Igreja missionária, Igreja colonial: o ponto de vista dos Combonianos da Nigrizia ao longo da transição em Moçambique (1970-1975)

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DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180313342021e0108

Resumo

Esta pesquisa pretende apresentar o posicionamento dos Combonianos italianos diante das lutas independentistas nos PALOP, com destaque maior para Moçambique. Os Combonianos têm uma presença antiga e significativa em África e em Moçambique onde, principalmente no Centro e no Norte, sempre acompanharam a sua ação missionária com uma considerável proximidade às populações locais. No período que antecede a independência de Moçambique, os Combonianos lideraram o movimento de missionários e outras figuras de relevo da Igreja local para que se afirmasse uma mudança radical no tipo de missionação, assim como na Igreja no seu todo, quebrando a tradicional neutralidade dos católicos em relação ao Governo português e suas políticas. O artigo usa uma abordagem qualitativa, e está focado na análise do Jornal, Nigrizia dos Combonianos italianos, entre 1971 e 1975, procurando compreender o seu posicionamento em relação à “questão colonial”, que acaba incluindo não apenas duras críticas ao colonialismo lusitano, mas também à Igreja portuguesa e moçambicana, e, em parte, às hierarquias vaticanas. Tal ponto de vista fez com que os Combonianos “apostassem” no novo Governo da FRELIMO, sem, porém, calcular os riscos e as intolerâncias para com a religião católica que o novo socialismo moçambicano protagonizou.

Palavras-chave: independência; catolicismo progressista português; violência Colonial; Nova Missionação.

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Biografia do Autor

Laura António Nhaueleque, Universidade Aberta de Lisboa

Doutora em Relações Interculturais pela Universidade Aberta de Lisboa.
Investigadora da Universidade Aberta de Lisboa (Portugal) e do Instituto Superior Monitor (Moçambique)

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Publicado

2021-11-04

Como Citar

NHAUELEQUE, Laura António. Igreja missionária, Igreja colonial: o ponto de vista dos Combonianos da Nigrizia ao longo da transição em Moçambique (1970-1975). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 34, p. e0108, 2021. DOI: 10.5965/2175180313342021e0108. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180313342021e0108. Acesso em: 28 mar. 2024.