Vetores harmônicos: Ensaio de uma sistemática das progressões harmônicas

Autores

  • Nicolas Meeùs University Paris-Sorbonne
  • Marília do Espírito Santo Carvalho Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas Universidade do Estado de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5965/2525530402012017171

Palavras-chave:

Teoria e Análise Musical, Progressões Harmônicas, Nicolas Meeùs

Resumo

Apresenta-se aqui uma versão em português daquele que é considerado por seu autor, o musicólogo belga Nicolas Meeùs (1944-), como o ensaio fundador da teoria dos vetores harmônicos. O texto foi originalmente publicado em francês em 1988 pela revista Fascicules d’Analyse Musicale e, na presente tradução, recebe alguns adendos e comentários. Neste ensaio, Meeùs retoma o debate acerca da classificação das progressões harmônicas, revisa a argumentação de autores que marcam a história da teoria musical ao longo do século XX – Hugo Riemann, Heinrich Schenker e Arnold Schoenberg – e percebe, nessa argumentação, a contribuição de teóricos anteriores, tais como Jean-Philippe Rameau, Gottfried Weber, Anton Bruckner e Simon Sechter. Destaca- -se também o diálogo que Meeùs estabelece com a sistematização recente, publicada em 1980, por Yitzhak Sadai. Por fim, para ilustrar a tese de que é possível reduzir a sintaxe das progressões harmônicas a apenas duas categorias – chamadas então de “vecteur dominant” e “vecteur sous-dominant” –, Meeùs experimenta a análise vetorial em obras de J. S. Bach, Beethoven e Chopin.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marília do Espírito Santo Carvalho, Universidade do Estado de Santa Catarina

Aluna do mestrado em Música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), é formada em flauta doce, flauta transversal e arranjo pela Escola de Música de Brasília (CEP/EMB). É licenciada em Educação Artística – Música pela Universidade de Brasília (UnB). Atuou como coordenadora e professora do curso de flauta doce no projeto Música para Crianças da UnB. É professora efetiva do CEP/EMB, onde coordenou o Núcleo de Música Antiga e leciona Flauta Doce, Prática de Conjunto, Música de Câmara e Banda Antiga. Desde 2007, atua na produção de trilhas sonoras de espetáculos de teatro de grupos de Brasília, tais como a Andaime Cia de Teatro e a Cia Os Buriti. É membro fundadora da banda de música folk irlandesa Tanaman Dùl.

Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas, Universidade do Estado de Santa Catarina

Professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Possui mestrado e doutorado (“Que acorde ponho aqui? Harmonia, práticas teóricas e o estudo de planos tonais em música popular”, UNICAMP, 2010) no campo da teoria e análise da música popular e é membro dos grupos de pesquisa "Processos Músico - Instrumentais" (UDESC) e "Música Popular: história, produção e linguagem" (UNICAMP). Sua atuação docente, pesquisas e publicações se desenvolvem nos campos da teoria e análise musical, contraponto, arranjo, música popular e harmonia tonal. Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “Para tudo na vida tem um acorde? Da persistência das ideias românticas na apreciação valorativa da música popular”.

Referências

BENT, Ian D. Analysis, with a glossary by William Drabkin. London: Macmillan, 1987.

BERNSTEIN, David W. Nineteenth-century harmonic theory: the Austro-German legacy. In: CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge history of western music theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 778-811.

BERNSTEIN, David W. Schoenberg contra Riemann: Stufen, regions, verwandtschaft, and the theory of tonal function. Theoria: Historical Aspects of Music Theory, v. 6, p. 23-53, 1992.

BERNSTEIN, David W. Symmetry and symmetrical inversion in turn-of-the-century theory and practice. In: HATCH, Christopher e BERNSTEIN, David W. (Ed.). Music theory and the exploration of the past. Chicago: Chicago University Press, 1993. p. 377-407.

BRISOLLA, Cyro Monteiro. Princípios de harmonia funcional. São Paulo: Novas Metas, 1979.

BRUCKNER, Anton. Vorlesungen über Harmonielehre und Kontrapunkt an der Universität Wien, Viena: Österreichische Bundesverlag, 1950.

BURNHAM, Scott. Method and motivation in Hugo Riemann's history of harmonic theory. Music Theory Spectrum, v. 14, n. 1. p. 1-14, Spring 1992.

