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O teatro pedagógico como máquina de guerra no
combate às violências contra crianças e jovens
Tássio Acosta
Sílvio Gallo
Para citar este artigo:
ACOSTA, Tássio; GALLO, Sílvio. O teatro pedagógico como
máquina de guerra no combate às violências contra crianças
e jovens.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 2, n. 51, jul. 2024.
DOI: 10.5965/1414573102512024e0205
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O teatro pedagógico como máquina de guerra no combate às violências contra crianças1 e
jovens2
Tássio Acosta3
Sílvio Gallo4
Resumo
Compreender as potencialidades presentes nas atividades de fruição e atuação teatrais
realizadas nas escolas é o objetivo central deste trabalho, que utiliza dados do Anuário da
Violência Pública de 2022 para a valorização do teatro pedagógico como máquina de guerra
no combate às violências contra as infâncias. Sustenta-se que a supressão da temática de
gênero e sexualidades do currículo oficial e o isolamento social de alunos em suas casas em
decorrência da pandemia da Covid-19 dificultaram o acesso de crianças e jovens a redes de
apoio e espaços seguros para denunciar e combater as violências sofridas.
Palavras-chave
: Gênero. Sexualidade. Teatro pedagógico. Neoconservadorismo. Covid-19.
Pedagogical theater as a war machine in fighting violence against children and young people
Abstract
The aim of this paper, which uses data from the Public Violence Yearbook 2022 to value the
pedagogical theater as a war machine in fighting violence against children, is to understand
the potential in watching and acting on theatrical activities performed in schools. It argues
that supressing the themes encompassing gender and sexualities from the official
curriculum, as well as the social isolation of students in their households after the Covid-19
pandemics, have made it difficult for children and young people to access support networks
and safe spaces to report and fight the abuses suffered.
Keywords:
Gender. Sexuality. Pedagogical theater. Neoconservatism. Covid-19.
El teatro pedagógico como máquina de guerra en la lucha contra la violencia contra niños y jóvenes
Resumen
Comprender el potencial presente en las actividades de disfrute y performance teatrales
realizadas en las escuelas es el objetivo central de este trabajo. Se utilizan datos del Anuario
de Violencia Pública, 2022 para valorar el teatro pedagógico como máquina de guerra en la
lucha contra la violencia contra la infancia. Se sostiene que la supresión de la temática de
género y sexualidades del currículo oficial y el aislamiento social de los estudiantes en sus
hogares, como consecuencia de la pandemia de Covid-19, resultó que niños y jóvenes
experimentaran mayores dificultades para encontrar redes de apoyo ante la violencia sufrida
y espacios seguros para denunciación.
Palabras clave
: Género. Sexualidad. Teatro pedagógico. Neoconservadurismo. Covid-19.
1 Revisão ortográfica e gramatical do artigo realizada por Thayná Neto. Bacharelado em Tradução e
Interpretação.
2 Agradecemos à Renato Mendes pela leitura crítica do artigo e importantes indicações de melhorias.
3 Doutorado em Educação em Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestrado em Educação pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Especialização em Ética, valores e cidadania na escola pela
Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Pedagogia pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA).
Professor na UNISANTA. tassioacosta@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/9459372033217997 https://orcid.org/0000-0002-1608-4363
4 Livre-docência pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutorado em Educação pela UNICAMP.
Mestrado em Educação pela UNICAMP. Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas. Professor titular da UNICAMP. gallo@unicamp.br
http://lattes.cnpq.br/3808560029763904 https://orcid.org/0000-0003-2221-5160
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Introdução
Desde a perseguição ao material educacional “Escola Sem Homofobia”, ainda
em desenvolvimento em 2011, e sua consequente interdição após sistemáticos
ataques da bancada neoconservadora do Congresso Nacional, que cunhou o
termo Kit Gay, a educação brasileira e as artes, mais especificamente a arte-
educação, têm vivenciado sistemáticos ataques e perseguições que afetam de
maneira significativa as pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem.
Os professores passaram a ser considerados “profissionais interessados em
doutrinar as crianças que estavam na escola a partir de uma ideologia considerada
contrária à família de matriz heteronormativa, visando a implosão dos valores
familiares tradicionais”. De acordo com narrativas neoconservadoras, isso iria de
desencontro àquilo preconizado pelas famílias e influenciado pelas igrejas. De
forma caricata, os professores foram associados a uma pecha de esquerdistas.
Por sua vez, os artistas passaram a ser vistos como pessoas desvirtuadas da
heteronormatividade e empenhadas em propagandear uma 'ideologia gayzista'
que atentaria contra os interesses dos dogmas religiosos. Assim, os setores
neoconservadores buscaram perseguir e censurar artistas e mostras culturais
para não apenas demonstrar a força da bancada, mas de forma a impedir a
disseminação de suas ideias.
Professores e artistas foram “promovidos” a ideólogos de gênero, sendo
considerados profissionais que supostamente tinham um projeto maior por trás
de suas ações - mais especificamente, conforme propagandeado à época, este
objetivo não visava apenas destruir a heteronorma, mas desafiar os valores
considerados “cristãos”.
Profissionais, políticos e demais membros da sociedade civil envolvidos com
os estudos de gênero e sexualidade passaram a ser perseguidos, e alguns, com
melhores condições financeiras, se exilaram em outros países temendo por sua
segurança. Muitos outros, menos favorecidos financeiramente, continuaram
morando no Brasil enquanto sofriam perseguições e ataques públicos.
