Realidade e literatura: ditadura militar chilena, forclusão dos horizontes de expectativa e portas entreabertas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180312292020e0202

Resumo

Neste artigo, pretendo fazer uma reflexão sobre a relação entre a antropologia, a história e a literatura e o seu papel na leitura dos processos sociais, a partir de: (1) uma abordagem de duas obras literárias -  El Palacio de la Risa (2014), de Germán Marín e  Nocturno de Chile (2000), de Roberto Bolaño; (2) dos elementos de terreno de uma visita a um dos locais de detenção clandestina, tortura e extermínio da ditadura chilena (1973-1990); (3) do cinema documental de Patricio Guzmán, Carmen Castillo e Pablo Salas.  Através da sugestão conceptual de Daniel Bensaïd, exploro os limites da forclusão dos horizontes da expectativa, atribuível à supressão da ligação ao espaço da experiência, que conduz a uma anemia da razão crítica. Entre a ficção e o real, interrogo o encadeamento do imaginado, do imaginário e da realidade, e exploro a relação com os passados dolorosos, com o papel continuado do medo, bem como a sua superação, através dos mecanismos poderosos da memória colectiva no Chile.

Palavras-chave: Antropología. História. Literatura. Forclusão. Chile.

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Biografia do Autor

Paula Godinho, Universidade Nova de Lisboa

Paula Godinho, n:1960, PhD Antropologia, FCSH-UNL, 1998, p.godinho@fcsh.unl.pt, investigadora no Instituto de História Contemporânea e professora associada com agregação no Departamento de Antropologia da FCSH-Universidade Nova de Lisboa. Entre outras obras publicou: Memórias da Resistência Rural no Sul (Couço, 1958-1962), Celta, 2001; O leito e as margens - Estratégias familiares de renovação e situações liminares no Alto Trás-os-Montes raiano, Colibri, 2006; Festas de Inverno no Nordeste de Portugal – património, mercantilização e aporias da «cultura popular», 100Luz, 2010; «Oír o galo cantar dúas veces» -Identificacións locais, culturas das marxes e construción de nacións na fronteira entre Portugal e Galicia, Imprenta Deputación Ourense, 2011; O futuro é para sempre - Experiência, expectativa e práticas possíveis, Letra Livre e Através Editora, 2017. Publicou e coordenou livros e artigos em vários países, e é professora convidada de diversas universidades (Espanha, França, Brasil). Comissariou a exposição “Entre Margens – O Tratado de Limites de 1864 entre Portugal e Espanha” no ANTT (2014-2015). Fundadora da Red(e) Ibero-Americana Resistência e/y Memória. Prémio Xesús Taboada Chivite, 2008 (Espanha). Coordenadora da linha de investigação «Usos do passado, memória e património cultural», do IHC-FCSH-NOVA.

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Publicado

2020-04-20

Como Citar

GODINHO, Paula. Realidade e literatura: ditadura militar chilena, forclusão dos horizontes de expectativa e portas entreabertas. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 29, p. e0202, 2020. DOI: 10.5965/2175180312292020e0202. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312292020e0202. Acesso em: 22 dez. 2024.