Conversar com Árvores: a criação como prática cosmopolítica
DOI:
https://doi.org/10.5965/1414573103562025e0109Palavras-chave:
árvores, ritmo, animismo, criação, comunicação transespecíficaResumo
Neste artigo, o ato criativo é proposto como um exercício comunicativo na porosidade entre o corpo, o Outro e a Terra. Nesse escopo, a criação foi investigada como ação cosmopolítica coextensiva, uma forma de tecer conversas com o extra-humano, à luz de perspectivas animistas que, a partir de outras noções sobre o ritmo, produzem relações comunicativas com a alteridade. Como espaço de reflexão, realizaram-se, na pesquisa Conversar com Árvores, interlocuções transespecíficas, nas quais o falar foi definido como parte de uma atenção multimodal em fluxo polirrítmico contínuo, em contraste com o cultivo de uma atenção frontal e unifocal que caracteriza as formas antropocêntricas de comunicação.
Downloads
Referências
BARROS, Manuel. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2001.
BANDYOPADHYAY, Anirban. Nanobrain: The Making of an Artificial Brain from a Time Crystal. Boca Raton: CRC Press, 2020.
BENSUSAN, Hilan. Being Up for Grabs: On Speculative Anarcheology. Londres: Open Humanities Press, 2016.
BIRD-DAVID, Nurit et al. ‘Animismo’ revisitado: pessoa, meio ambiente e epistemologia relacional. Debates do NER, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: v. 1, n.35, p. 93-171, ago. 2019.
BLASER, Mario; DE LA CADENA, Marisol. A world of many worlds. Durham e Londres: Duke University Press, 2018.
CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. The Anthropocene. The International Geosphere–Biosphere Programme (IGBP) Global Change Newsletter, Stockholm, IGBP, n. 41, p. 17-18, 2000.
CUNHA, Christiane da; GARDEL, André. Dramaturgia do Ritmo. Repertório, Salvador, v. 1, n. 36, 2021. Disponível em:
https://periodicos.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/38193. Acesso em: 26 dez. 2022.
CUNHA, Christiane Lopes da. Conversar com árvores: a arte como exercício sensível entre o corpo e a Terra na Era Antropocena. 2023a. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
CUNHA, Christiane Lopes da. Espaço-tempo fluido: entrelaçamentos entre a cenografia digital, performance e animismo. Sala Preta, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 72–90, 2023b. Disponível em: https://revistas.usp.br/salapreta/article/view/214731. Acesso em: 9 jul. 2025.
CUNHA, Christiane Lopes da. Conversar com árvores: O ritmo na porosidade entre a criação e a vida. In: Anais do 33º Encontro Nacional da ANPAP - Vidas. Anais. João Pessoa (PB) UFPB, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/33-encontro-nacional-da-anpap-vidas-421945/844873-CONVERSAR-COM-ARVORES-O-RITMO-NA-POROSIDADE-ENTRE-A-CRIACAO-E-A-VIDA . Acesso em: 23 set. 2024.
CUNHA, Christiane Lopes da. Entre brechas e armadilhas: Entrecruzamentos da arte contemporânea com o animismo e a virada da planta. Rebento, São Paulo, v. 1, n. 20, 2025. Disponível em:
https://www.periodicos.ia.unesp.br/index.php/rebento/article/view/882. Acesso em: 5 set. 2025.
DE LA CADENA, Marisol. Earth beings ecologies of practice across Andean worlds. Durham e Londres: Duke University Press, 2015.
ESCOBAR, Arturo. Sentipensar con la tierra. Nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: Ediciones UNAULA, 2014.
FERDINAND, Malcolm. Uma ecologia decolonial: pensar a ecologia a partir do mundo caribenho. Trad. Letícia Mei. São Paulo: Ubu, 2022.
FRANKE, Anselm. Animism: Notes on an Exhibition. E-flux journal (online). v. 36, Nova Iorque, p.01-22, jul. 2012. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/36/. Acesso em: 05 abr. 2016.
GARDEL, André. O “rigoroso olhar índio” da criança, de Walter Benjamin e do xamã amazônico. In: Congresso Internacional da Abralic, 14., 2017, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2017.
GARUBA, Harry. Explorations. In Animist Materialism: Notes on Reading/writing African Literature, Culture and Society. Public Culture. Durham: Duke University Press, v. 15, n. 02, 2003. p. 261-285.
HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In.: KI-ZERBO, Joseph (Org). História Geral da África I: Metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática, 1982, p. 181-218.
HARAWAY, Donna J. Staying with the trouble: Making kin in the Chthulucene. Duke University Press, 2020.
HOWES, David. Hearing Scents, Tasting Sights: Toward a Cross-Cultural Multi-Modal Theory of Aesthetics. In: BACCI, Francesca; MELCHERART, David. (Eds.) Art And The Senses. Oxford: Oxford University Press, 2011. p. 161-182.