Utilizaremos estes três segmentos como exemplo: I. A Professora Tatiana
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Lionço, da Universidade de Brasília, teve sua imagem associada à pedofilia após a
edição e deturpação de uma fala sua nas redes sociais5; II. O então deputado
federal Jean Wyllys se exilou na Europa em virtude da crescente perseguição a
grupos e comunidades dissidentes da normatividade de gênero e sexual
hegemônica no Brasil6 e; III. Artistas, exposições museais e espetáculos se
tornaram alvo quando utilizavam da temática de gênero e sexualidades em seus
trabalhos e apresentações7.
Conforme atestamos (Acosta, Gallo, 2020), 2013 trouxe consigo o surgimento
de um movimento neoconservador cunhado como Escola Sem Partido (ESP). Este
movimento incentivava alunos a gravarem professores que discutissem temáticas
contrárias aos valores familiares de suas casas durante o exercício de seus ofícios.
No bojo de tais perseguições, temas sensíveis como Direitos Humanos, violência
policial, genocídio da juventude negra, fundamentalismo religioso no Brasil ou
quaisquer outros semelhantes eram tidos como perigosos e, portanto, deveriam
ser censurados. O ESP disponibilizou, inclusive. um modelo de notificação
extrajudicial em seu site, que deveria ser encaminhada a professores e escolas8
que ‘ousassem’ debater temas sensíveis ao ideário de nação.
Em obra sistematizada, Frigotto (2017) identificou que o objetivo principal do
movimento Escola Sem Partido era impor o medo como profícuo método de
silenciamento aos dissonantes. Ao associarem professores a doutrinadores que
deveriam ser combatidos, muitos se autocensuraram para preservarem seus
empregos.
Nesse mesmo contexto, ocorriam as eleições municipais e estaduais onde
candidatos com plataformas neoconservadoras foram catapultados à mídia
tradicional. Muitos destes, até então desconhecidos do grande público, faziam uso
5 Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/17/politica/1539803187_851518.html Acesso em: 04
dez. 2023.
6 Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/07/21/programa-bem-viver-sai-do-brasil-porque-nao-
tive-escolha-diz-jean-wyllys Acesso em: 4 dez. 2023
7 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2023/01/bolsonaristas-mijam-com-deus-sobre-
a-cultura-brasileira.shtml Acesso em: 4 dez. 2023.
8 Disponível em: http://escolasempartido.org/blog/notificacao-extrajudicial-arma-das-familias-contra-a-
doutrinacao-nas-escolas/ Acesso 25 mar. 2024
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de lives e transmissões de vídeos nas redes sociais durante suas participações
nas plenárias sobre a temática de gênero e sexualidade nos documentos oficiais
como forma de se autopromoverem.
O neoconservadorismo, em definição, consiste nas novas formas como a
matriz conservadora se apresenta no Brasil. Esta nova roupagem do
conservadorismo na contemporaneidade impõe sistemáticas derrotas às
questões tidas como progressistas, em especial aquelas voltadas às minorias
sociais. Acosta e Gallo (2020) entendem esse movimento como ideologia de
gênesis, ou seja, o agenciamento do cristianismo na construção e efetivação das
políticas públicas no Brasil do tempo presente.
Com o avanço de pautas conservadoras que se apresentavam nas
plataformas do governo, a princípio progressista, e que foram aceleradas ao
paroxismo após o Golpe Parlamentar de 2016, os documentos oficiais
gestacionados (como os Planos Municipais, Educacionais e Federal da Educação e
a Base Nacional Comum Curricular) começaram a ser alterados, suprimindo
temáticas de gênero e sexualidades de suas publicações finais.
Com a eleição do ex-Presidente Jair Bolsonaro em 2018, o Edital com séries
LGBTs para as TVs públicas9 foi suspenso, culminando em sistemáticas
perseguições aos dissonantes de sua política. Em nível estadual, em São Paulo, o
então governador João Dória determinou o recolhimento das apostilas de ciências
por debater “sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual”, afirmando:
“não aceitamos ideologia de gênero!”10, conforme do próprio.
Mesmo com tantas perseguições à temática dos Direitos Humanos,
sobretudo aquelas que envolviam questões de gênero e sexualidades nas escolas,
matérias jornalísticas desnudam a existência de abusos cometidos contra
menores de idade a partir de peça teatral realizada em uma escola11. A importância
9 Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/governo-bolsonaro-suspende-edital-com-series-lgbt-
para-tvs-publicas-23891805 Acesso em: 4 dez. 2023.
10 Disponível em https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/09/03/doria-manda-recolher-livros-de-
ciencia-que-fala-sobre-diversidade-sexual-nao-aceitamos-apologia-a-ideologia-de-genero.ghtml Acesso
em: 4 dez. 2023.
11 Disponível em https://www.itatiaia.com.br/editorias/brasil/2022/07/29/crianca-assiste-peca-de-teatro-na-
escola-e-percebe-que-foi-vitima-de-abuso-sexual-em-sc Acesso em: 4 dez. 2023.
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destas peças deriva da conscientização de crianças e adolescentes vitimadas por
seus algozes, permitindo que a escola seja considerada um espaço seguro para a
realização das denúncias.
A escrita deste artigo, cujo objetivo é pensar em como o teatro nas escolas
pode ser utilizado como máquina de guerra (Deleuze, Guattari, 1997) no combate
à violência de gênero e sexualidades contra as crianças e jovens, foi agenciada a
partir deste cenário confrontador.
O gênero em disputa
Como visto na introdução, a temática de gênero e sexualidade se tornou uma
plataforma de propulsão política neoconservadora para pleiteantes aos cargos
federais, estaduais e municipais em diversas regiões do país. O objetivo específico
desta seção é analisar como a noção de ideologia de gênero se inseriu no debate
público, tanto nacional como internacionalmente, tornando-se capaz de modular
o plano político brasileiro e recrudescer o conservadorismo no país.
