, Jeff; JASPER, James; POLLETA, Fracesca. The retourn of the repressed: the fall and rise of emotions in social movement theory. Mobilizations, Na International Journal, New York, v. 5 n. 1, p. 65-83, 2000.

GOYENS, Tom. Radical Gothan: anarchism in NYC: from Schwab`s saloon to occupy Wall Street. Urbana: University of Illinois Press, 2017.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Our broad present: time and contemporary culture. New York: Columbia University Press, 2014

HABERMAS, Jürgen. New social movements. Telos, New York, n. 49, p. 111-154, 1981

HABERMAS, Jürgen. The postnational constellation: political essays. Cambridge: Polity Press, 2001.

HAIVEN, Max; KHASNABISH, Alex. The radical imagination: social movement research in the age of austerity. London: Zed Books, 2014.

HARTOG, François. A Covid e o tempo: ‘Who is in the driver’s seat? HHMagazine. Humanidades em Rede, Mariana, p. 12-22, 03 fev. 2021.

HARTOG, François. Régimes d’historicité: présentisme et expériences du temps. Paris: Éditions du Seuil, 2003.

HAZEN, Don; LOHAN, Tara; PARRAMORE, Lynn. The 99%: how the occupy Wall Street movement is changing America. San Francisco: AlterNet, 2011.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000. p. 8-40.

KHATIB, Kate; KILLJOY, Margaret; MCGUIRE, Mike. We are many: reflections on movement strategy: from occupation to liberation. New York: editora AK Press, 2012.

KOSELLECK, Reinhart. Neuzeit’ remarks on the semantics of modern concepts of movement. In: FUTURE PAST: on the semantics of historical time. New York: Columbia University Press, 2004.

LORENZ, Blurred Lines. History, Memory and the Experience of Time. International Journal for History, Culture and Modernity, Amsterdam, v. 2, n. 1, p. 43-63, 2014.

NICOLAZZI Fernando. Muito além das virtudes epistêmicas: o historiador público em um mundo não linear. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n. 18, p. 18-34, jan./jun. 2018.

NOBRE, Marcos. Choque de democracia: razões da revolta. São Paulo: Editora Schwarcz, 2013.

PEREIRA, Mateus H. de Faria; ARAUJO, Valdei Lopes de V. Atualismo: pandemia e historicidades no interminável 2020. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 47, n. 1, e39802, 2021. Disponível em https://doi.org/10.15448/1980-864X.2021.1.39802. Acesso em: 09 mar. 2019.

POLLETTA, F. It was like a fever: storytelling in protest and politics. Chicago:

Chicago University Press, 2006.

ROSA, Harmut. Social acceleration: a new theory of modernity. New York: Columbia University Press, 2013.

SOUZA, Francisco Gouvêa de; GAIO, Géssica Guimarães; NICODEMO, Thiago Lima. Uma lágrima sobre a cicatriz: O desmonte da universidade pública como desafio à reflexão histórica (#UERJResiste). Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n. 17, p. 71-87, jul./dez. 2017.

STOCKMAN, Farah. ‘Yes, I’m Running as a Socialist.’ Why Candidates Are Embracing the Label in 2018. New York Times, New York, ano 120, n. 7.560, p. 21, 20 Apr. 2018.

TILLY, C. From mobilization to revolution. New York: Newberry Award Records, 1978.

TOLES, Tom. Occupy Wall Street Just Won. New York Times, New York, ano 119, n. 7560, p. 6, 13-15 Jul. 2015

TOURAINE, Alain. La voix et le regard. Paris: Seuil, 1978.

TUFECKI, Zeinep. Twitter and Tear Gaz: the power and fragility of network protest. New Haven: Yale University Press, 2017.

VIANNA, Luiz Werneck. O espírito do tempo e nos. O Estado de São Paulo, São Paulo, p.14-15, 1 maio 2016.

WHITE Mica. The end of the protest: a new playbook for revolution. Toronto: Penguin, 2016.

ŽIŽEK,Slavoj. Pandemia: Covid-19 e a reinvenção do comunismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2020.

THE OCCUPRINT PORTIFOLIO, New York, 2012.

Downloads

Publicado

2021-11-30

Como Citar

PEREIRA, Luisa Rauter. Fissuras do Presentismo: Mudança Histórica nos Protestos Políticos Contemporâneos. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 34, p. e0301, 2021. DOI: 10.5965/2175180313342021e0301. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180313342021e0301. Acesso em: 28 mar. 2024.