A direção teatral e o contexto de produção - Conversa com Marcio Abreu
Entrevista com Márcio Abreu - Concedida a Dionatan Daniel da Rosa e a Diordinis Baierle dos Santos
Florianópolis, v.4, n.53, p.1-21, dez. 2024
pesquisa e investe em dramaturgias expandidas e noções contemporâneas de
encenação, buscando agregar aos seus trabalhos a diversidade de linguagens,
assim como dança, música e instalação.
Desenvolve seus mais recentes trabalhos junto da Companhia Brasileira de
Teatro5, situada na cidade de Curitiba, em que amplia sua dimensão de processos
colaborativos e hibridismos entre a figura do dramaturgo e do encenador. Tais
assuntos são trazidos por ele durante a conversa realizada, sob um olhar da função
diretiva, na qual Marcio discorre sobre autoralidade, autoridade, poder e como a
figura do diretor é vista e entendida no campo teatral contemporâneo.
Segundo a página do diretor na Enciclopédia Itaú Cultural:
o autor assina dramaturgia e direção de inúmeros trabalhos da
companhia com reconhecimento nacional, destacando-se Vida (2010),
pelo qual recebe os prêmios Troféu Gralha Azul de direção e dramaturgia;
Isso te interessa? (2011), texto de Noëlle Renaude (1949), que lhe rende os
prêmios APCA e Bravo! de melhor espetáculo do ano e Questão de Crítica
de melhor direção; Esta Criança (2012), do francês Joël Pommerat (1963),
sua primeira colaboração com Renata Sorrah e pela qual recebe o prêmio
Shell de melhor direção; KRUM (2015), texto de Hanock Levin (1943-1999),
mais uma vez com Renata e que lhe rendeu o Prêmio Cesgranrio e
Questão de Crítica de melhor espetáculo; e PRETO (2017), dramaturgia
em parceria com Grace Passô (1980) e Nadja Naira (Enciclopédia Itaú,
2022).
Durante a conversa, é perceptível, um dos traços estilísticos mais marcantes
da criação de Márcio: a importância do ator ou atriz para a composição da ligação
com o público. Como dramaturgo, ele escreve buscando “construções de frases e
diálogos que explicitam um endereçamento ao espectador” (Small, 2016, p.303).
Com uma certeza e delicadeza para se referir e entender o público como partícipe,
ele, por fim, abre margem para a dramaturgia da expectação, visto que suas
composições não são só “uma chamada à presença, à atenção e à escuta, mas
5 A Cia tem uma produção constante que transita entre diversos países. Entre suas principais realizações,
estão peças com dramaturgia própria, escritas em processos colaborativos e simultâneos à criação dos
espetáculos, como SEM PALAVRAS (2021); PRETO (2017); PROJETO bRASIL (2015); Vida (2010); O que eu
gostaria de dizer (2008); Volta ao dia… (2002). Há ainda uma série de criações a partir da obra de autores
inéditos no país como Krum (2015) de Hanock Levin; Esta Criança (2012), de Joël Pommerat; Isso te interessa?
(2011), a partir do texto Bon, Saint-Cloud, de Noëlle Renaude; Oxigênio (2010), de Ivan Viripaev, Apenas o fim
do mundo (2006) de Jean Luc Lagarce; Suíte 1 (2004) de Phillipe Myniana. Suas criações mais recentes são:
uma adaptação da obra Platonov de Anton Tchekov intitulada POR QUE NÃO VIVEMOS? (2019); e o projeto
VOO LIVRE (2023), também inspirado em uma peça de Tchekhov, A Gaivota, com direção de Marcio Abreu.
(Informações da página da Cia, disponível em https://www.companhiabrasileira.art.br/. Acesso em: 12 abr.
2024).