O “dia dos pais” inclui pais trans: Masculinidades dissidentes e práticas artísticas LGBTTQIA+
DOI:
https://doi.org/10.5965/24471267632020069Palavras-chave:
educação , gênero , imagem , transexualidade , processo criativoResumo
Em 2020, próximo à data em que culturalmente se celebra o “dia dos pais” no Brasil, uma empresa nacional, popular na venda de cosméticos, convidou 14 homens para integrar uma campanha que valorizava pais presentes - dentre eles, Thammy Miranda (1982--), um homem transexual. A iniciativa gerou polêmica e divisão de opiniões, expondo, desse modo, ideias controversas não apenas sobre o “dia dos pais”, mas também sobre masculinidades não hegemônicas. A masculinidade hegemônica (CONNELL, 1990; 2016) se configura em uma concepção que descreve o “homem de verdade” como aquele que é imprescindivelmente atravessado pela cisgenereidade, pela heterossexualidade, pela branquitude, pela classe média-alta, pelos consumismos, pelo cristianismo e por demais marcadores identitários valorizados socialmente. Neste artigo, desempenhamos o objetivo de evidenciar as potencialidades das práticas artístico-acadêmicas LGBTTQIA+, na ampliação dos significados conferidos às masculinidades. Para tanto, primeiro debruçamo-nos especificamente sobre algumas das reações relacionadas à campanha em questão, e as aproximamos de conceitos específicos dos Estudos das Masculinidades e de Gênero a partir de uma abordagem construtivista. Após, a partir da metodologia da Pesquisa em Arte (REY, 1996) compartilhamos o processo criativo dos autores, professores-pesquisadores-artistas gays, em duas produções artísticas intituladas 2018 d.C (2020) e Super pai (2020). O tratamento e a intenção artística dados a essas produções, consideramos, problematizam e denunciam aspectos violentos da paternidade desempenhada por masculinidades hegemônicas, e reclamam pela ampliação de pontos de vistas e referências a partir dos quais representam-se visualmente as masculinidades nos espaços escolares.
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