CHENEVERT, James. Simon Sechter's the principles of musical composition: A translation of and commentary on selected chapters. Ph.D. dissertation, University of Wisconsin, Madison, 1989.

CUGNY, Laurent. Analyser le jazz. Paris: Outre mesure, 2009.

DAHLHAUS, Carl. Studies in the origin of harmonic tonality. Oxford: Princeton University Press, 1990.

DAHLHAUS, Carl. Ueber den Begriff der tonalen Funktion. Beiträge zur Musiktheorie 19. Jahrhunderts, M. Vogel ed., Regensburg, 1966.

DELIÈGE, Célestin Les fondements de la musique tonale. Paris, 1984.

D'INDY, Paul Marie Théodore Vincent. Cours de composition musicale (premier livre). Paris: A. Durand, 1912.

DUDEQUE, Norton E. Music theory and analysis in the writings of Arnold Schoenberg. Aldershot: Ashgate, 2005.

DUDEQUE, Norton E. Sobre o Harmonia de Arnold Schoenberg. Per Musi, Belo Horizonte, v. 9, p. 114-123, 2004.

FEDERHOFER, Hellmut. Akkord und Stimmführung in den Musiktheoretischen Systemen von Hugo Riemann, Ernst Kurth und Heinrich Schenker, Vienne, 1981.

FEDERHOFER, Hellmut. Die Funktionstheorie Hugo Riemanns und die Schinchtenlehre Heinrich Schenkers. Bericht über den Internationalen Musikwissenschaftlichen Kongress, Wien Mozartjahr 1956, Graz, 1958, pp. 183-190.

FORTE, Allen e GILBERT, Steven E. Introduction to Schenkerian Analysis. New York; W. W. Norton, 1982.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Que acorde ponho aqui? Harmonia, práticas teóricas e o estudo de planos tonais em música popular. Tese (Doutorado em Música). Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

GJERDINGEN, Robert O. A guide to the terminology of German Harmony. In: DAHLHAUS, Carl. Studies in the origin of harmonic tonality. Oxford: Princeton University Press, 1990. p. xi-xv.

GRIMM, Carl William. An essay on the key-extension of modern harmony. Cincinnati: Willis Music Co., 1906.

HARRISON, Daniel. Harmonic function in chromatic music: a renewed dualist theory and an account of its precedents. Chicago, University of Chicago Press, 1994.

HYER, Brian. Tonality. In: CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge history of western music theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 726 – 751.

KLUMPENHOUWER, Henry. Dualist tonal space transformation in nineteenth-century musical thought. In: CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge history of western music theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p. 456-476.

KOELLREUTTER, Hans-Joachim. Harmonia funcional: introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1980.

KOPP, David. Chromatic transformations in nineteenth-century music. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

KOPP, David. On the function of function. Music Theory Online, v.1, n.3, 1995.

KURTH, Ernst. Die Voraussetzungen der theoretischen Harmonik und der tonalen Darstellungssysteme, München: Katzbichler, 1973.

LA MOTTE, Diether de. Armonía. Barcelona: Editorial Labor, 1993.

MEEÙS, Nicolas. À Propos du rôle de l’harmonie des médiantes dans l’oeuvre de Debussy. Mélanges de musicologie 1 (Publications d’histoire de l’art et d’archéologie de l’Université catholique de Louvain IV), 1974, p. 27-36. Republié dans Fascicules d’Analyse Musicale IV (1991), p. 83-94.

MEEÙS, Nicolas. Análise schenkeriana. Traduzido do francês por Luciane Beduschi. 2009 (Mimeo).

MEEÙS, Nicolas. Note sur les vecteurs harmoniques. Musurgia VIII/3-4, 2001, p. 61-64.

MEEÙS, Nicolas. Systématique des progressions harmoniques, Fascicules d’Analyse Musicale II/1, 1989, p. 11-20.

MEEÙS, Nicolas. Tonal and "Modal" Harmony: A Transformational Perspective. Keynote address at the Dublin International Conference on Music Analysis (2005). Théorie des vecteurs harmoniques et théorie néo riemannienne (adaptação em francês da comunicação apresentada na Dublin International Conference on Music Analysis), 2005.

MEEÙS, Nicolas. Toward a post-schoenbergian grammar of tonal and pre-tonal harmonic progressions. Music Theory Online, 6/1, 2000.

