Marie Marcks: a visualidade do político e o Feminismo ilustrado na Alemanha (1963 - 2014)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180312312020e0104

Resumo

Lutas políticas e sociais têm visualidade. Para além do cerimonial que, por vezes, envolve a política, toda ação que se desenvolve no campo do político é, também, uma questão visual. Charges e cartuns, partes inerentes e destacadas da imprensa escrita, revelam-se também, dessa forma, ações comunicativas visuais, e são percebidas como uma ação política específica, com importância e efeito no campo público, político e social da aparência (Arendt). Elas se tornam documentos de sua época e de um determinado grupo político-social e se mostram, elas mesmas, na forma de representação, atuantes nesse espaço do político. É considerando essas características das charges que o presente artigo levanta as charges da desenhista alemã Marie Marcks, considerada uma das principais vozes do feminismo alemão. Atuante a partir da década de 1960, seus desenhos, com enorme aceitação e entrada na grande mídia, abordam temas caros ao feminismo de forma direta, mesmo em tempos ainda resistentes a eles. Dividido em três partes, o artigo explora, em primeiro lugar, a conceitualização do campo público/político e sua visualidade, caracterizando o espaço no qual transitam as charges e sua especificidade. Segue-se uma breve biografia de Marie Marcks e a caracterização da conjuntura de sua atuação para, em seguida, baseando-se no método documentário de análise de imagens, efetuar uma análise de algumas de suas obras mais representativas, dando conta, assim, do aspecto historiográfico e técnico da atuação de Marcks.

Palavras-chave: Marie Marcks. Charges. Opinião pública. Política. Feminismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vinícius Liebel, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Ciência Política pela Freie Universität Berlin (FUB - Alemanha)
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Referências

ANDERSON, Benedict. Imagined communities. London: Verso, 2006.

ANSART, Pierre. Ideologia, conflito e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1999.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

ARENDT, Hannah. A vida do espírito. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

BERGSON, Henri. O riso. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

BOHNSACK, Ralf. A Interpretação de imagens e o método documentário. Sociologias, Porto Alegre, n. 18, v. 9, p. 286-311, jun./dez. 2007.

BOHNSACK, Ralf. Qualitative bild- und videointerpretation. Opladen: Budrich, 2009.

EICKHOFF, Katharina. Ich war immer eine politische karikaturistin. SWR2 Kulturgespräch, [S.l.], 09 ago. 2012. Disponível em: https://www.swr.de/swr2/kultur-info/marie-marcks-zum-90-geburtstag/-/id=9597116/did=10160026/nid=9597116/ 1q2zbz6/index.html. Acesso em: 30 dez. 2019.

OLYMPIA 1936 war mein größtes Abenteuer. Frankfurter Allgemeine Zeitung. Frankfurt am Main, 13 set. 2013. Disponível em: https://www.faz.net/aktuell/feuilleton/bilder-und-zeiten/fragen-an-zwei-generationen-olympia-1936-war-mein-groesstes-abenteuer-12572588.html. Acesso em: 04 jan. 2020. Feuilleton. Fragen an zwei Generationen.

FREVERT, Ute. Women in german history. Oxford: Berg, 1997.

GREER, Germaine. A mulher eunuco. Rio de Janeiro: Artenova, 1971.

KLAUS, Elisabeth; WISCHERMANN, Ulla. Journalistinnen: eine geschichte in biographien und texten (1848-1990). Wien: LIT, 2013.

LIEBEL, Vinicius. A análise de charges segundo o método documentário. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicolle (org.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação. Petrópolis: Vozes, 2010. p. 182-196.

LIEBEL, Vinicius. Entre Sentidos e Interpretações: apontamentos sobre a análise documentária de imagens. ETD – Educação Temática Digital, v. 12, p. 172-189, 2011.

LIEBEL, Vinicius. O historiador e o trato com as fontes pictóricas. Topoi, Rio de Janeiro, v. 17, n. 33, p. 372-398, 2016.

LOWER, Wendy. As mulheres do nazismo. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

MARCKS, Marie. Ich war immer eine politische karikaturistin: ausstellung im Frankfurter Caricatura-Museum über ihr Lebenswerk eröffnet. [Entrevista cedida a] Katharina Eickhoff. SWR2 Kultur, Baden-Baden, 09 ago. 2012. Disponível em: https://www.swr.de/swr2/kultur-info/marie-marcks-zum-90-geburtstag//id=9597116/did=10160026/nid=9597116/1q2zbz6/ index.html. Acesso em: 09 jan. 2020.

MOUFFE, Chantall. Agonistique: penser politiquement le monde. Paris: Ed. Des Beaux-Arts, 2014.

MOUFFE, Chantall. Sobre o político. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

MUCHEMBLED, Robert. Insoumises: – une autre histoire des françaises. Paris: Autrement, 2013.

PRZYBORSKI, Aglaja. Bildkommunikation: qualitative bild- und medienforschung. Berlin: De Gruyter, 2017.

RANCIÈRE, Jacques. Le partage du sensible. Paris: La Fabrique, 2000.

SCHMITT, Carl. O conceito do político / teoria do partisan. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.

SCHRÖDER, Jens. Historische analyse: Spiegel und Stern im 66-Jahre-Auflagentrend. Meedia, München, 12 fev. 2016. Disponível em: https://meedia.de/2016/02/12/historische-analyse-spiegel-und-stern-im-66-jahre-auflagentrend-rekorde-mit-kennedy-und-dem-irak-krieg/. Acesso em: 08 jan. 2020.

SJÖHOLM, Cecilia. Doing aesthetics with Hannah Arendt. New York: Columbia Univ. Press, 2015.

STATEN, Henry. Wittgenstein and Derrida. Lincoln and London: Univ. of Nebraska Press, 1984.

Downloads

Publicado

2020-12-21

Como Citar

LIEBEL, Vinícius. Marie Marcks: a visualidade do político e o Feminismo ilustrado na Alemanha (1963 - 2014). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 31, p. e0104, 2020. DOI: 10.5965/2175180312312020e0104. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312312020e0104. Acesso em: 28 mar. 2024.