Coreografar a crise - uma dramaturgia do contexto presente
Marina Souza Lobo Guzzo
Florianópolis, v.3, n.48, p.1-19, set. 2023
Coreografar a crise1 - uma dramaturgia do contexto presente2
Marina Souza Lobo Guzzo3
Resumo
Este texto se desenvolve como uma dança, como uma dramaturgia de gestos
possíveis para coreografar o presente em suas complexidades e mobilidades. Essa
construção dramatúrgica, por sua vez, possibilita imaginar uma coreografia a partir
das noções de encantamento e refúgio, como práticas (im)possíveis para pensar o
papel de artistas e criadores diante da crise climática. É válido lembrar que a
dramaturgia, aqui, não é entendida como manual ou partitura, mas sim como um
campo aberto para abrir linhas de fuga de um problema em que as palavras não dão
mais conta. Espera-se que estas palavras vazem, que se esparramem e que gerem
desejo de movimento. É preciso imaginar, fabular, especular, e a especulação exige
corpo. É uma relação terrena. Exige que nos joguemos, e que joguemos num outro
plano de mudança. Coreografar, pausar, aterrar, rebolar, “outrar”, deslocar
protagonistas e partilhar são algumas pistas para começar.
Palavras chave
: Coreografia. Crise climática. Dramaturgia. Gestos.
Choreographing the crisis - a dramaturgy of the present context
Abstract
This text evolves like a dance, like a dramaturgy of possible gestures to choreograph
the present in its complexities and mobility. This dramaturgical construction makes
it possible to imagine a choreography based on the notions of enchantment and
refuge, as (im)possible practices for thinking about the role of artists and creators in
the face of the climate crisis. It is worth recollecting that dramaturgy, in this case, is
not understood as a manual or musical score, but rather as an open field to open
lines of flight from a problem where words are no longer enough. These words want
to be spread out and arouse a desire for movement. It is necessary to imagine, to
fable, to speculate, and speculation requires a body. It is an earthly relationship. It
demands that we play and play in another plan of change. Choreographing, pausing,
landing, rolling, dancing, moving protagonists and sharing, are some clues to get
started.
Keywords:
Choreography. Climate crisis. Dramaturgy. Gestures.
1 Esse artigo é uma versão adaptada do capítulo que foi originalmente escrito e publicado no livro:
Guzzo, M. S. L. Choreographing the CrisisEnchantments, Refuges, and Impossible (Re)positionings. In:
Dietachmair, P., Gielen, P., & Nicolau, G. Sensing Earth: Cultural Quests Across a Heated Globe. Bruxelas: Valiz,
2023.
2 Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo realizada por Iasmin Martins Alvarez Costa, graduada
em Letras com habilitação em Português e Inglês pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS).
3 Pós-doutorado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Doutorado e Mestrado em
Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professora Adjunta da Unifesp
no Campus Baixada Santista, pesquisadora do Laboratório Corpo e Arte e coordenadora do Núcleo
Interdisciplinar de Dança. marina.guzzo@unifesp.br
http://lattes.cnpq.br/5559657064845007 http://orcid.org/0000-0002-9978-4014