“El humor es una guerra que no produce muerte sino risa”: uma análise histórica do humor gráfico feminista latino-americano de Diana Raznovich (1990)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180312312020e0103

Resumo

O humor gráfico feminista de Diana Raznovich configura-se como instrumento de intervenção que visa problematizar a discriminação sofrida pelas mulheres em todas as áreas, desmascarando as estruturas que as aprisionavam nos anos finais do século XX, contexto de lutas feministas. Entendido como humor-guerra que tem como efeito o riso, a produção da cartunista argentina, uma das primeiras humoristas gráficas assumidamente feministas na América Latina, demonstra a complexidade e a fluidez do humor produzido com perspectiva de gênero, um desafio às limitadas abordagens da História Cultural do Humor, marcada por um cânone e por elaborações teóricas masculinas. Diante desse cenário teórico e histórico, este artigo pretende realizar uma análise histórica do humor gráfico feminista de Diana Raznovich. Com foco nas discussões sobre o papel das mulheres na produção humorística, no debate sobre as ideias de privado/público no humor, no potencial de mudança do humor feminista e nos impactos dos discursos sobre feminilidade na produção do riso, pretendo, a partir de textos e cartuns publicados em jornais latino-americanos na década de 1990, refletir sobre o potencial político revolucionário do humor feminista de Diana Raznovich.

Palavras-chave: Diana Raznovich. Feminismo. Humor Gráfico. Humor-guerra. América Latina.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cintia Lima Crescêncio, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professora do curso de História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas. Graduada em História na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestre e Doutora em História pelo Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). É coordenadora do grupo de pesquisa História, Mulheres e Feminismos - HIMUFE. Ministra disciplinas de Estudos de Gênero e História das Mulheres, Prática de Ensino e Pesquisa em História, Introdução à História da África, Estágios Obrigatórios.Tem experiência nas áreas de História das Mulheres e Estudos de Gênero, Teoria Feminista, História do Brasil, História do Cone Sul, História da Imprensa, História da Ditadura e Ensino de História, atuando nos seguintes temas: gênero, feminismos, ditadura, discurso, humor gráfico, riso, imprensa alternativa, ensino de história.

Referências

BARRECA, Regina. They used to call me snow white... but I drifted: women’s strategie use of humor. Penguin Book’s: USA, 1991.

CIXOUS, Hélène. O riso da Medusa. Journal of Women in Culture and Society. v. 1, n. 4, p. 875-893, Universidade de Chicago, 1976.

COTIDIANO MUJER. Urgente: se necesitan mujeres dispuestas a reír. Cotidiano Mujer, Montevideo, Ano 3, n. 20, 3 ago. 1987.

CRESCÊNCIO, Cintia Lima. Bia Sabiá em “O pessoal é político”: (re)invenção do político no humor gráfico feminista de Ciça (Nós Mulheres, 1976-1978). Fronteiras, Grande Dourados, v. 20, n. 35, p. 117-136, 2018.

CRESCÊNCIO, Cintia Lima. Humor Feminista. In: COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro Antônio (org.). Dicionário crítico de gênero. 2. ed. Dourados: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2019. v. 2. p. 405-408.

CRESCÊNCIO, Cíntia. Quem ri por último, ri melhor: humor gráfico feminista (Cone Sul, 1975-1988). Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.

DANTAS, Daiany Ferreira. Autobiografia de mulheres cartunistas: a aventura íntima da alteridade reinventada. Labrys, études féministes/estudos feministas, n. 19, jan./jun. 2011.

ERGÜL, Hilal. Gender roles in humor. In: ATTARDO, Salvatore (ed). Encyplopedia of humor studies. Texas: Texas A&M University, 2014. p. 262-263.

FRIEDAN, Betty. The feminine mystique. Nova York: Norton, 1963.

HOLT, Thomas. A articulação entre raça, gênero e economia política no programa britânico de emancipação, 1838-1866. In: COOPER, Frederick et al. (org). Além da escravidão: investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p. 91-129.

