Tecnologias da informação e conhecimento geográfico: análise do uso das geotecnologias a partir da obra de Milton Santos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/198472462351202265

Palavras-chave:

Milton Santos, tecnologias da informação, políticas públicas territoriais, conhecimento geográfico, densidade técnica, objetos técnicos

Resumo

Este artigo visa abordar o papel das denominadas geotecnologias (sensoriamento remoto orbital, sistemas de informação geográfica e sistemas de posicionamento global - GPS) e suas implicações para o conhecimento geográfico a partir da obra de Milton Santos e, particularmente, apresentar exemplos do papel assumido pelo emprego de tecnologias da informação e seus sistemas técnicos como subsídio para a formulação e suporte de políticas públicas territoriais. As tecnologias da informação, entendidas como densidade técnico-informacional do espaço geográfico, ocasionam novas formas de uso, organização e regulação do território. Os sistemas técnicos que envolvem as geotecnologias tendem à unicidade técnica e à totalidade dos lugares, possibilitando a instantaneidade e a simultaneidade da informação e, assim, o aumento qualitativo da cognoscibilidade do planeta. São apresentadas algumas limitações das geotecnologias que poderiam levar a um reducionismo do entendimento do espaço geográfico às suas formas instrumentais e também as possibilidades latentes de usos diferentes ao sentido em que foram concebidas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcel Petrocino Esteves, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Geógrafo e Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Referências

ANTAS JUNIOR, Ricardo Mendes. Território e regulação: espaço geográfico, fonte material e não-formal do direito. São Paulo: Associação Editorial Humanitas: Fapesp, 2005.

ARNOULD, Jacques. La Terre d'un clic: du bon usage des satellites. Paris: Odile Jacobs, 2010.

BALASTREIRE, Luiz Antônio. O estado-da-arte da agricultura de precisão no Brasil. Piracicaba: L.A. Balastreire, 2000.

BENAKOUCHE, Tamara. Tecnologia é sociedade: contra a noção de impacto tecnológico. In: DIAS, Leila Christina; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima (orgs.). Redes, sociedades e território. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2005. p. 79-106.

BECKER, Bertha; EGLER, Cláudio Antônio Gonçalves. Detalhamento da metodologiapara a execução do zoneamento de risco ecológico-econômico pelos estados da Amazônia Legal. Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos e Ministérios do Meio Ambiente, 1997.

BECKER, Bertha. Logística e nova configuração do território brasileiro: que geopolítica será possível? In: DINIZ, Clélio Campolina. Políticas de desenvolvimento regional: desafios e perspectivas à luz das experiências da União Européia e do Brasil. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2007. p. 267-299.

BUZAI, Gustavo Daniel. La geografía y la automación digital: panomara para el siglo XXI. In: MAHECHA, Ovidio Delgado; GARRIDO, Hellen Cristancho Garrido (eds.). Globalización y territorio: reflexiones em América Latina. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2009. p. 83-102.

CÂMARA, Gilberto. Geometrias não são geografias: o legado de Milton Santos. InfoGeo, Curitiba, n. 20, p.34-35, jul. 2001.

CAPEL, Horacio. Filosofía y ciencia en la geografía contemporánea: una introducción a la geografía – nueva edición ampliada. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2012.

CAPEL, Horacio. Filosofía y ciencia en la geografía, siglos XVI-XXI. Investigaciones Geográficas, México: Instituto de Geografía, UNAM, n. 89, p. 5-22, 2016. Disponível em: https://www.elsevier.es/en-revista-investigaciones-geograficas-boletin-del-instituto-118-articulo-filosofia-ciencia-geografia-siglos-xvi-xxi-S018846111630019X. Acesso em: 10 set. 2021.

CASTILLO, Ricardo Abid. Sistemas orbitais e uso do território: integração eletrônica e conhecimento digital do território brasileiro. 1999. Tese (Doutorado em Geografia) − Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

CASTILLO, Ricardo Abid. Evolução técnica, conhecimento da paisagem e uso corporativo do território brasileiro. In: SOUZA, Álvaro José; SOUZA, Edson Clemente; MAGNOLI JR., Lourenço (orgs.). Paisagem, território e região: em busca da identidade. Cascavel: Edunioeste, 2000. p. 37-42.

CASTILLO, Ricardo Abid. A imagem de satélite como estatística da paisagem. Crítica a uma concepção reducionista da Geografia. Ciência Geográfica, Bauru, v. 1, n. 21, p. 39-42, 2002.

CREPANI, Edison et al. Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicados ao zoneamento ecológico-econômico. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 1996.

