1
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues
Marco Antonio Coelho Bortoleto
Daniel de Carvalho Lopes
Para citar este artigo:
RODRIGUES, Gilson Santos; BORTOLETO, Marco
Antonio Coelho; LOPES, Daniel de Carvalho. Circo na
escola: educação e arte na Educação Básica.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 1, n. 46, abr. 2023.
DOI: http:/dx.doi.org/10.5965/1414573101462023e0110
Este artigo passou pelo Plagiarism Detection Software | iThenticate
A Urdimento esta licenciada com: Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY 4.0)
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
2
Circo na escola
1
: educação e arte na Educação Básica
2
Gilson Santos Rodrigues
3
Marco Antonio Coelho Bortoleto
4
Daniel de Carvalho Lopes
5
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar as manifestações circenses na Educação
Básica. O estudo realizou a pesquisa exploratória em múltiplas fontes
bibliográficas e multimídias, tratadas via Análise Interpretativa. Os resultados
evidenciam muitas manifestações circenses acontecendo na Educação
Básica, realizadas por artistas, professores e arte-educadores. Apresentações
artísticas profissionais, cursos, oficinas, palestras etc., aulas-passeio e
projetos extracurriculares e complementares não se constituem saberes
escolares, pois não se articulam com currículos. Contudo, os projetos pluri,
inter e transdisciplinares, disciplinas curriculares de Circo e o ensino como
temática, conteúdo e recurso didático em disciplinas tornam o Circo um
saber escolar sujeito aos dispositivos da instituição e organização escolar. Em
síntese, este estudo procura valorizar a diversidade de ações, projetos,
atividades e sujeitos que buscam aproximar o Circo, sua arte e seus saberes
da Educação Básica.
Palavras-chaves
: Circo. Educação Básica. Currículo. Cultura escolar.
1
Revisão ortográfica, gramatical e contextual do artigo realizada por Maria Fernanda Brito de Araujo, licenciada
em Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Espírito Santo, atua
como revisora textual desde 2019. http://lattes.cnpq.br/1423763050494758
2
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) - digo de Financiamento 001.
3
Doutorando em Educação Física, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestrado em Educação
Física, pela Unicamp. Especialista Lato Sensu pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
Graduação em Educação Física pela Unicamp. gio.sts.rodrigues@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/5381606413420083 https://orcid.org/0000-0002-1472-2480
4
Estágio de Pós-doutorado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (Portugal)
(2010-2011) e na Universidade de Manitoba (Canadá, 2018). Livre Docente (Professor Associado) FEF-UNICAMP
(2016). Doutorado - Universidade de Lleida / Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha (INEFC) na
Espanha (2004). Mestrado em Educação Física - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp - 2000).
Graduado (Licenciatura Plena) em Educação Física - Universidade Metodista de Piracicaba (1997). Professor
visitante na Universidad A Coruña (Espanha, 2011), na Universidad Nacional de La Plata (Argentina, 2017) e na
Univ. de la República (Uruguai, 2022). Professor de Acrobacia na Escola de Circo de Barcelona (Espanha,
2001-2005). DRT Artista circo 0056352/SP. Professor MS5.2 (Associado - Livre Docente) do Departamento de
Educação Física e Humanidades (DEFH) da Faculdade de Educação Física da UNICAMP.
bortoleto@fef.unicamp.br
http://lattes.cnpq.br/8517706988302686 https://orcid.org/0000-0003-4455-6732
5
Doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Mestrado em
Artes pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Licenciatura plena em Educação
Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Educador de Circo Social, coordenador do portal
da diversidade circense - www.circonteudo.com territio@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/5523255739571050 https://orcid.org/0000-0002-2137-2060
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
3
Circus at school: education and art in Basic Education
Abstract
This article aims to present the circus manifestations in Basic Education in
Brazil. The study adopted the exploratory research of multiple bibliographic
and multimedia sources, analysed through Interpretive Analysis. The results
shows much circus manifestations occur in Basic Education, carried out by
artists, teachers and art-educators. The results pointed out that professional
artistic presentations; courses, workshops, conferences and others; Tours-
Lessons; extracurricular projects and complementary activities do not
constitute school knowledge because they are not articulate with the
curriculum. However, pluri, inter and transdisciplinary projects, the curricular
disciplines of the Circus, and teaching as a theme, content and didactic
resource in the subjects make the Circus a school knowledge subject to the
devices of the school institution and organization. Thus, this study seeks to
value the diversity of actions, projects, activities, and people who seek to bring
the Circus, its art and wisdom closer to Basic Education.