Inaugurada com a
Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do
Homem e da Mulher na Igreja e no Mundo12
, em 2004, apregoava-se que
Nestes últimos anos têm-se delineado novas tendências na abordagem
do tema da mulher. Uma primeira tendência sublinha fortemente a
condição de subordinação da mulher, procurando criar uma atitude de
contestação. [...] Uma segunda tendência emerge no sulco da primeira.
Para evitar qualquer supremacia de um ou de outro sexo, tende-se a
eliminar as suas diferenças, considerando-as simples efeitos de um
condicionamento histórico-cultural. Neste nivelamento, a diferença
corpórea, chamada sexo, é minimizada, ao passo que a dimensão
estritamente cultural, chamada género, é sublinhada ao máximo e
considerada primária.
Dado o caráter universal, justamente por ser uma carta endereçada a todos
os Bispos da Igreja Católica, o que consequentemente trouxe à tona discussões
com os outros estratos clericais, os estudos de gênero e sexualidade entraram no
radar do Vaticano. Em nível regional, empreendem-se missas com a temática e
discussões outrora presentes nos bancos universitários ou na sociedade civil
12 Disponível em
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20040731_collab
oration_po.html Acesso em: 4 dez. 2023.
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organizada, como os movimentos sociais, por exemplo, e tais pautas começam a
se fazer presente nos púlpitos religiosos.
Foi apenas com a
V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do
Caribe Aparecida13
, realizada entre os dias 13 e 31 de maio de 2007, que se
inaugurou o conceito de ideologia de gênero. Conforme consta no documento,
Entre os pressupostos que enfraquecem e menosprezam a vida familiar
encontramos a ideologia de gênero, segundo a qual cada um pode
escolher sua orientação sexual, sem levar em consideração as diferenças
dadas pela natureza humana. Isto tem provocado modificações legais
que ferem gravemente a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito
à vida e a identidade da família.
Neste exato momento, religiosos presentes na referida conferência
associaram os estudos de gênero à tentativa de desvirtuar a família de matriz
heteronormativa. Em outras palavras, viram nesta área do saber possibilidades de
fragilizar a cristandade no núcleo familiar e de promover mudanças
paradigmáticas na sociedade.
No Brasil, mais especificamente, a temática foi agenciada para desacreditar
o governo da então Presidenta Dilma Rousseff, impedir a implementação do
material Escola Sem Homofobia e forçá-la a se posicionar contra ele,
enfraquecendo sua posição de mandatária-chefe do país e gerando estranheza na
população LGBTQIAPN+ ao afirmar que o governo não faria propaganda de
opção
sexual14. Nesse mesmo momento, o pastor e Deputado Federal Marco Feliciano
havia assumido a presidência da Comissão de Direitos Humanos15.
Esses acontecimentos resultaram em sistemáticas perseguições aos
materiais escolares que discutiam não apenas temas como orientação sexual e
identidade de gênero, mas também quaisquer menções ao termo “gênero”. Ainda
que a questão estivesse presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais em
perspectiva biodeterminista durante a discussão dos Planos Educacionais e da
13 Disponível em http://www.clerus.org/clerus/dati/2008-11/15-13/VConfAL.pdf Acesso em: 4 dez. 2023.
14 Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/05/governo-nao-fara-propaganda-de-opcao-
sexual-diz-dilma-sobre-kit.html Acesso em: 4 dez. 2023.
15 Disponível em https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/apos-polemica-marco-
feliciano-e-eleito-presidente-da-cdh/ Acesso em: 4 dez. 2023.
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BNCC, com o Golpe de 2016 instituído, a temática foi suprimida dos documentos
finais.
Miskoci e Campana (2017) identificaram a utilização da temática para o
fortalecimento dos empreendedores morais, isto é, religiosos, agentes públicos ou
não, dentro das esferas governamentais e das empresas privadas interessados em
impor seus valores morais cristãos como a verdade absoluta perante o restante
da sociedade. Para este contínuo populacional, não basta apenas ocupar os
espaços de poder, é imperativo modificar os entendimentos e conhecimentos até
então consolidados para forjar novos discursos de verdade.
Não obstante, ao longo deste contexto se fortaleceram os discursos de pós-
verdade e a propagação de
fake news
, sobretudo no ambiente virtual. Cita-se,
como exemplo, a campanha eleitoral entre os candidatos à Presidência da
República Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. À imagem do primeiro, associaram
caluniosamente a distribuição de mamadeiras com o bico de borracha em
formato de pênis quando prefeito da cidade de São Paulo. Com relação ao
segundo, partilharam a ideia de que apenas com a sua eleição seria possível
combater tais imoralidades.
Por mais absurdo que se possa parecer, Acosta (2023) lembra que a
propagação do pânico moral se ancora justamente no medo do inimigo oculto que
está sempre a assombrar a sociedade. No caso, o inimigo da vez eram os estudos
de gênero e sexualidades que, combinado à associação de professores,
pesquisadores e artistas envolvidos com a temática a pedófilos, instaurou uma
necessidade de combate em nível nacional. A intenção por trás disso era
demonstrar que quanto maior o controle nas escolas, nos currículos escolares e
nas produções artísticas, mais as crianças estariam seguras destes supostos
pedófilos em forma de professores, pesquisadores e artistas.
Não obstante, ao identificarem a temática de gênero e sexualidades
presentes nos currículos oficiais, estes mesmos empreendedores morais
supostamente comprovaram suas teses de que havia uma nova ordem mundial
interessada em destruir a família tradicional de matriz heternormativa. Portanto,
além de as escolas não serem mais ambientes que ofereciam segurança às
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infâncias, os próprios alunos foram instigados a filmar e denunciar professores.