INGOLD, Tim. Estar Vivo - Ensaios sobre Movimento, Conhecimento e Descrição. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.
INGOLD, Tim. The Perception of the Environment - Essays on livelihood, dwelling and skill. Londres: Routledge, 2000.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios do racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Ed. Cobogó, 2019.
KIRMAYER, Laurence. Re-Visioning Psychiatry Cultural Phenomenology, Critical Neuroscience, and Global Mental Health, Psychiatric Practice in Global Context. Cambridge: University Press, jul., 2015, p. 622 - 660. Disponível em: https://doi.org/10.1017/CBO9781139424745.027. Acesso em: 10 jan. de 2022.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LAGROU, Els. A fluidez da forma: Arte, Alteridade e agência em uma sociedade Amazônica (Kaxinawa, Acre). Rio de Janeiro: Editora Topbooks, 2007.
LAGROU, Els. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 2009.
LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (org.). Objectos impuros: experiências em estudos sobre a ciência. Porto: Edições Afrontamento, 2008. p. 39-61.
MARTÍNEZ, Chus. Gathering Sea I Am! E-flux journal. Nova Iorque, v. 112, p. 01-11, out. 2020. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/112/354953/gathering-sea-i-am. Acesso em: 31 out. 2020.
NORMANN, Johannes et al. Rhythmic stem extension and leaf movements as markers of plant behaviour: the integral output from endogenous and environmental signals. In: MANCUSO, Stefano; SHABALA Sergey. (Org). Rhythms in plants: phenomenology, mechanisms, and adaptive significance. Berlin: Springer-Verlag, 2015. p. 35-55.
MANCUSO, Stefano. Revolução das plantas: um novo modelo para o futuro. Trad. Regina Silva. São Paulo: Ubu Editora, 2019.
MARDER, Michael. Vegetal anti-metaphysics: Learning from plants. Continental Philosophy Review. Published online. Springer Science+Business Media, v.44, p. 469–489, 28 out., 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11007-011-9201-x. Acesso em: 13 jul. 2019.
MARDER, Michael. To Hear Plants Speak. In: GAGLIANO, Monica; RYAN, John C., VIEIRA, Patrícia. The language of plants: science, philosophy, literature. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2017.
PASCUAL-LEONE, A.; HAMILTON R. The metamodal organization of the brain. Progress in Brain Research. v.134, Elsevier 2001. p. 427-445. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0079-6123(01)34028-1. Acesso em: 10 out. 2021
RAMOSE, Mogobe B. African Philosophy through Ubuntu. Harare: Mond Books, 1999.
REGEHR-GERBER; Ursula; REGEHR, Verena. Bosques vivos: La convivencia de seres humanos y no humanos en el Chaco. Atlántica, Revista de Arte Y Pensamiento, Centro Atlántico de Arte Moderno, n.2. Las Palmas de Gran Canaria: Nueva Era, 2021. p. 38-55.
ROLNIK, Suely. Fale com ele ou como tratar o corpo vibrátil em coma. Corpo, Arte e Clínica. UFRGS, Porto Alegre, abril de 2003. Disponível em: https://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/falecomele.pdf. Acesso em: 16 jan. 2020.
SERRES, Michel. O Contrato Natural. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.
SKLAR, Deidre. Unearthing kinesthesia: groping among cross-cultural models of the senses in performance. In: BANES, Sally; LEPECKI, André. (Ed.). The Senses in Performance. New York: Routledge, 2007, p. 38-46.
SOYINKA, Wole. Myth, Literature and the African World. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
STENGERS, Isabelle. Cosmopolíticas I: A guerra dos cientistas. Trad. Luiz Felipe C. Fagundes. Florianópolis: EdUFSC, 2014.
STENGERS, Isabelle. Reclaiming Animism. E-flux journal (online). Nova Iorque, v. 36, jul. 2012. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/36/. Acesso em: 05 abr. 2016.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio. Mana, Rio de Janeiro, v. 02, n. 02, p. 115-144, out., 1996. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-93131996000200005. Acesso em: 24 out., 2017.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Urdimento - Revista de Estudos em Artes Cênicas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Declaração de Direito Autoral
Os leitores são livres para transferir, imprimir e utilizar os artigos publicados na Revista, desde que haja sempre menção explícita ao(s) autor (es) e à Urdimentoe que não haja qualquer alteração no trabalho original. Qualquer outro uso dos textos precisa ser aprovado pelo(s) autor (es) e pela Revista. Ao submeter um artigo à Urdimento e tê-lo aprovado os autores concordam em ceder, sem remuneração, os seguintes direitos à Revista: os direitos de primeira publicação e a permissão para que a Revista redistribua esse artigo e seus meta dados aos serviços de indexação e referência que seus editores julguem apropriados.
Este periódico utiliza uma Licença de Atribuição Creative Commons– (CC BY 4.0)