Keywords
: Circus. Basic Education. Curriculum. School Culture.
Circo en la escuela: educación y arte en la Educación Básica
Resumen
El objetivo de este artículo es presentar las manifestaciones circenses en la
Educación Básica. La investigación exploratoria se realizó por medio de
múltiples fuentes bibliográficas y multimedia revisadas a luz del Análisis
Interpretativo. Los resultados muestran muchas manifestaciones circenses
que ocurren en la Educación Básica, realizadas por artistas, maestros y
educadores de arte. Como resultados se señala que las presentaciones
artísticas profesionales; cursos, talleres, conferencias etc., las Clase-Paseo,
los proyectos extracurriculares y las actividades complementares no
constituyen conocimiento escolar, porque no se articulan con los currículos.
Sin embargo, los proyectos pluri, inter y transdisciplinarios; las disciplinas
curriculares del Circo y la enseñanza como tema, contenido y recurso
didáctico en las disciplinas, hacen del Circo un saber escolar sujeto a los
dispositivos de la institución y organización escolar. Así, este estudio busca
poner en valor la diversidad de acciones, proyectos, actividades y personas
que buscan acercar el Circo, su arte y sus saberes, a la Educación Básica.
Palabras claves
: Circo. Educación Básica. Currículo. Cultura Escolar.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
4
Introdução
O presente texto é fruto de uma dissertação de mestrado que foi revisada e
ampliada na intenção de compor este artigo tratando das “Artes circenses fora da
lona: [...] escolas” (
Urdimento, online
, s/d). De início, situamos o estudo nos
interstícios da Arte e Educação atuando com uma Pedagogia das Atividades
Circenses (Bortoleto, 2008; 2010; 2014). Ideada como uma das “pedagogias do
corpo” (Soares, 2013), a Pedagogia das Atividades Circenses abrange um conjunto
amplo de experiências de ensino de Circo. Destarte, situados nesse contexto e
partindo de experiências de pesquisa científico-pedagógica, artísticas e atuações
na arte-educação (Circo Social
6
) é que apresentamos este trabalho.
Para contextualizar o tema, aprioristicamente propomos uma abordagem
sincrética e, a
posteriori
, diacrônica ou histórica. certo consenso de que o Circo
é uma linguagem artística (Bouissac, 1976; 2012; Wallon, 2009) embora ainda
esteja em disputa a definição do que é Arte (Shapiro, 2007). A dramaturgia circense
(Barbosa; Oliveira, 2021) ou poética circense tem na dimensão corporal corpo
poético (Lecoq, 2010) o princípio de materialização dessa linguagem (Bolognesi,
2001; Martin, 2009). De fato, é no corpo do artista que se materializa o corpo ora
grotesco ora sublime (Bolognesi, 2001), a estética do risco (Guzzo, 2004), a virtuose
e a
performance
(Goudard, 2009) como potências constitutivas da linguagem
circense. Em síntese, é no corpo que se produz a “magia do Circo” (Rocha, 2013).
Porém, nem todas as manifestações do Circo têm uma finalidade voltada à criação
artística e à produção da obra de arte circense: o espetáculo.
Deste modo, algumas das manifestações do Circo se utilizam de alguns
elementos estéticos, artísticos, corporais, entre outros, produzidos ou agregados
ao espetáculo circense, como “artifício” (atividade-meio) para outros fins que não
são a produção dramatúrgica circense. Destarte, o Circo pode assumir formas e
intencionalidades diversas em múltiplos âmbitos sociais (Duprat, 2014). Entre as
formas de manifestação do fenômeno circense o ensino na escola básica. Neste
6
Para uma melhor compreensão de Circo Social, cf.: Dal Gallo (2010) e Spiegel (2016).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
5
texto, enfatizamos justamente as manifestações circenses na Educação Básica.
Diacronicamente, nosso tema de estudo está situado no período posterior à
década de 1980. Silva (2011) e Matheus (2016) apontam que no fim da década de
1970 e início da década de 1980 uma nova configuração histórica e cultural
possibilitou a emergência de uma renovada experiência circense: a abertura das
escolas de Circo. Para Burguess (1974), Ferreira (2010) e Burtt e Lavers (2017), a
primeira iniciativa dessa natureza foi a Escola de Circo de Moscou, criada em 1927.
