
Minha caminhada é minha dança
Isabel Ramos Monteiro
Florianópolis, v.3, n.56, p.1-33, dez. 2025
Minha caminhada1 é minha dança2
Isabel Ramos Monteiro3
Resumo
Partindo do diálogo entre obras da dança e da literatura em que se observa íntima relação
entre arte e vida, este ensaio analisa criações que propõem um convite, tanto ao
performer/escritor quanto ao espectador/leitor, à percepção de si em deriva. Se na
conferência "Poesia e pensamento abstrato", Paul Valéry sugere a separação entre a prosa e
a poesia; na contemporaneidade, poetas e coreógrafos rompem tal separação misturando
experiências motoras e de linguagem tanto dos campos da vida ordinária como da arte. A
partir do interesse de coreógrafos pelo caminhar como experiência fundamental para a
dança, reflete-se sobre a presença da prosa (e do prosaísmo) na produção contemporânea
de poesia.
Palavras-chave
: Dança contemporânea. Literatura comparada. Marília Garcia. Paul Valéry.
Steve Paxton.
A My walking is my dancing
Abstract
Starting from the dialogue between dance pieces and literature works in which there is an
intimate relationship between art and life, this essay analyzes some creations that propose
an invitation, both to the performer/writer and to the spectator/reader, to the perception of
oneself in drift. In his lecture “Poetry and abstract thought”, Paul Valéry suggested the
separation between prose and poetry; although, in contemporary, poets and choreographers
break this separation by mixing movement and language experiences from both the fields of
ordinary life and art. Based on the interest of choreographers in walking as a fundamental
experience for dance, we reflect on the presence of prose (and prosaism) in contemporary
poetry production.
Keywords:
Contemporary dance. Comparative literature. Marília Garcia. Paul Valéry. Steve
Paxton.
Mi caminar es mi bailar
Resumen
Partiendo del diálogo entre obras de danza y literatura en el que existe una íntima relación
entre arte y vida, este ensayo analiza creaciones que invitan tanto al intérprete/escritor como
al espectador/lector a percibirse a sí mismos en deriva. En su conferencia «Poesía y
pensamiento abstracto», Paul Valéry sugería la separación entre prosa y poesía; en la época
contemporánea, poetas y coreógrafos rompen esta separación mezclando experiencias
motrices y lingüísticas procedentes tanto del ámbito de la vida ordinaria como del arte.
Partiendo del interés de los coreógrafos por la marcha como experiencia fundamental para
la danza, reflexionamos sobre la presencia de la prosa (y el prosaísmo) en la producción
poética contemporánea.
Palabras clave
: Danza contemporánea. Literatura comparada. Marília Garcia. Paul Valéry.
Steve Paxton.
1 Este artigo resulta em 71% de partes da dissertação de mestrado de Isabel Ramos Monteiro denominada: ao fim da dança
– ensaios sobre o dançar o fazer literário. Defendida no Programa de pós-graduação em Teoria Literária e Literatura
Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP), sob orientação
de Roberto Zular, São Paulo, 2022.
2 Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo realizada por Isabel Ramos Monteiro. Mestrado em Teoria Literária
e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Letras pela USP.
3 Doutoranda em Artes na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Mestrado em Letras pela
Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Letras – Português e Francês pela USP.
belramosmonteiro@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/4040710548797992 https://orcid.org/0009-0006-0926-3546