Castilho (2019) aponta que este ambiente de animosidade impregnou as escolas
de tal maneira que cada vez mais a autocensura se fez, e ainda se faz presente
em muitas escolas.
Ao silenciar a discussão da temática, coaduna-se para a manutenção das
diversas práticas de violência imposta às crianças e adolescentes, pois a ausência
do debate democrático do problema dentro das salas de aula dificulta não apenas
a identificação da violência pelos alunos vitimados, mas também a sua denúncia.
Nesse sentido, a nossa hipótese é que a censura imposta às escolas tem
como objetivo não desvelar os problemas presentes nos núcleos familiares dos
alunos e nos ambientes que os circundam. Esse entendimento deriva do fato de
que a extrema maioria das violências perpetradas por assediadores e
violentadores contra crianças decorre de familiares ou conhecidos da família.
Conforme dados do
Anuário Brasileiro de Violência Pública
(2022, p. 7), 79,6%
foram estupradas por conhecidos, sendo 31,7% com 10 a 13 anos; 19,1% entre 5 e
9 anos; 16% entre 14 e 17 anos e; 10,5% entre 0 e 4 anos.
Destaca-se aqui apenas a faixa etária entre 0 e 17 anos, justamente por ser a
idade em que a educação escolar ajudaria não só a coibir a prática destes crimes,
por meio da educação à emancipação dos sujeitos e como práticas de liberdade
(Freire, 2005), como também a identificar com mais facilidade a criança vitimada,
seja por meio de marcas pelo corpo, mudança de comportamento e/ou a partir
da relação de confiança estabelecida entre professores e alunos.
Outro ponto que merece destaque é o aumento da prática de pedofilia na
internet
ao longo da pandemia do novo coronavírus. De acordo com Eva Dengler,
gerente de Programas e Relações Empresarias da Childhood Brasil, em entrevista16
para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a presença maciça desse contínuo
populacional nos ambientes virtuais foi preponderante para assediadores e
violentadores se aproveitarem das suscetibilidades das infâncias e juventudes.
Frente a tais dados, entende-se que a supressão da temática de gênero e
16 Disponível em https://radios.ebc.com.br/tarde-nacional/2020/05/pedofilia-na-internet-durante-pandemia-
aumenta Acesso em: 4 dez. 2023.
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sexualidades dos currículos escolares, além da perseguição aos professores e
artistas interessados em debater a temática, vulnerabilizam ainda mais crianças e
adolescentes vitimados. Isso nos permite sustentar que o cerceamento à temática
e a censura ao debate impuseram dificuldades de abordagem teórico-
metodológica para professores e profissionais envolvidos com a educação.
Portanto, acredita-se que com a retomada da discussão nas escolas, estas
mesmas crianças e adolescentes poderão encontrar espaços de acolhimento e
proteção às suas infâncias.
O direito de conhecer o próprio corpo é primordial para a criança
compreenda a si mesma como ser social, dotada de agência e direitos. Cabe
educar infantes para que se entendam não como um corpo público, à mercê dos
agenciamentos e governamentalidades dos adultos, sobretudo, mas não apenas,
os mal-intencionados. À despeito das convenções que possam existir sobre as
regiões permissíveis ao toque com segurança (como cabeça, bochecha e ombro)
e as regiões em que o toque configuraria uma violação (partes íntimas), deve-se
entender o toque como produção de sentido desde quão cedo possível, e que
qualquer toque que não se deseje pode e deve ser repelido, se possível, com a
ajuda de uma pessoa adulta de confiança, ou mesmo encontrando canais formais
de denunciação, como a escola.
Exemplos pedagógicos, como
semáforo corporal17
, são ótimas práticas
educacionais para que as crianças compreendam seus próprios corpos e
identifiquem se estão ou não sendo violentadas. A criação autoral de seus próprios
semáforos pode ser um exercício lúdico para fomentar a autonomia e a
conscientização da criança sobre si e sobre o toque.
Logo, quando a escola é posta sob suspeita e as atividades educacionais
correlatas são denunciadas por setores neoconservadores como supostos
atentados à segurança das crianças, ou compreendidas na forma de práticas
pedagógicas contrárias aos valores morais da família, entende-se
complementarmente que estas mesmas crianças estão sendo ainda mais
17 Disponível em https://www.aprenderebrincar.com/2022/10/semaforo-do-toque-esse-corpo-e-meu.html
Acesso em: 4 dez. 2023.
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vulnerabilizadas por não terem acesso ao conhecimento e aos devidos canais de
denunciação.
Portanto, enquanto a educação, pensada a partir da subjetividade da criança
respeitada, pode estimular a autonomia e promover a segurança das infâncias, o
cerceamento da prática professoral e a censura aos temas sensíveis coadunam
para que o silenciamento de crianças vitimadas perdure por suas vidas. Inclusive,
podendo até mesmo normalizar as violações ou não identificar tais práticas contra
si como danosas por não entenderem o que está acontecendo com exatidão.