Porém, é efetivamente na década de 1980 que o movimento de abertura de
escolas de Circo no Brasil e no mundo ocidental (Fratelini, 1988; Renevey, 1988,
Lopes; Silva; Bortoleto, 2020). Talvez a consequência mais significativa da abertura
das escolas de Circo seja a expansão das possibilidades de experiências circenses.
A esse respeito, Lopes, Silva e Bortoleto (2020, p.159-160) destacam que:
A diversidade de propostas [das escolas de Circo] foi além de formar
artistas profissionais, tendo iniciado experiências e iniciativas como o
Circo Social, bem como aulas de circo voltadas para o lazer e a aquisição
de condicionamento físico em distintos espaços de aprendizagem, como
galpões, quintais, academias de ginásticas e até mesmo para dentro das
universidades.
Na contemporaneidade do século XXI, como tratam Lopes e Silva (2018), ainda
estamos vivenciando essa expansão das experiências circenses. No bojo dessas
novas experiências emerge a potência do Circo na Educação Básica
7
. As pesquisas
mostram que o Circo tem encontrado diversas brechas ou gretas para a
incorporação na Educação Básica por intermédio de disciplinas, eventos escolares,
oficinas, projetos pluri, inter ou transdisciplinares, propostas curriculares etc.
(Costa; Tiaen; Sambugari, 2008; Takamori et al., 2010).
Em vista do exposto, questionamos: quais as manifestações circenses na
Educação Básica? Quem são os agentes responsáveis por realizá-las? A partir
desses questionamentos, nosso objetivo é apresentar as manifestações circenses
na Educação Básica e, especificamente: i) delinear as particularidades das
manifestações circenses na escola básica, e ii) classificar as manifestações a partir
7
A Educação Básica é composta pela Educação Infantil (0-5 anos), Ensino Fundamental (6-14 anos) e Ensino
Médio (15-17 anos) (BRASIL, 2018).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
6
da articulação ou não com os documentos curriculares da Educação Básica.
A partir de uma pesquisa qualitativa e exploratória em fontes tanto
bibliográficas quanto multimídias, o presente texto está organizado em quatro
seções. Na introdução anunciamos o tema investigado, as questões norteadoras e
os objetivos da pesquisa. No capítulo “Notas metodológicas” tratamos do
levantamento das fontes e análise de dados. Na seção “O picadeiro na escola: as
manifestações circenses na Educação Básica” apresentamos os resultados da
pesquisa baseados num constructo teórico que distingue as manifestações
circenses que ocorrem na Educação Básica atreladas aos currículos daquelas não
vinculadas a tais documentos. De resto, nas Considerações retomamos os
objetivos do estudo à luz do percurso de pesquisa e apontamos limites e
perspectivas para o debate sobre as formas de presença do Circo na escola básica.
Notas metodológicas
O estudo baseia-se no paradigma interpretativo de pesquisa qualitativa, numa
perspectiva exploratória do fenômeno investigado (Bauer; Gaskell, 2008).
Conforme o viés exploratório, as fontes são de natureza bibliográfica e multimídia
(Hatch, 2002; Bauer; Gaskell, 2008). Embasando-nos nos debates teórico-
metodológicos de Silveira e Santos (2011) e Bouissac (2012), neste estudo dispomos
da internet para acessar informações em sites, redes sociais virtuais (
Facebook,
Instagram
etc.),
blogs
, vídeos do
YouTube
e jornais digitais. As informações obtidas
nessas fontes foram cotejadas junto à bibliografia (Loizos, 2008).
O
corpus
documental contou, portanto, com fontes múltiplas (bibliográfica e
multimídia). As fontes bibliográficas contaram com artigos, livros, capítulos de
livros, teses, dissertações, TCC e anais de congressos, acrescidas de jornais digitais,
sites
e
blogs
. As fontes multimídias foram fotografias em artigos e jornais e vídeos
no
Youtub
e. Em posse desse
corpus
documental, procedemos à análise das
fontes, pautados na análise semiótica de imagens (Penn, 2008; Rose, 2008) e
Análise Interpretativa (Hatch, 2002).
