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Rodrigo García, política e a pulsão rapsódica em
A
história de Ronald, o palhaço do McDonald's
João Paulo Wandscheer
João Claudio Petrillo Miranda
Clóvis Dias Massa
Para citar este artigo:
WANDSCHEER, João Paulo; MIRANDA, João Claudio Petrillo;
MASSA, Clóvis Dias. Rodrigo García, política e a pulsão
rapsódica em
A história de Ronald, o palhaço do McDonald's
.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 2, n. 51, jul. 2024.
DOI: 10.5965/1414573102512024e0115
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Rodrigo García, política e a pulsão rapsódica em
A história de Ronald, o palhaço do McDonald's1
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Clóvis Dias Massa4
Resumo
A partir de fragmentos da crise que vem marcando a linguagem teatral nos últimos dois séculos, este
artigo tem o objetivo de compreender como aproximações entre teatro e política se reconfiguram
através da pulsão rapsódica na peça
A história de Ronald, o palhaço do McDonald's,
do dramaturgo
hispano-argentino Rodrigo García. Foi possível perceber que a obra se utiliza da justaposição e do
transbordamento dos modos dramático, lírico e épico para compor um olhar que coloca em tensão a
influência de grandes empresas, como a rede de
fast food
estadunidense sobre o consumo na
contemporaneidade. Uma linguagem dramatúrgica que reinventa paradigmas e dialoga com a poética
da pós-modernidade.
Palavras-chave
: Teoria teatral. Dramaturgia. Pulsão rapsódica. Capitalismo. McDonald's.
Rodrigo García, politics and the rhapsodic drive in
The story of
Ronald, the McDonald's clown
Abstract
Based on fragments of the crisis that has marked theatrical language over the last two centuries, this
article aims to understand how approaches between theater and politics are reconfigured through the
rhapsodic drive in the play
The Story of Ronald, the McDonald's Clown
, by the playwright Spanish-
Argentine Rodrigo García. It was possible to see that the work uses the juxtaposition and overflow of
dramatic, lyrical and epic modes to compose a look that puts into tension the influence of large
companies such as the American fast food chain on contemporary consumption. A dramaturgical
language that reinvents paradigms and dialogues with the poetics of post-modernity.
Keywords:
Theater theory. Dramaturgy. Rhapsodic drive. Capitalism. McDonald's.
Rodrigo García, política y la pulsión rapsódica em
La historia de Ronald, el payaso de McDonald's
Resumen
A partir de fragmentos de la crisis que ha marcado el lenguaje teatral en los últimos dos siglos, este
artículo pretende comprender cómo se reconfiguran los acercamientos entre teatro y política a través
de la pulsión rapsódica en la obra
La historia de Ronald, el payaso de McDonald's
, del dramaturgo
hispano-argentino Rodrigo García. Se pudo ver que la obra utiliza la yuxtaposición y el desbordamiento
de modos dramáticos, líricos y épicos para componer una mirada que pone en tensión la influencia de
grandes empresas como la cadena estadounidense de comida rápida en el consumo contemporáneo.
Un lenguaje dramatúrgico que reinventa paradigmas y dialoga con las poéticas de la posmodernidad.
Palabras clave:
Teoría del teatro. Dramaturgia. Pulsión rapsódica. Capitalismo. McDonald's.
1 Revisão ortográfica e gramatical do artigo realizada por Camila Alexandrini. Doutorado em Teoria da Literatura
(PUCRS). Mestrado em Literatura Comparada (UFRGS). Licenciatura em Letras (UFRGS).
2 Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
wjoaopaulo@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/3470950687776414 https://orcid.org/0009-0007-3197-8465
3 Mestrando em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Teatro
pela UFRGS. petrillomiranda@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/0633555278588412 https://orcid.org/0009-0002-0240-9398
4 Pós-doutorado na Université Sorbonne Nouvelle Paris3, Paris 3, França. Doutorado em Teoria da Literatura
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestrado em Artes Cênicas pela
Universidade de São Paulo (USP). Bacharelado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS). Professor Titular Graduação e na Pós-graduação em Artes Cênicas da UFRGS.