O conhecimento sobre o seu próprio corpo e as regiões de toque foi posto
em discussão quando uma criança, acompanhada de seus responsáveis, assistiu
a uma performance contemporânea em que o performer Wagner Schwartz,
estando nu, permitiu fazerem de seu corpo dobraduras, em obra intitulada
La
Bête
18. À época, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi atacado virtual
e presencialmente após a divulgação de um trecho em que uma criança tocava o
tornozelo do artista que foi associado ao fantasma da pedofilia19. Os
responsáveis da criança foram expostos e, após investigação do Ministério Público
Federal, a própria Procuradoria pediu o arquivamento do processo por entender
que
a mera nudez do adulto não configura pornografia eis que não detinha
qualquer contexto erótico. A intenção do artista era reproduzir instalação
artística com o uso de seu corpo, e o toque da criança não configurou
qualquer tentativa de interação para fins libidinosos.20
Então, a partir do apresentado nesta seção, passaremos a refletir sobre a
importância das artes, sobretudo do teatro, pensado e praticado como arte dos
corpos em relação, e da produção de intersubjetividade lúdica, como práticas de
liberdade e educação à emancipação de crianças e adolescentes em suas escolas.
18 Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html Acesso em: 4
dez. 2023.
19 Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/12/opinion/1518444964_080093.html Acesso em: 4
dez. 2023.
20 Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/noticias/mpf-descarta-crime-de-pornografia-infantil-em-
interacao-de-crianca-com-artista-nu-no-mam-de-sao-paulo/548008581 Acesso em: 4 dez. 2023.
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O teatro pedagógico na escola
A importância do ensino das artes na escola se pela possibilidade de
aproximação ao desconhecido, da arte de interpretar assistida nas novelas das
casas dos trabalhadores brasileiros, considerando que, apartados dos parcos
espaços culturais existentes no país, poucos têm acesso às artes, a assistir e/ou
participar de peças teatrais em suas escolas. De uma forma diametralmente
oposta, quando a escola tem grupos de teatros ou recebe artistas para a
apresentação de suas peças, o debate torna-se mais amplo e plural.
Para Oliveira e Stoltz (2010, p.90),
o teatro, no uso da linguagem, de ações nas representações, na
mobilização da imaginação e da criatividade, na realização em
determinado tempo e espaço e com determinados sujeitos é um
universo peculiar de interação social e de manifestação da cultura que
pode cumprir diferentes objetivos.
Crianças e adolescentes podem produzir entendimentos outros a partir da
interpretação de um determinado personagem, ou quando assistem uma peça
específica. Este deslocamento subjetivo experienciado na prática do ensino de
artes (Brasil, 1996, 1998, 2018) e, em especial no teatro, permitirá que novos
mundos sejam explorados e formas de expressão produzidas.
Nesse sentido, a inserção das artes nas perseguições perpetradas ao longo
das últimas décadas, sobretudo no decênio atual (2013-2023), denota sua
potencialidade disruptiva no desenvolvimento de nossas subjetividades. Quando a
educação é pensada para a transformação social e emancipação dos sujeitos, ela
tem o potencial de modificar o status quo (Freire, 2005). Logo, é de fundamental
importância a escola estar mais bem engajada e adequada às necessidades da
sociedade, sobretudo de seus alunos, no que toca às formações integrais.
Silva (1999), ao destacar a característica do currículo oculto na teoria crítica,
nos convida a refletir sobre como os discursos não ditos e não oficiais se
apresentam no cotidiano escolar. Ao mesmo tempo, ao alargar sua análise e
identificar a multiculturalidade existente na teoria pós-crítica, o autor valoriza a
interseccionalidade dos marcadores como mecanismo de eficiência para a
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produção de subjetividades outras.
Em continuidade aos seus entendimentos, Duque (2023) discorre sobre a
existência de uma pós-pedagogia, ou seja,
O pós-currículo e a pós-pedagogia não são menos currículo nem menos
pedagogia do que os/as que as/os antecedem, nem sequer uma pura
mentira nem uma simples fake news. São campos de significação
torcidos e que também merecem ser analisados sob a ótica da produção
das diferenças, em sentidos e intenções políticas anti-igualitárias (Duque,
2023, p. 44).
Será, então, com base em sua perspectiva, que se sustentará a importância
do ensino das artes, em especial do teatro, como máquina de guerra para
emancipar os sujeitos e desoprimir crianças e jovens violentados. Não obstante, a
perseguição empreendida por setores neoconservadores às artes se a partir da
defesa de uma certa moralidade. Para eles, muitas apresentações, peças ou
espetáculos se utilizam de linguagens tidas como inapropriadas enquanto forma
de expressão ou de temas que não devem ser debatidos publicamente. Como
justificativa, afirmam que à escola cabe ensinar as letras, e à família educar.
O pânico moral (Acosta, 2023) associado às artes vai de encontro aos
discursos ultraconservadores emitidos nos púlpitos eclesiais, sobretudo aqueles
que buscam satanizar as manifestações culturais por compreendê-las como
práticas capazes de desvirtuar a moralidade cristã. Nesse sentido, a
curricularização das artes nos recentes documentos educacionais foi no sentido
da supressão de suas criticidades para a produção de um neotecnicismo que
alienasse os estudantes.
Destacando a Base Nacional Comum Curricular e o Plano Nacional da
Educação, bem como os Planos Estaduais e Municipais da Educação, a temática
dos estudos de gênero e sexualidades foi desqualificada por meio do
anticientificismo. Afirmavam que tais estudos queriam ‘ensinar as crianças a
serem gays’, ignorando o fato de que a temática ajudaria a defender e empoderar
crianças e jovens.
No que se refere aos Planos Educacionais em suas três esferas, discutidos e
instituídos em período eleitoral, os temas relacionados aos Direitos Humanos,
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sobretudo os estudos de gênero e sexualidades, foram explicitamente cerceados
da redação final e aproveitados como um trampolim midiático para os pleiteantes
aos poderes legislativo e executivo.