Os procedimentos analíticos decorreram da leitura de fontes textuais e da
análise semiótica das fotos e vídeos, evitando seu uso de forma ingênua e
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
7
instrumental, como apenas receptáculos de informações a serem extraídas, mas
visando interrogá-las por meio de mediações cuidadosas e interpretações críticas
(Pínsky, 2008). Os
insights
e a produção de núcleos de sentidos consubstanciaram
a escrita dos resultados. Por fim, os resultados intitulados “manifestações
circenses na Educação Básica” – foram agrupados em duas categorias: Circo “NA”
escola e Circo “DA” escola
8
. A escrita dos resultados intercalou dados,
interpretações e trechos das fontes.
O picadeiro na escola: as manifestações circenses na Educação
Básica
A pesquisa bibliográfica sugere que foi somente após a década de 1980 que
o Circo se tornou uma possibilidade escolar. Bortoleto (2008) destaca que são da
década de 1990 as primeiras evidências da presença das atividades circenses nas
escolas. Desde então, o Circo está presente em todos os ciclos escolares, da
Educação Infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA) (Bortoleto et al., 2020;
Santos Rodrigues et al., 2021).
Para organizar as manifestações circenses na Educação Básica, ideamos uma
distinção baseada na presença ou ausência do Circo no currículo escolar. Segundo
Gimeno Sacristán (2017, p.34, grifo do autor), o currículo é um “[...] projeto seletivo
de cultura, cultural, social, política e administrativamente condicionado, que
preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da
escola tal como se acha configurada”. Embora não seja restrito à versão escrita,
os documentos curriculares são um dispositivo de materialização de um projeto
de escola, sociedade e cidadão (Silva, 2010). Assim, nossa análise restringe-se a
presença ou ausência do Circo nos textos dos documentos curriculares oficiais
(diretrizes, referenciais, propostas curriculares etc.) e/ou nos documentos
pedagógicos (planos de ensino, diário de aulas etc.).
A figura 1 demarca as manifestações do Circo na Educação Básica.
8
Essa proposição se inspira no debate sobre conhecimento na escola e da escola (Vago, 1996).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
8
Figura 1 Manifestações circenses “NA” escola e “DA” escola
Circo “NA” escola
Pela falta de menção nos textos curriculares, as manifestações circenses
“NA” escola não se constituem saberes escolares (Saviani, 2018). Para Canário
(2005), a instituição escolar possui autonomia relativa em relação às demais
instituições sociais (família, igreja etc.). Logo, a escola não é num espaço de
reprodução da cultura extraescolar ou das disciplinas científicas, ao invés disso, é
um espaço de produção simbólica e material particular que produz sua própria
cultura, a cultura escolar (Chervel, 1998). Chevallard (1991) define o processo de
conversão da cultura em cultura escolar, via pedagogia e didática, de
transposition
didactique
. Posto isso, as manifestações circenses “NA” escola não tiveram a
transposition didactique
e não se constituem saberes escolares. Porém, as
sobreditas manifestações podem adentrar os espaços escolares e povoar o
imaginário circense dos membros daquelas comunidades. Essa condição evidencia
que não há um amálgama entre o texto curricular e o currículo em ação.
A seguir apresentamos as manifestações do Circo “NA” escola.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
9
v
Apresentações artísticas profissionais
“NA” escola: os produtos de
processos de criação e produção artística circense, materializados na forma de
números
9
, esquetes, intervenções, espetáculos etc. podem ser apresentados no
espaço/ambiente das unidades escolares. Pátios, áreas verdes, salas etc. se
transformam no “círculo mágico”
10
para as atrações circenses. Para os escolares,
a experiência circense ocorre na forma de fruição dos espetáculos.
Na realização dessas apresentações para escolares podem ser feitas (ou não)
adaptações poéticas, artísticas, linguísticas e outras, visando à melhor
comunicação com o “respeitável público”, em especial, com as crianças que
podem não entender integralmente os significados representados nos atos
circenses (Bouissac, 1978). Essas adaptações fazem parte da criação e produção
artística e da formação circense (Magnani, 2003). Neste sentido, as adaptações são
diálogos que os artistas de Circo estabelecem com as culturais locais e com a
contemporaneidade estética, poética, tecnológica etc. do seu tempo histórico
(Silva, 2011; Lopes; Silva, 2018).
