A Residência Pedagógica como dispositivo de biopoder: experiências de sujeitos estudantes-residentes do subprojeto de Matemática

Autores

  • Flávia Cristina de Macêdo Santana Universidade Estadual de Feira de Santana image/svg+xml
  • Tailane de Jesus Santana Universidade Estadual de Feira de Santana image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984723825592024151

Palavras-chave:

biopoder, discurso, iniciação à docência, professor(es/a)-de-matemática, pandemia

Resumo

Este artigo analisa como a Residência Pedagógica (RP) constitui-se dispositivo de biopoder ao regular experiências dos sujeitos estudantes-residentes do subprojeto de Matemática durante a pandemia. Para tanto, mobilizaram-se algumas ferramentas conceituais propostas por Michel Foucault e argumentamos que os endereçamentos da RP se constituem um dispositivo de biopoder para o governamento e o controle das populações. Utiliza-se a abordagem qualitativa, associada à pesquisa documental. Optou-se pela análise documental de um corpus constituído por editais e relatos de experiências de sujeitos estudantes-residentes. Para tanto, apoiamo-nos nos princípios da análise do discurso na perspectiva foucaultiana para apreciar os dados produzidos. Consideram-se três unidades de análise vinculadas às práticas e às experiências, a saber: a) a instância formativa; b) o âmbito matemático; c) o campo pedagógico. Essas unidades emergiram dos dados e foram sistematizadas a partir de um diálogo com alguns conceitos foucaultianos. Os resultados indicam que o dispositivo formativo da Residência Pedagógica produz sujeitos-futuro(s)-professor(es)-de-Matemática por meio de diversificadas estratégias regulatórias pautadas nos debates sobre o exercício de poder/resistência, sociedade disciplinar e controle que moldam as experiências vivenciadas.

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Publicado

2024-12-19

Como Citar

SANTANA, Flávia Cristina de Macêdo; SANTANA, Tailane de Jesus. A Residência Pedagógica como dispositivo de biopoder: experiências de sujeitos estudantes-residentes do subprojeto de Matemática. Revista Linhas, Florianópolis, v. 25, n. 59, p. 151–184, 2024. DOI: 10.5965/1984723825592024151. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/26634. Acesso em: 21 dez. 2024.