MEEÙS, Nicolas. Vecteurs harmoniques: Essai d’une systématique des progressions harmoniques, Fascicules d’Analyse Musicale I/3, 1988, p. 87-106.

MICKELSEN, William Cooper e RIEMANN, Hugo. Hugo Riemann's theory of harmony a study by William C. Mickelsen and History of music theory, book III. Lincoln: University of Nebraska Press, 1977.

MISHORI, Nathan. Sadai, Yitzhak. Grove Music Online. Oxford Music Online. Oxford University Press, 2007.

OLIVEIRA, Marilena de; OLIVEIRA, J. Zula de. Harmonia funcional. São Paulo: Cultura Musical, 1978.

POUND, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1986.

RAMEAU, Jean-Philippe. Génération harmonique, ou Traité de musique théorique et pratique. Paris: Prault fils, 1737. Reimpresso em The Complete Theoretical Writings of Jean-Philippe Rameau, v. 3. Rome: American Institute of Musicology, 1968.

REHDING, Alexander. Hugo Riemann and the birth of modern musical thought. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

RIEMANN, Hugo (sob o pseudônimo de Hugibert Ries). Musikalisches Logik, em Neua Zeitschrift für Musik (1872). In: RIEMANN, Hugo. Präludien und Studien III, Leipzig, 1901.

RIEMANN, Hugo [Hugibert Ries]. Musical logic: a contribution to the theory of music. Journal of Music Theory, n. 44, p. 100-126, Spring, 2000.

RIEMANN, Hugo. Bajo cifrado: armonía práctica realizada al piano. Barcelona: Editorial Labor, 1951.

SADAI, Yitzhak. Harmony in its systemic and phenomenological aspects, Jerusalém: Yanetz, 1980.

SADAI, Yitzhak. L’application du modele syntagmatique-paradigmatique à l’analyse des fonctions harmoniques. Analyse musicale, n. 2. 1986.

SALZER, Felix. Structural hearing: Tonal coherence in music. New York: Dover publications, 1962.

SASLAW, Janna K. Gottfried Weber and the concept of Mehrdeutigkeit. Columbia University, 1992. (Tese de Doutorado).

SCHENKER, Heinrich. Der Freie Satz. Neue Musikalische Theorien und Phantasien, v. III, Vienne, Universal, 1935. L'Écriture libre. Traduction française de Nicolas Meeùs, Liège-Bruxelles, Mardaga, 1993.

SCHENKER, Heinrich. Tratado de armonia. Madrid: Real Musical, 1990.

SCHOENBERG, Arnold. Funções estruturais da harmonia. São Paulo: Via Lettera, 2004.

SCHOENBERG, Arnold. Harmonia. São Paulo: Ed. da Unesp, 2001.

SECHTER, Simon. Die Grundsätze der musikalischen Komposition. Erste abtheilung: Die richtige folge der grundharmonien, oler vom fundamentalbass und dessen umkehrungen und stellvertretern. Leipzig: Druck und Verlag von Breitkopf und Härtel, 1853.

SESSIONS, Roger. Heinrich Schenker's contribution. Critical Inquiry, v. 2, n. 1, p. 113-119, 1975.

SHIRLAW, Matthew. The nature of the minor harmony. The musical quarterly, v. 17, n. 4, p. 509-524, 1931.

SHIRLAW, Matthew. The theory of harmony: an inquiry into the natural principles of harmony, with an examination of the chief systems of harmony from Rameau to the present day. London: Novello, 1917.

WASON, Robert W. Viennese harmonic theory from Albrechtsberger to Schenker and Schoenberg. Rochester, NY: University of Rochester Press, 1995.

WEBER, Gottfried. Theory of musical composition, treated with a view to a naturally consecutive arrangement of topics. Boston: O. Ditson, 1853.

Downloads

Publicado

2017-12-19

Como Citar

MEEÙS, Nicolas; CARVALHO, Marília do Espírito Santo; FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Vetores harmônicos: Ensaio de uma sistemática das progressões harmônicas. Orfeu, Florianópolis, v. 2, n. 1, p. 171–202, 2017. DOI: 10.5965/2525530402012017171. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/1059652525530402012017171. Acesso em: 28 mar. 2024.