A pesquisa bibliográfica evidenciou alguns exemplos dessa manifestação
circense “NA” escola. Ontañón e Bortoleto (2014) não tratam do tema, porém,
publicam duas imagens que aludem a apresentações artísticas profissionais em
uma unidade escolar. As imagens retratam um mesmo local dentro da escola, uma
área com a estrutura símil a um teatro italiano, com um palco nivelado acima da
plateia. A primeira imagem, com a legenda
Espectáculo de telas realizado en la
escuela
(Ontañón; Bortoleto, 2014, p.40), mostra uma artista no tecido (de frente
para a câmera) e a plateia de estudantes sentados em cadeiras assistindo ao ato
cênico da aerialista. A segunda foto mostra o ângulo inverso da primeira imagem.
Na imagem vê-se em primeiro plano um artista em cena sobre o palco e no plano
de fundo a plateia de crianças e adultos assistindo ao ato cênico. As imagens
sugerem a realização de apresentações artísticas circenses.
9
O termo “número circense” designa os exercícios apresentados sob o aporte de uma temática, que compõem
uma parte do espetáculo circense. Estruturalmente há uma entrada em cena, o desenvolvimento de ritmos
e rotinas e uma saída de cena. Em média, um número tem a duração de 8 minutos (Fouchet, 2006).
10
Sobre o “círculo mágico” referente ao palco circular circense ou picadeiro, cf.: Goudard (2001) e Santos
Rodrigues, Lopes e Bortoleto (2022).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
10
Outra evidência são os estudos de Leite (2017) e Rocha (2013). O primeiro
relata que num evento de uma escola pública de Ensino Fundamental em Macau-
RN, a comunidade escolar e extraescolar pôde “[...] apreciar a apresentação dos
palhaços Lombriga e Bole-Bole com o espetáculo de palhaços ‘Quem Aposta
Come Brocha’ da Cia. Arte e Riso de Umarizal/RN” (Leite, 2017, p.12). Ao final da
apresentação houve um bate-papo com os artistas que se apresentaram na
escola. Rocha (2013), em “A magia do Circo: etnografia de uma cultura viajante”,
reitera essa evidência ao descrever a rotina laboral dos artistas circenses de um
grupo circo-familiar itinerante que treinava para espetáculos exclusivos para
escolas da periferia das cidades.
Em outro relato de um grupo artístico, Zaim-de-Melo, Santos Rodrigues e
Godoy (2021) descrevem as visitas, intervenções artísticas e apresentações do
grupo acadêmico-artístico
Los Pantaneiros
nas Escolas das Águas
11
, no Pantanal
Sul-mato-grossense. Em outros artigos, Zaim-de-Melo et al. (2021) e Zaim-de-
Melo, Silva e Duprat (2021) descrevem e analisam os vários aspectos dessa
experiência artística “NA” escola. Mediante diários de bordo, análises de
apresentações e ilustrações por meio de fotografias e desenhos dos escolares, os
autores tratam do impacto das apresentações no imaginário circense dos
escolares, vivências corporais e da formação artística dos acadêmicos-artistas.
Na
internet
há o
site
do Projeto Circo na Escola
12
. O projeto está vinculado às
ações extensionistas da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual
de Campinas (FEF-Unicamp). O
site
informa que “A intervenção do grupo acontece
normalmente através de espetáculos de 40 a 60 minutos” (Projeto Circo na Escola,
online
, s/p). Os artistas atuam de forma voluntária, cabendo às unidades escolares
custear os valores operacionais. O elenco conta com vários artistas e companhias
com diversas especialidades (palhaçaria, acrobacias, malabares, tecido, lira, perna-
de-pau, mágica, mímica, monociclo etc.). Portanto, as fontes reiteram as
11
As “Escolas das Águas” são unidades escolares no Pantanal Sul-Mato-Grossense isoladas, cujo acesso é
somente a barco ou avião, em decorrência da ação do Rio Paraguai (períodos de cheia e vazante), o que lhes
condiciona regimes únicos de escolarização (Zaim-de-Melo et al., 2021).