Pimenta (2022) salienta como o debate da BNCC foi ainda mais cooptado
pelos setores privatistas da educação, tidos pela autora como empresários
educacionais, ou seja, os donos das redes de ensino, institutos bancários, dentre
outros. Em virtude de sua redação final não dialogar com as necessidades da
juventude brasileira, Pimenta problematiza o possível desinteresse de estudantes
pelo seu próprio processo formativo. Como consequência, quanto mais os jovens
estiverem apartados do ensino de artes, mais barreiras estes encontrarão no
caminho para o desenvolvimento de suas qualidades.
Ao mesmo tempo, Strazzacappa (2001) reflete sobre a constância do
aprendizado que o corpo é capaz de desenvolver quando estimulado para tal. Para
a autora, todo aprendizado escolar perpassa obrigatoriamente pelo corpo, visto
que ele é indissociável e, portanto, toda educação é educação do corpo. Ou seja,
quando setores neoconservadores da sociedade brasileira buscam perseguir as
artes e esvaziar o seu ensino no currículo escolar, seu objetivo final é
especificamente o enclausuramento do próprio corpo.
Em virtude de “o teatro na escola ainda se encontra(r) em um momento de
adaptação, em uma posição que requer melhor compreensão de seu papel”
(Moraes, 2011, p. 54), instaurou-se uma intensa disputa sobre como este deve
apresentado, bem como quais assuntos devem ser abordados.
A autocensura decorrente das perseguições impostas aos professores desde
a tentativa de institucionalização do programa Escola Sem Partido geraram
amedrontamento pela frequência em seus cotidianos laborais, visto que sua
segurança pessoal e profissional passou a estar verdadeiramente sob risco.
Entretanto, por mais que as artes estejam em local de visibilidade e
constante perseguição, Coelho (2014, p.1217) reconhece que
No jogo da encenação dentro da escola, é possível trabalhar conflitos
específicos. Em uma cena, o aluno pode se colocar no lugar do professor
ou no lugar de um colega discriminado pela sala. Um jovem
preconceituoso pode fazer o papel de um personagem que sofre com o
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preconceito de seus amigos da escola e, por meio dessa “troca de
papéis”, o jogo cênico, que promove a reflexão das ações de modo a
sensibilizar seus agentes, atua também como um meio bastante
produtivo para a resolução de conflitos causados pela intolerância no
contexto escolar.
Ao se identificarem como algozes de comportamentos tóxicos e/ou
violentos, os alunos podem refletir sobre as origens de suas condutas, os motivos
para que sua raiva seja direcionada a uma parcela populacional específica e, por
conseguinte, repensar suas próprias atitudes. Caso tais atitudes derivem da
educação obtida em suas casas e famílias, os próprios alunos colocarão em
discussão as formas como foram ensinados a lidar com o mundo e com o outro.
Logo, tais questionamentos podem gerar conflitos intrafamiliares onde
outrora não existiam. Discriminações raciais, preconceitos às pessoas com
deficiências, LGBTQIAPN+fobias, classismo, etarismo, intolerâncias religiosas e
diversas outras formas de sectarismos outrora naturalizados e ensinados no
cotidiano familiar são, consequentemente, atravessados por críticas. Aqueles
incapazes de realizar autocríticas em vista da mudança de atitude em nome do
respeito ao próximo culparão a escola e as artes, geralmente proferindo falsas
afirmações: a escola virou um lugar de lavagem cerebral que atenta contra a
família.
O teatro pedagógico terá um preponderante espaço nessa crítica justamente
pela capacidade de promoção da empatia durante o jogo cênico. Quando o aluno
compreende que o seu comportamento é tóxico e necessita mudá-lo em nome
da educação visando os Direitos Humanos e o respeito ao próximo, toda
engrenagem relacional se movimenta a partir de seu senso crítico.
Quilici (2022, p.9) nos lembra que “a ‘cena expandida’ opera nas interfaces
entre a arte e campos da vida social - educacional, terapêutico, político,
ecológico, filosófico etc. -, reinventando seu poder de atuação em diálogo com
outras práticas, situações e formas de conhecimento. Como consequência, o
aluno participante da cena passa a refletir sobre o seu cotidiano e a sua relação
com o mundo em que vive.
Sendo assim, o caráter disruptivo presente no teatro pedagógico é o ponto
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de inflexão aqui sustentado. Afinal, isso permite que o aluno não apenas reflita
acerca de seu próprio comportamento quando da participação de uma peça
teatral (ou de quando a assiste), como também poderá gerar o mesmo senso
crítico a respeito do comportamento de terceiros que convivem à sua volta.
Educação para emancipação
O debate sobre a importância do teatro na escola, como se pode ver,
perpassa por ampla frente de saberes e conhecimentos capazes de derivar
subjetividades outras. Cita-se, como exemplo, a importância da ludicidade
presente nos teatros pedagógicos pela capacidade de gerar sensibilidade nos
alunos.
Nesse sentido, serão utilizados dois casos que evidenciam a importância do
teatro no debate da proteção às infâncias com enfoque nas questões de gênero
e sexualidade enquanto conscientização da consensualidade e da violência contra
crianças e adolescentes.
O primeiro caso sustentará a importância do teatro pedagógico como
máquina de guerra no combate às violências de gênero e sexualidades, sobretudo
contra crianças e adolescentes. o segundo discorrerá sobre uma aluna de 11
anos que, após assistir à peça escolar sobre uso de drogas e abuso sexual, realizou
uma denúncia à equipe pedagógica da escola.
Logo, ambos tangenciam a importância do teatro pedagógico em escolas
abrangendo a temática de gênero e sexualidades enquanto forma de
reconhecimento do direito à inviolabilidade de seus próprios corpos e em nome
da proteção às infâncias.
