O retorno do Imortal: D. Pedro I mitificado pelos militares nas representações imagéticas das Revistas O Cruzeiro e Manchete no Sesquicentenário da Independência (1972)
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180306112014355Abstract
Este artigo intenciona problematizar as imagens veiculadas nas revistas O Cruzeiro e Manchete no ano do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Neste evento comemorativo, a figura do monarca D. Pedro I, representante da “unificação do país”, fica evidenciada nos anais da história pátria, após um acordo diplomático luso-brasileiro e a chegada de parte do corpo do Imperador ao Brasil, com exceção do coração, deixado por ele em testamento à cidade do Porto. A estratégia do regime militar brasileiro em conduzir D. Pedro I à virtude por meio da reelaboração positiva de sua figura está relacionada às suas façanhas militares realizadas no comando do exército liberal em Portugal, a partir de 1828, quando luta contra o governo absolutista de seu irmão, D. Miguel. As representações imagéticas do traslado ao Brasil de seus restos mortais, em abril de 1972, no governo do General Médici, demonstram a simbologia dos elementos de memória evocados pela política do Estado autoritário, sedenta por atos comemorativos e envolta em cerimoniais de cunho espetacular. A ampla divulgação veiculada pelas revistas está vinculada a uma clara intenção dos militares em apropriar-se de atos comemorativos para mitificar a figura de D. Pedro I no panteão dos heróis nacionais, a partir da utilização de aspectos da história pátria e arsenais imagéticos carregados de significados propulsores da memória.
Palavras-chave: Representações imagéticas; D. Pedro I; Memória; O Cruzeiro; Manchete.
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