KASPER, Kátia Maria. Experimentações clownescas: os palhaços e a criação de possibilidades de vida. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.

KEMPINSKA, Olga Donata Guerizoli. Ironia e discurso feminino. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 465-476, maio/ago. 2014.

LE GOFF, Jacques. O Riso na Idade Média. In: BREMMER, Jan; ROODENBURG, Herman (orgs.). Uma história cultural do humor. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 65-82.

MACCLINTOCK, Anne. Couro Imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colônia. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

MARRA, Margareth. Subversive humor. In: ATTARDO, Salvatore (ed). Encyplopedia of humor studies. Texas: Texas A&M University, 2014. p. 742-744.

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005.

PIRES, Maria Conceição. Mulheres desregradas: autorretrato e o corpo grotesco nos cartuns de Chiquinha. Topoi, Rio de Janeiro, v. 20, n. 41, p. 302-316, maio/ago. 2019.

POLLOCK, Griselda. Diferenciando: el encuentro del feminismo com el canon. In: REIMAN, Karen Cordero; SÁENZ, Inda (orgs.). Crítica feminista en la teoría e historia del arte. [Cidade do México]: Universidad Iberoamericana, 2007a. p. 141-160.

POLLOCK, Griselda. Visión, voz y poder: historias feministas del arte y marxismo. In: REIMAN, Karen Cordero; SÁENZ, Inda (orgs.). Crítica feminista en la teoría e historia del arte. [Cidade do México]: Universidad Iberoamericana, 2007b. p. 45-80.

RAZNOVICH, Diana. Algunas cuestiones sobre el humor feminista. Feminaria, Buenos Aires, v. 7, n. 13, p. 30, nov. 1994.

RAZNOVICH, Diana. El humor de las humoristas. Dossiers Feministes, Castellón de la Plana, n. 8, p. 15-22, 2005. Humor y Mujeres: ¿Lo Pillas?

RAZNOVICH, Diana. Llorar em privado, reir em publico. Fempres, Santiago, ano 171, jan. 1996a.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress, Santiago, n.178, contracapa, ago. 1996b.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress, Santiago, n. 182, contracapa, dez. 1996c.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress. Santigago, n. 175, contracapa, mai. 1996d.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress. Santiago, n. 177, contracapa, jul. 1996e.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress. Santiago, n. 172-173, contracapa, fev./mar. 1996f.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress. Snatiago, n. 171, contracapa, jan. 1996g.

RAZNOVICH, Diana. [Contracapa]. Fempress. Santiago, n. 180, contracapa, out. 1996h.

SCOTT, Joan Wallach. A cidadã paradoxal: as feministas francesas e os direitos do homem. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2002.

SKINNER, Quentin. Hobbes e a teoria clássica do riso. São Leopoldo: Editora da Unisinos, 2002.

VARIKAS, Eleni. O pessoal é político: desventuras de uma promessa subversiva. Tempo, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 59-80, 1996.

WALKER, Nancy. Humor and Gender Roles: the ‘funny’ feminism of the Post-World War II Suburbs. In: DUDDEN, Arthur Power. (ed). American Humor. Oxford: Oxford University Press, 1987, p. 118-137.

WALKER, Nancy. What’s so funny?: humor in american culture. Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, 1998. (American Visions, 1.)

WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicação dos direitos da mulher. São Paulo: Boitempo, 2015.

WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do livro, 1994.

Downloads

Publicado

2020-12-21

Como Citar

CRESCÊNCIO, Cintia Lima. “El humor es una guerra que no produce muerte sino risa”: uma análise histórica do humor gráfico feminista latino-americano de Diana Raznovich (1990). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 31, p. e0103, 2020. DOI: 10.5965/2175180312312020e0103. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312312020e0103. Acesso em: 29 mar. 2024.