Tramar histórias para adiar o fim do mundo: estratégias do comum para nomear, descentralizar e perspectivar a modernidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/19847246242023e0201

Palavras-chave:

cosmopolítica, antropoceno, ecologia, perspectivismo ameríndio, amefricanidade

Resumo

Assumindo como íntimas as relações entre natureza e política, o presente texto se dedica a pensar sobre as narrativas e os processos pelos quais certas cosmopolíticas se relacionam no contexto de uma época geológica do Antropoceno. Partimos de notícias que indiciam uma atual conjuntura de crise climática, catástrofe planetária e fim de mundo para apresentar, inicialmente, uma discussão sobre verdade e negacionismo em relação a uma ética ficcional. Em seguida, com o intuito de valorizar a composição como estratégia para deslocar a centralidade de alguns saberes herdeiros da modernidade, reunimos as perspectivas de vertente ecológica, ameríndia e amefricana para refletir sobre a incidência desta problemática no cenário brasileiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lúcia Karam Tietboehl, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, -UFRGS. Doutoranda em Psicologia Social e Institucional na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

Léo Karam Tietboehl, Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ

Mestre em Psicanálise Clínica e Cultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Doutorando em Teoria Psicanalítica na Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ.

Referências

ANGELI, Maria Eduarda; BERNARDES, Gabriela. Chuvas na Bahia e em Minas causam 12 mortes e deixam mais de 9 mil desabrigados. Correio Brasiliense, [s. l.], 14 dez. 2021. Enchentes. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/12/4970601-12-mortos-nas-chuvas-na-bahia-e-em-minas.html. Acesso em: 30 out. 2022.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da história. In: OBRAS ESCOLHIDAS: vol. 1. magia e técnica, arte e política. ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 222-232.

BOHRER, Larissa. Governo Bolsonaro bate próprio recorde e libera uso de 550 novos agrotóxicos em 2021. Brasil de Fato, [s. l.], 12 jan. 2021. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2022/01/12/governo-bolsonaro-bate-proprio-recorde-e-libera-uso-de-550-novos-agrotoxicos-em-2021. Acesso em: 30 out. 2022.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. Metafísicas canibais. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

COSTA, Alyne. Negacionistas são os outros. Piseagrama, [s. l.], v. 15, p. 64-73, 2021.

CRUTZEN, Paul; STOERMER, Eugene. O antropoceno. PISEAGRAMA, [s. l.], 2015. Disponível em: https://piseagrama.org/o-antropoceno/. Acesso em: 11 out. 2022.

DANTAS, Carolina. Relatório que mostra alta de 22% no desmate tem data anterior a COP26; ONGs apontam escândalo e omissão. G1 - Portal de Notícias, [s. l.], 18 nov. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2021/11/18/relatorio-que-mostra-alta-de-22percent-no-desmate-tem-data-anterior-a-cop26-ongs-apontam-escandalo-e-omissao.ghtml. Acesso em: 30 out. 2022.

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA SECA HISTÓRICA NO PANTANAL. Portal da Câmara dos Deputados, [s. l.], 15 jul. 2021. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/786400-especialistas-alertam-para-seca-historica-no-pantanal/. Acesso em: 30 out. 2022.

FISHER, Elizabeth. Woman’s creation: sexual evolution and the shaping of society. 1st ed. Garden City, N.Y: Anchor Press, 1979.

FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert; RABINOW, Paul. Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e de hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

GALVANI, Giovanna; CANDAL, Ludmila. “Seca do Rio Grande do Sul é a maior dos últimos 70 anos”, diz agrometeorologista. CNN Brasil, [s. l.], 8 fev. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/seca-do-rio-grande-do-sul-e-a-maior-dos-ultimos-70-anos-diz-agrometeorologista/. Acesso em: 30 out. 2022.

GILROY, Paul. O Atlântico negro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2012.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, [s. l.], v. 92, n. 93, p. 69-82, 1988.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1990.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, [s. l.], n. 5, p. 7–41, 1995.

HARAWAY, Donna Jeanne. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham: Duke University Press, 2016. (Experimental futures: technological lives, scientific arts, anthropological voices).

KOPENAWA, Davi. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

LAMBERT, Leandra. “O tempo do qual a terra nos olha”: de refúgios, artes, narrativas e tecnologias no mundo sublunar. Metamorfose, [s. l.], v. 4, n. 4, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/metamorfose/article/view/34439. Acesso em: 31 out. 2022.

LATOUR, Bruno. Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno: volume 1. 1.ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

LATOUR, Bruno. Politicas de natureza: como associar as ciencias a democracia. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

LE GUIN, Ursula. A teoria da bolsa de ficção. São Paulo: n-1 Edições, 2021.

LOVELOCK, James E.; MARGULIS, Lynn. Atmospheric homeostasis by and for the biosphere: the gaia hypothesis. Tellus, [s. l.], v. 26, n. 1-2, p. 2-10, 1974.

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [s. l.], v. 32, n. 94, p. 01, 2017.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

NASCIMENTO, Beatriz. O conceito de Quilombo e a resistência cultural negra. Afrodiáspora, [s. l.], v. 6-7, p. 41-49, 1985.

RODRIGUES, Larissa. Bolsonaro prioriza ameaça aos povos indígenas com projeto que libera mineração. Folha de S.Paulo, [s. l.], 2 mar. 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/02/bolsonaro-prioriza-ameaca-aos-povos-indigenas-com-projeto-que-libera-mineracao.shtml. Acesso em: 30 out. 2022.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, [s. l.], v. 26, p. 83-94, 2014.

SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Encruzilhadas. In: FOGO no mato: a ciência encantada das macumbas. 1. ed. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2018.

SODRÉ, Muniz. Pensar nagô. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.

SOUZA, Tadeu de Paula; DAMICO, Jose Geraldo; DAVID, Emiliano de Camargo. Paradoxos das políticas identitárias: (des)racialização como estratégia quilombista do comum. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, [s. l.], v. 42, n. 3, e56465, 2020. STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, [s. l.], n. 69, p. 442-464, 2018. Acesso em: 30 out. 2022.

STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. são Paulo: Cosac Naify, 2015.

Downloads

Publicado

2023-08-30

Como Citar

TIETBOEHL, Lúcia Karam; TIETBOEHL, Léo Karam. Tramar histórias para adiar o fim do mundo: estratégias do comum para nomear, descentralizar e perspectivar a modernidade . PerCursos, Florianópolis, v. 24, p. e0201, 2023. DOI: 10.5965/19847246242023e0201. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/22894. Acesso em: 1 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê “Perspectivas contracoloniais e ecologias antirracistas em tempos de catástrofes planetárias”