Casos & cenas 1: teatro pedagógico visando a conscientização
No dia 18 de maio de 2023, data em que se decretou o Dia Municipal da Luta
contra a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, na cidade de Santos
SP, crianças de duas escolas municipais assistiram ao espetáculo ‘Brincando
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também se aprende’21. Nele, os atores trabalharam os problemas relacionados a
assédios e violências contra crianças e adolescentes, bem como formas de
reconhecimento destes abusos e de denunciação. Tratando-se de um público-
alvo infantojuvenil, o espetáculo contou com linguagem acessível e lúdica para
que as crianças ali presentes conseguissem identificar a mensagem de forma clara
e objetiva.
A conscientização possibilitada por espetáculos que abordam temas
sensíveis é de grande importância para que crianças possivelmente vitimadas
entendam a gravidade da ocorrência e se sintam encorajadas à prática de
denunciação. Sendo a escola um profícuo espaço para a construção de relações
de confiança, o contato que estas têm com espetáculos do tipo as encorajam.
De acordo com Flavio Desgranges (2006, p. 91), professor e diretor teatral
com forte atuação no teatro na escola,
o valor educacional presente nessas práticas, ressalte-se, precisa ser
compreendido a partir do relevante caráter pedagógico intrínseco à
própria experiência teatral. Assim, o teatro quando adentra a instituição
educacional, não precisa, e não deve, ser um teatro "escolarizado':
"didatizado", para que tenha importância educacional; ao contrário, deve
ser preservado em sua potencialidade, pois seu principal vigor
pedagógico está no caráter artístico que lhe é inerente.
Assim, entende-se que quando a escola recebe teatros em seus espaços
e/ou desenvolve práticas teatrais seja na aula de educação artística ou em
disciplina específica focalizada em Teatro –, os alunos tendem a ganhar
consciência corporal de si e dos outros, além de se tornarem capazes de
compreender o desenvolvimento de seus corpos, a promoção do respeito ao
próximo e o direito à inviolabilidade - preceitos fundamentais para a educação em
Direitos Humanos.
Aproximar os alunos das artes possibilita que eles desenvolvam formas de
expressões e conhecimentos com capacidades que possibilitam suas autonomias.
A consciência corporal, o lidar com o outro e o debate ao longo da montagem da
peça os tornam capazes de modificar seus olhares sobre si mesmos e sobre o
21 Disponível em https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/espetaculo-em-santos-orienta-estudantes-sobre-
assedio-e-violencia-sexual Acesso em: 5 dez. 2023.
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mundo.
Emancipar-se das amarras sociais que os prendem, sobretudo em um
mundo subjetivado à lógica neoliberal da individualização, pode ser benéfico para
a construção de subjetividades outras. Essas, à guisa de suas emancipações, são
importantes pontos de inflexão em suas formações visando a cidadania.
Conscientizar-se de si e do outro, dos processos sociais e das relações de
poder existentes nas estratificações sociais são importantes formas de promoção
da solidariedade. Então, será ao longo dessa produção de apoio mútuo que muitas
crianças e jovens poderão encontrar importantes redes de apoio para denunciação
de possíveis práticas de violências às quais estariam sendo submetidos.
Por exemplo, ao abordarem as potencialidades de enfrentamento de
situações sensíveis, os pesquisadores Juliano e Yunes (2014) afirmam que “é
preciso uma mudança paradigmática e os estudos acerca destas situações devem
focar as possibilidades dos indivíduos e grupos para a superação das experiências
traumáticas e notabilizar o seu potencial de saúde” (p. 139). Considerando que o
trabalho em grupo proporcionado pelo teatro pedagógico permite a promoção da
solidariedade, aqueles vitimados por quaisquer tipos de violências poderão
encontrar nesse mesmo grupo formas de conscientização com relação ao trauma
vivenciado.
Assim, em comunhão com o grupo e com o sentimento de pertencimento a
este, a educação à conscientização permitirá a emancipação e superação das
amarras que os prendem. Daí a importância do teatro pedagógico se fazer
presente nas escolas brasileiras.
Siqueira (2010) sustenta que
A escola pode ser considerada uma importante fonte de apoio social e
afetivo e parte da rede de apoio dos indivíduos, mitigando o processo de
vulnerabilidade, contribuindo para a sua superação e promovendo
processos de resiliência. A rede de apoio social tem uma profunda
influência na saúde e no bem-estar do indivíduo (p.89).
Justifica-se esse reconhecimento a partir da equipe multidisciplinar presente
nas escolas, bem como os canais de denunciação ali existentes em nome da
proteção às infâncias. Estes fatores demonstram exatamente o valor do teatro
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pedagógico dentro das escolas, seja como forma de promover a conscientização
aos alunos em período escolar ou de promoção da proteção às infâncias.
Casos & cenas 2: teatro pedagógico à proteção
No dia 28 de julho de 2022, sites noticiavam22 que uma menina de 11 anos
denunciou à direção da escola que um amigo próximo da família a abusava
sexualmente. A denúncia ocorreu após a aluna assistir a uma peça teatral na
escola que abordava temas sensíveis como uso de drogas e abuso sexual. Após a
ação da aluna, a direção pedagógica entrou em contato com a polícia civil para
que ela pudesse ser ouvida, mediante escuta especializada. Realizou-se um exame
de corpo de delito que comprovou a ocorrência dos abusos denunciados. O
suspeito teve ordem de prisão preventiva decretada e foi preso em seu local de
trabalho.
Conforme já destacado, 79,6% dos estupros denunciados são realizados por
pessoas conhecidas da própria vítima e de seus familiares, sendo 31,7% com 10 a
13 anos; 19,1% entre 5 e 9 anos; 16% entre 14 e 17 anos e; 10,5% entre 0 e 4 anos.