CUNHA, Gilberto Rocca; ASSAD, Eduardo Delgado. Uma visão geral do número especial da RBA sobre o zoneamento agrícola no Brasil. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Passo Fundo: UFSM, v. 9, n. 3, p. 377-385, 2001.

DOBSON, Jerome. The geographic revolution: a retropesctive on the age of automated geography. The Professional Geographer, Washington D.C., v. 45, n. 4, p. 431-439, 1993.

ELLUL, Jacques. A técnica e o desafio do século. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

ESTEVES, Marcel Petrocino Tecnologia da informação e organização do território brasileiro: as implicações do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR). 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia) −Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

ESTEVES, Marcel Petrocino. o modelo de reforma agrária de mercado do Banco Mundial: implicações dos programas executados no Brasil e na América Latina. In: COLOQUIO INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA, 12, 2012, Bogotá. Actas [...] Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2012. p. 1-14. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/coloquio2012/actas/14-M-Esteves.pdf. Acesso em: 15 maio 2021.

FAGNANI, Eduardo. O fim do breve ciclo de cidadania social no Brasil (1988-2019): o papel da “Reforma” da Previdência do Governo Bolsonaro. In: ETULIAN, Carlos Raul (org.). Políticas públicas no Brasil: estudos interdisciplinares contemporâneos. Córdoba: Editorial de la UNC; Campinas: Universidade Estadual de Campinas-Unicamp: Núcleo de Estudos de Políticas Públicas-Nepp, 2021. p. 28-52.

GRANGER, Gilles-Gaston. Ciência e as ciências. São Paulo: Editora UNESP, 1994.

INAMASU, Ricardo Yassushi; BERNARDI, Alberto Carlos de Campos. Agricultura de Precisão. In: BERNARDI, Alberto Carlos de Campos et al. (eds.). Agricultura de precisão: resultados de um novo olhar. Brasília: Embrapa, 2014. p. 21-33. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1002959/1/Agriculturadeprecisao2014.pdf. Acesso em: 21 maio 2021.

ISNARD, Hildebert. O espaço geográfico. Coimbra: Almedina, 1982.

LACOSTE, Yves. Avant-propos: les enjeux de la géographie. In: MORLIN, Élisabeth (dir.). Penser la Terre Paris. Stratèges et citoyens: le réveil des géographes, Paris, Autrement, n. 152. p. 11-26, 1995.

MASSRUHÁ, Silvia Maria Fonseca Silveira. Agro 4.0 - rumo à agricultura digital. Controle & Instrumentação, [s.l.], ano 21, n. 235, p. 56-59, 2018. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1073150. Acesso em 08 set. 2021.

ORTEGA Y GASSET, José. A meditação da técnica. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1963.

PIKE, Richard. Geography on the planets: gift of remote sensing. The Professional Geographer, Washington D.C., v. 39, n. 2, p. 131-145, 1987.

PICKLES, John. Ground truth: the social implications of geographic information systems. New York: The Guilford Press, 1995.

RIBEIRO, Ana Clara Torres. Matéria e espírito: o poder (des)organizador dos meios de comunicação. In: PIQUET, Rosélia; RIBEIRO, Ana Clara Torres (orgs.). Brasil, território da desigualdade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991. p. 44-55.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estudos Avançados, São Paulo: Universidade de São Paulo, v. 2, n. 2, p. 46-71, 1988.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. Porto: Afrontamento, 1995.

SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985.

SANTOS, Milton. Técnica, espaço e tempo. São Paulo: Hucitec, 1994.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997.

SANTOS, Milton. O território e o saber local: algumas categorias de análise. Cadernos IPPUR, Rio de Janeiro, ano XIII, n. 2, p. 15-26, 1999.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.

TACHON, Frédéric.Une merveille à maîtrisier, les SIG. In: MORLIN, Élisabeth (dir.). Penser la Terre. Stratèges et citoyens: le réveil des géographes, Paris: Autrement, n. 152. p. 159-165, 1995.

VARGAS, Milton. História da técnica e da tecnologia no Brasil. São Paulo: Editora da Unesp, 1994.

Downloads

Publicado

2022-05-13

Como Citar

ESTEVES, Marcel Petrocino. Tecnologias da informação e conhecimento geográfico: análise do uso das geotecnologias a partir da obra de Milton Santos. PerCursos, Florianópolis, v. 23, n. 51, p. 265–284, 2022. DOI: 10.5965/198472462351202265. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/21085. Acesso em: 18 nov. 2024.