clovisdmassa@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/6553962316361796 https://orcid.org/0000-0002-1235-0011
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Introdução
Com o objetivo de compreender como reinventar aproximações entre teatro
e política em meio à crise que vem marcando a linguagem teatral ao longo dos
últimos dois séculos, este trabalho analisa o modo rapsódico na peça teatral
A
história de Ronald, o palhaço do McDonald's
(2002), do dramaturgo hispano-
argentino Rodrigo García. Autores como Orozco (2020), Tackels (2006), Silva (2015),
Sanches (2017) e Massa (2021) constituirão uma base que nos auxiliará não apenas
a delinear a trajetória profissional de García no teatro, mas também entender a
maneira como o dramaturgo tem construído uma linguagem que apresenta
distanciamentos de uma composição dramatúrgica tradicional e expande
teatralidades. O pensamento de Sarrazac (2017), Sarrazac e Danan (2021) e Pignon
(2015) será utilizado como embasamento teórico referente à manifestação da
pulsão rapsódica no teatro. Rancière (2014 e 2016) nos proporcionará maior
entendimento acerca das reconfigurações dos vínculos entre teatro e política que
vêm surgindo. Por fim, Ritzer (1998) e Kincheloe (2002) serão referências para
compreender o crescimento da dominação ideológica do
McDonald's
em relação
ao consumo na contemporaneidade.
Com o título original
La historia de Ronald, el payaso de McDonald's,
a peça
pertence a um repertório artístico constituído ao longo de mais de trinta anos e
repercutiu amplamente, marcando a consolidação da forma em que García
expressa seu engajamento político através do teatro. Os tensionamentos
provocados pela obra possibilitam ampliar compreensões não apenas sobre o
impacto da franquia
McDonald’s
no modo como a sociedade vem se alimentando
no Ocidente, mas também acerca da influência que grandes empresas exercem
sobre o consumo na contemporaneidade. Partindo da pulsão rapsódica presente
na linguagem teatral composta por García, serão analisadas, neste artigo, as cenas
da peça que retratam a empresa de
fast food
estadunidense.
Rodrigo García: um breve histórico
Rodrigo García cresceu na Argentina e se mudou para Madrid (Espanha) em
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1986, para trabalhar inicialmente como designer gráfico, após se formar em
estudos midiáticos e se dedicar ao negócio da família na cidade de Buenos Aires.
Em 1989, começou a se aproximar da companhia
La Cuarta Pared
, do diretor de
cena espanhol Javier García Yagüe, e com outros grupos teatrais independentes.
Ainda nos anos 80, fundou, juntamente a outros artistas, a companhia teatral
La
Carnicería Teatro
, cujo nome consiste em uma referência ao açougue que sua
família possuía na Argentina, e de onde obtinha seu sustento quando ele era mais
jovem. O grupo também é conhecido pelo seu nome francês,
Boucherie Théâtre
,
consequência do reconhecimento que o dramaturgo vem recebendo
principalmente na França e em circuitos de festivais na Europa nas últimas
décadas (Orozco, 2020).
García mudou-se para a Espanha quando o país estava sendo governado por
Felipe González, do
Partido Socialista Obrero Español
(PSOE), o qual vinha
apresentando uma preocupação em restabelecer investimentos no setor cultural
e em democratizar as artes cênicas, no período que sucedeu a ditadura de
Francisco Franco. As políticas públicas acabaram por resultar no surgimento e no
desenvolvimento de peças, companhias teatrais e espaços onde as obras viriam a
ser apresentadas. O trabalho que García passou a exercer pouco se conectava às
formas de produção teatral que vinham sendo colocadas em prática na Espanha,
as quais ainda eram baseadas em uma tradição dramática centrada no texto
(Orozco, 2010). O país vivenciava uma onda de companhias que buscavam, através
do mimo, do circo, de marionetes e do teatro físico, distanciar-se da palavra escrita
como artifício dominante no processo de criação das artes cênicas.
Entretanto, as produções teatrais que não fossem baseadas no texto ainda
eram mais frequentemente percebidas como uma forma de "traição do que de
inovação"5 (Orozco, 2020, p. 408). A obra de García possui correspondência com
trabalhos de diretores como Tadeusz Kantor, Jan Fabre, Jan Lauwers e Romeo
Castellucci: artistas que constroem seu trabalho a partir de colaborações com
outros campos como, por exemplo, a música, a ópera, a dança, o
design
e a
tecnologia da informação (Orozco, 2020). Para Bruno Tackels, a prática desses
artistas se configura como uma resposta ao modelo europeu textocentrista, no
5 a betrayal rather than an innovation. (Tradução nossa)
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qual o texto precede a cena. Na escritura de palco, por outro lado, originalmente
acontece exatamente ao contrário: o texto teatral é fecundo na proximidade do
palco e daqueles que o povoam"6 (Tackels, 2006, p. 14). Não se detendo à criação
de um texto para a cena e estabelecendo uma relação entre os corpos com os
materiais dispostos no palco, García desestabiliza o modo representacional em
suas composições dramatúrgicas e se inscreve dentro da tradição artística da
performance (Stranger, 2007). Nesse sentido, García se utiliza de elementos
heterogêneos para compor a dramaturgia de suas obras, visto que o texto, a ação
dos atores, vídeos, alimentos, músicas e figurinos em cena não chegam a constituir
uma linha de ação unívoca, e a peça acaba por direcionar para o público a
apreensão do conflito, com a intenção de que o espectador se questione sobre o
que está sendo presentificado no palco.