(Anuário, 2022, p. 7). Isso é decorrente da maior proximidade entre o abusador e a
pessoa abusada, além da relação de confiança construída entre todos.
Crianças que ficam sozinha em casa ou sob cuidado de amigos, vizinhos e
parentes são mais suscetíveis a sofrer abusos, visto que a ausência de cuidados
dos responsáveis incorre em riscos à sua segurança. A lógica da relação entre
precariedade e vulnerabilidade (Butler, 2018, 2019) marca os corpos distintamente,
sobretudo quando o marcador de gênero se faz presente nestes.
Dada a realidade brasileira (Santos, 2001, 2021) em quem muitos adultos
necessitam trabalhar e o Estado carece de creches e escolas de ensino infantil e
fundamental em tempo integral disponíveis, culturalmente as crianças ficam sob
o cuidado de pessoas próximas à família na esperança de que, dada a relação de
amizade, permaneçam em segurança.
Infelizmente, conforme atestado pelo Anuário da Segurança Pública, é mais
22 Disponível em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2022/07/28/peca-de-teatro-na-escola-
ajuda-crianca-a-denunciar-estupro-em-sc.htm Acesso em: 5 dez. 2023.
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provável que essas mesmas crianças sejam abusadas por seus algozes. Daí a
importância das escolas em tempo integral para a proteção de crianças e
adolescentes (Rodrigues, Santiago, Rota Júnior, 2021). Ainda para os autores,
no contexto de uma educação integral e em tempo integral, a função da
escola passa a ser ampliada, ou seja, a aprendizagem escolar não é mais
a única a ser privilegiada. (p. 90) [...] O fato de, no contexto atual, a escola
se ver não apenas como uma instituição educadora, mas também como
protetora, se apresenta como grande desafio e tem provocado debates
sobre sua especificidade, bem como sobre os novos atores sociais que
buscam apoiá-la no exercício desta e das outras novas funções. (p. 91).
O
Programa Mais Educação
vigorou no Brasil entre os anos de 2007 e 2016. A
partir desse ano, sob gestão do ex-presidente interino Michel Temer, o Programa
foi remodelado e mudou de nome para
Programa Novo Mais Educação
. Entretanto,
Mendonça (2017) afirma que as mudanças não se deram apenas no nome, e sim
em seu objetivo. Enquanto a primeira edição do programa visava a aumento da
jornada escolar e ampliação da grade curricular dos alunos pensando em sua
formação integral, a segunda edição se direcionava mais detidamente aos estudos
de Português e Matemática – tornando um ‘mais do mesmo’, ou um contínuo da
escola tradicional do contraturno.
Sanderson (2008, p.10), ao chamar à responsabilidade a atuação conjunta da
sociedade e da escola no combate ao abuso sexual em crianças, reitera que é
papel de todos a atuação na prevenção e proteção às infâncias. Nesse mesmo
sentido, Barros (2022) ratifica que “a criação de um espaço seguro de diálogo e de
troca de conhecimentos com as crianças sobre os perigos do abuso sexual e
outras formas de violência, sem que isso se configurasse em um momento
incomodo para elas” (p. 10) é imprescindível para a construção de redes de
proteção e espaços de denunciação.
Logo, quando da ocorrência de interdição da temática de gênero e
sexualidades por setores neoconservadores da sociedade brasileira quem mais
incorrem ao risco de ter suas vidas vilipendiadas são exatamente as crianças e
adolescentes cerceados do direito à informação. Outrossim, a campanha de
perseguição do debate da temática na escola e nos diversos espaços de ensino-
aprendizagens trouxe severos riscos desnecessários às infâncias.
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A melhor forma de educar crianças e jovens no período escolar é a partir do
direito de acesso à informação, sobretudo na escola, em virtude da existência de
todo aparato institucional e multiprofissional preparado para o acolhimento às
infâncias. Assim, é possível ponderar que, em alguns casos, a criança poderá obter
redes de proteção para práticas profícuas de denunciação dos seus algozes.
Conclusão
Conforme se pôde perceber, a escola é uma instituição dotada de uma série
de particularidades e especificidades que necessita de todo apoio para o melhor
desenvolvimento de suas atividades educacionais. Quando ela é colocada como
um ambiente hostil à sociedade e considerada “inimiga das famílias”, todos os
envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem perdem; sobretudo as
crianças e adolescentes ali presentes.
Entende-se que a supressão da temática de gênero e sexualidades colocou
em risco as infâncias precarizadas e subalternizadas, sobretudo porque, ao privá-
las do direito de serem educadas e escolarizadas sob uma perspectiva antiassédio,
do conhecimento do próprio corpo e do direito à inviolabilidade de seus corpos,
uma série de ações de proteção às infâncias ficou amordaçada.
Nesse sentido, reconhece-se que o ensino das artes tem potencial para
dialogar com as reais necessidades dos alunos visando protegê-los. Mesmo que a
referida temática tenha sido censurada dos documentos oficiais, acredita-se ser
de crucial importância a sua leitura radical a fim de encontrar escapes de
resistências.
Afinal, em um contraponto ao neoliberalismo presente nos espaços
escolares e ao cerceamento da liberdade de cátedra, de se criar mecanismos
de resistências à normatização curricular e ao silenciamento das violências
perpetradas contra crianças e adolescentes. Assim, a escola reconquistará seu
espaço na sociedade como local privilegiado de proteção às infâncias
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Recebido em: 08/12/2023
Aprovado em: 02/06/2024
Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br