Chamada para Dossiê O trágico e a arte

2023-11-17

Dossiê O trágico e a arte

Organizado pela Profa. Dra. Angela Brandão (UNIFESP) e Prof. Dr. Cássio da Silva Fernandes (UNIFESP)

Data limite para submissões: 01/03/2024

Como dimensionar o sentimento do trágico na arte em tempos de banalização da morte e naturalização das violências? O esgarçamento das imagens dos sofrimentos humanos pelo cinema, pelo audiovisual, pelo fotojornalismo e pelas redes sociais teriam a capacidade de provocar o fim do sentimento trágico, ou a impressão de que já vimos tudo e de que nada mais importa? Tornamo-nos "almas mortas”? 

Interessa-nos discutir como a dor física, que atinge nosso próprio corpo ou os corpos das pessoas que amamos (através de um ferimento, da doença e da morte), foi representada por criações artísticas de diferentes tempos e lugares. Ainda nessa esfera íntima, de que modo as artes expressaram as diferentes formas de sofrimento psicológico ou espiritual: o dilema, a depressão, a solidão, o suicídio, o sacrifício e o martírio, o desespero e a loucura.

Por outro lado, cabe especialmente a demanda sobre as formas com as quais as artes manifestaram o sentimento trágico coletivo diante de eventos extremos: as catástrofes naturais, os crimes ambientais e crimes contra a Humanidade, as epidemias, guerras e destruições; ou diante das tragédias continuadas: explorações, racismo, preconceitos, violências, injustiças, fome, miséria e colonialismos. Tragédias coletivas, agudas ou crônicas, estendidas sobre incontáveis corpos de pessoas que não conhecemos e que padecem e morrem anonimamente como “dados estatísticos".  

Em que medida a estetização das agruras humanas foi competente para denunciar e provocar mudanças ou apenas redundou em banalização? 

A tragédia pode ser pensada, desde sua origem como gênero teatral e literário, em diálogo com a noção do herói e do mito; em sua acepção histórica, a partir da experiência Antiga e seus desdobramentos. Enquanto categoria estética, potencialmente em diálogo com a literatura, cumpre ser pensada na dramaturgia e no espetáculo, na fotografia ou no cinema; e nas artes visuais tradicionalmente entendidas enquanto tal: pintura, escultura, gravura, desenho e suas múltiplas linguagens e materialidades. A tragédia como elemento do humano, expressa em imagens por reações físicas e por gestos, representações de tensões de alma que atingem uma potencialidade patética.

Tais inquietações são um convite para que pesquisadores em artes, história da arte e áreas afins reflitam e produzam artigos inéditos para compor o dossiê "O trágico e a arte”.