García também apresenta, em seus espetáculos, falsas histórias que incitam
o público a supor que exista um protagonista ou, ainda, um antagonista e um
conflito que apesar desses elementos aristotélicos básicos vem a se desviar
das formas narrativas, de maneira que não se limita a constituir um encadeamento
que gera sentidos (Silva, 2015). Uma perspectiva total da cena nos permite notar
que a obra de García passa pela criação de estímulos sensoriais e uma ligação
entre os corpos dos atores, espaços, objetos dispostos em cena, luzes, sons,
imagens e a palavra (Silva, 2015). Para García, a mescla de elementos e
personagens que soam estranhos, aparentemente tão diferentes, ainda que pareça
pouco utilizada na literatura, encontra respaldo em obras como as do romancista
estadunidense Thomas Pynchon, autor que o inspirou a explorar a acumulação e
a inter-relação entre diferentes artefatos.
Rodrigo García e
La Carnicería
Embora recebesse apoio do estado para a produção de suas peças, a
companhia
La Carnicería
enfrentava dificuldades para obter estabilidade
financeira. Suas primeiras obras tinham García como principal artista e uma equipe
se modificava conforme o espetáculo que viria a ser produzido. Os trabalhos
6 nous rappelle que les choses à l'origine se passent de manière exactement inverse: le texte théâtral ne se
féconde que dans l'étroite proximité du plateau, et de ceux qui le peuplent. (Tradução nossa)
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iniciais do grupo ainda contavam com uma cenografia composta por objetos
encontrados e figurinos montados por roupas compradas em lojas de itens
usados. Outro aspecto recorrente era uso de música, enunciações direcionadas
diretamente à plateia que continham "histórias de trauma pseudo-
autobiográficas"7 (Orozco, 2020, p. 410), humor e momentos de violência que
acabavam por causar na audiência um efeito de inquietação e colocar o público
em uma "montanha russa emocional"8 (Orozco, 2020
,
p. 410).
A forma como
La Carnicería
vinha produzindo suas peças, contudo,
encontrou resistência pelo público espanhol, o qual, nos anos 80, ainda enfrentava
resquícios de produções teatrais que não conseguiam desafiar tradições dos
processos de criação no teatro, devido à censura e ao sufocamento do setor
cultural durante a ditadura de Franco (Orozco, 2020). As peças da companhia
teatral à qual García pertence costumavam criticar a religião, a família e as normas
sociais que permeavam a cultura espanhola, de modo que não eram raras as
situações em que os espectadores saíam no meio do espetáculo. Ao longo dos
anos 90, o trabalho de García viria a questionar formas de se construir narrativa, o
lugar do conflito na performance, as "lógicas de tempo e espaço"9 (Orozco, 2020,
p. 411), a ideia de uma progressão natural da história, a indicação explícita do local
onde a peça se passa, bem como a estrutura de uma "peça de teatro bem-feita"10
(Orozco, 2020, p. 411).
Embora o grupo tenha circulado em festivais de teatro com menor dimensão
na Europa e encontrado relativo sucesso nos circuitos alternativos de Madrid
durante a década de 1990, o governo conservador de José María Aznar, iniciado
em 1996, acarretaria em obstáculos para
La Carnicería.
Passaram a ocorrer cortes
no orçamento do setor artístico, privatizações de entidades culturais e um
crescente apoio a instituições culturais de maior escala, de maneira que não
somente companhias, mas também espaços teatrais menores tiveram seus
subsídios diminuídos ou cortados. A cena alternativa de teatro então passou a ser
7 pseudo-autobiographical stories of trauma. (Tradução nossa)
8 emotional rollercoaster ride. (Tradução nossa
9 the logics of time and space. (Tradução nossa
10 well-made play (Tradução nossa)
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sufocada por produções de maior dimensão, musicais e encenação de obras
clássicas (Orozco, 2020).
no início do século XXI, o espetáculo
After Sun
circulava pela Europa
Ocidental, enquanto as obras
Ignorante
e
Lo bueno de los animales es que te
quieren sin preguntar nada
eram apresentadas na França. O trabalho de García
despertou a curiosidade do público francês e acabou encontrando aceitação e
espaço para as produções de
La Carnicería
, que também passou a ser conhecida
como
Boucherie Théâtre
(Orozco, 2020). Os principais produtores da companhia
teatral, atualmente, são oriundos da França. Desde o fim da primeira década do
século XXI, a presença de García no país passou a se intensificar e ele veio a se
tornar a figura de maior relevância de
La Carnicería
(Orozco, 2020). As produções
do grupo vêm recebendo maior aceitação pelo público espanhol e também
encontraram maior espaço em países da América Latina.
