A direção teatral e o contexto de produção - conversa com Christiane Jatahy
Entrevista com Christiane Jathay concedida à Dionatan Daniel da Rosa e Diordinis Baierle dos Santos
Florianópolis, v.2 n.51, p.1-19, jul. 2024
se dá, para mim, no entre. Ela não se dá na pessoa, embora a pessoa seja parte
do entre, portanto, é uma teia. E esse entre só acontece se existir uma conexão. E
essa conexão tem a ver com a resposta. Então é isso. Vida para mim em cena, é
isso. Sempre digo, para os atores com quem trabalho, que para mim o teatro está
no entre. E nesse lugar, que é tão visível e invisível ao mesmo tempo, e ao mesmo
tempo que é super concreto, né?
Eu vou te responder na medida em que te escuto, né? Então, se eu não te
escutar, você também não vai concordar, vai discutir, porque você realmente está
me escutando. E muitas vezes a gente constrói tanto em nossas cabeças que
paramos de fazer isso, de escutar. Se tivermos aqui duas pessoas nos assistindo,
só nos ouvindo, elas vão ver tua reação e minha reação, e vão entender que existe
alguma coisa entre nós que está acontecendo e que isso é o real. Agora, o desafio
é como conseguimos isso na repetição. Porque estamos fazendo isso no
espontâneo. Mas acho que o grande desafio... Essa é a questão do teatro. Você
tem que repetir, porque vai fazer aquilo de novo, de novo, de novo, mas a repetição
não é sobre repetir. E, ao mesmo tempo, não é sobre buscar a variação o tempo
inteiro. Porque buscar a variação também está fora da relação. Então,
respondendo desde o início sobre métodos, essa é a questão. E, para mim, assim,
há pessoas que pensam em outras coisas. E isso também se dá na relação com o
cinema. O cinema, em meu trabalho, é absolutamente relacional ao que está
acontecendo na cena. Por isso que digo que meu uso dos dispositivos
cinematográficos é dramatúrgico. Não é estético. Embora, se olhar, tenha uma
estética evidente. Mas ele está muito ligado à questão dramatúrgica.
Para encerrar, gostaria de te agradecer pela conversa e te dizer que eu acho
muito valioso acompanhar tua experiencia como diretora brasileira no exterior,
principalmente em ambientes extremamente eurocentrados (em termos de
procedimentos).
Totalmente. Para fechar essa conversa, nas infinitas entrevistas que eu dou,
eu sempre digo, assim, na verdade, é sempre sobre o Brasil. É sempre sobre as
raízes, é sempre sobre o que eu sou, como artista, e me expresso como artista
com tudo que eu tenho da minha absoluta brasilidade. Tudo o que eu aprendi, na
verdade, ao nascer num país, e ter crescido e feito grande parte do meu trabalho