Temáticas de Rodrigo García
Ultrapassando as fronteiras dos Estados Unidos, a rede
McDonald's
adquiriu
escala global, sendo considerada um símbolo do desenvolvimento econômico do
Ocidente. O seu significado está para além das opções de hambúrguer que oferece,
uma vez que não apenas a franquia se tornou uma marca da influência da cultura
estadunidense sobre o mundo, mas também vem a ser uma empresa que exerce
poder e impacto no imaginário das pessoas através do entretenimento e da
diversão, sendo um exemplo desse mecanismo a refeição
McLanche Feliz
(Kincheloe, 2002).
As críticas levantadas por García acabam por atrair espectadores. Composto
predominantemente por espectadores de classe média e profissionais que têm
entre aproximadamente 45 e 65 anos, o público que frequenta as peças de García
é constituído por uma parcela de pessoas que, quando eram mais jovens,
assistiam às primeiras obras do dramaturgo e que seguem acompanhando o seu
trabalho por possuir "uma nostalgia por uma revolução social” que “é
generosamente alimentada pelo radicalismo de García"11 (Orozco, 2020, p.422).
11 nostalgia for a social revolution is generously fed by García’s radicalism. (Tradução nossa)
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García tornou-se conhecido por causar polêmicas através de suas obras. O
dramaturgo se utilizou de animais vivos no palco e, inclusive, apresentou a
preparação de uma lagosta em cena, sendo não apenas alvo de críticas, como
também de protestos por parte de entidades que defendem os direitos dos
animais na Europa (Silva, 2015). Entre outros artefatos que causam controvérsias,
o encenador utiliza recursos como nudez, violência e momentos em que os atores
executam, em tempo real, ações que incluem fritar ovos,
bacon
, cozinhar salsichas
ou ainda empregam uma quantidade excessiva de
ketchup
e em atos
escatológicos.
Os elementos justapostos por García acabam por produzir "uma ação cênica
real, física, biológica, inscrita dentro da tradição artística da performance" (Massa,
2021, p. 9). O dramaturgo também faz uso de referências a desenhos animados,
programas de televisão e alimentos de diferentes tipos de
fast food
(hambúrguer,
ketchup
, maionese, cachorro-quente).
A história de Ronald
consiste em uma obra
que tensiona a influência da empresa estadunidense
McDonald’s
, um restaurante
cuja expansão ameaça outros países tanto no setor financeiro, devido à
concorrência com estabelecimentos locais, quanto no âmbito cultural, por
impactar na maneira como as pessoas se alimentam por onde a rede se alastra
(Ritzer, 1998).
La gente que conoce mi obra ya sabe que parece que yo no consigo hacer
una pieza donde no exista al menos un poco de crítica al mundo de
consumo, parece que siempre tiene que estar y si, pues está. Pero quizá
antes, cuando era más joven, yo hacía de una forma más
naïf
, más
directa. Y ahora, como soy más viejo, lo logro de una forma… Yo tengo
más recursos, tengo otros recursos. Cuando hacía una obra
La historia de
Ronald, el payaso de McDonald's
, había una cosa más evidente, la crítica.
Ahora yo lo veo ingenua, los tipos rompían las cosas, parecía una
performance de los años setenta. Ahora es un otro tipo de elaboración
sobre la misma temática (Rodrigo García apud Biet, 2019).
Constam nas obras de García críticas a marcas como
McDonald’s
,
Ikea
,
Disney
e
Nike
ou ainda, como é possível ver em
After sun
, máscaras que expressam uma
caricatura de políticos como George Bush e Tony Blair. O artista retrata, em suas
peças, temáticas que tocam diversos âmbitos da política como globalização, o
imperialismo de grandes corporações, desigualdade social, guerra, tortura e
exploração.
A história de Ronald
consiste em um ponto de virada na carreira do
Rodrigo García, política e a pulsão rapsódica em
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dramaturgo, no qual ele passa a marcar uma forma mais específica de expressar
"seu engajamento na política contemporânea"12 (Orozco, 2020, p. 419), o que
justifica ser a obra de García escolhida como objeto de estudo neste artigo.
Ima