12
Cf.: (http://www.circonaescola.com.br/)
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
11
apresentações circenses profissionais “NA” escola.
v
Cursos, oficinas, palestras etc., realizadas por artistas e arte-educadores
“NA” escola. Cursos, oficinas, palestras, encontros etc. têm sido realizados por
artistas, arte-educadores e outros no espaço/ambiente escolar na Educação
Básica. Essas ações permitem discutir, assistir e fazer as atividades circenses. São
iniciativas que, para além de fruir/contemplar, possibilitam ampliar as referências
circenses por meio de exposição, conversações e experiências corporais. Muitas
vezes, essas ações simbolizam uma ressignificação do Circo para a comunidade
escolar que sai da posição de expectadora para se tornar, no momento das
intervenções “NA” escola, “fazedores” de Circo.
A pesquisa bibliográfica mostra outra ação desenvolvida por Leite (2017). O
autor retrata um evento numa unidade escolar com ações de contextualização
que contou com exibição de filmes
13
, vídeos, roda de conversas, apresentações
artísticas profissionais e escolares. Leite (2017, p.12) afirma que “Durante todo o
evento a participação de toda a comunidade era bem-vinda, a escola se mantinha
de portas abertas para que as pessoas pudessem circular naquele ambiente
organizado e preparado para tal ação”. Outra evidência dessas ações é o Projeto
Circo na Escola (online), que enuncia a opção de seus idealizadores por realizar
oficinas de capacitação para os docentes visando a uma maior difusão do
potencial educativo das atividades circenses “NA” escola.
Uma das atividades mais profícuas em cursos, oficinas e ações formativas
“NA” escola é a confecção de aparelhos de malabares. A confecção de bolinhas,
aros, caixas, claves,
swing poi
14
ou barangandãs etc., com materiais de reuso e/ou
de baixo custo, é tanto uma ação para contornar a falta de aparelhos circenses
quanto uma alternativa para a articulação de saberes sobre a motricidade dos
malabares, a historicidade circense e a Educação Ambiental (Lopes; Parma, 2016).
Ainda sobre a confecção de materiais, citamos os vídeos pedagógicos do
13
Vale indicar o filme exibido:
O palhaço
(2011), dir. Selton Melo (Leite, 2017).
14
Swing Poi
ou cariocas é um aparelho que consiste numa bola com cauda, a qual é fixada em uma corda e
um anel de dedo. Com ele é possível fazer movimentos (rotações, circundações e outros) em diferentes
direções e posições do corpo (http://www.artofpoi.de/). No Brasil, assemelha-se ao brinquedo barangandã
ou barangandão.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
12
pesquisador e arte-educador Daniel de Carvalho Lopes e do educador e artista
Marcio Parma (palhaço Tachinha – Cia. Dois Picadeiros
15
), que são autores do livro
“Confecção de malabares: passo a passo” (Lopes; Parma, 2016).
Quadro 1 Vídeos pedagógicos confecção de aparelhos de malabares
16
v
Aula-passeio ao(s) Circo(s) pelas escolas
. A aula-passeio é um termo
referente às técnicas de ensino desenvolvidas por Célestin Freinet (1975). Essa
técnica de ensino pode ser nomeada como visita técnica de campo, saída
pedagógica etc. Em linhas gerais, trata-se de uma proposta de aula em que os
estudantes saem da sala de aula para estudar a cultura e natureza extraescolar.
Para Freinet (1975), a aula-passeio é uma forma de levar vida e vivacidade para a
escola. Legrand (2010) afirma que a aula-passeio mobiliza os interesses dos
estudantes e isso pode ser usada pelos pedagogos para desenvolver os saberes
escolares (leitura, escrita, pensamento matemático, ciências etc.)
17
.
Ribeiro et al. (2021) relatam que acompanharam os escolares de uma escola
pública numa aula-passeio a um espetáculo de Circo em Campinas-SP.
Reparamos que a aula/passeio foi realmente muito proveitosa e na saída
do espetáculo notamos as crianças comentando sobre as atrações que
haviam acabado de presenciar e, além disso, relacionando com as aulas
na escola (Ribeiro et al., 2021, p. 256).
15
Para saber mais sobre a Cia. Dois Picadeiros, cf.: https://doispicadeiros.com.br/
16
Fonte - Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bhPKf1egrOY e
https://www.youtube.com/watch?v=4IYqOx_V6oc
17
A partir das aulas-passeios se desenvolvem outras conhecidas técnicas Freinet de ensino: Livro da Vida,
Imprensa Escolar, Texto Livre e Correspondência Interescolar (Freinet, 1975).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
13
Outra fonte sugere que as aulas-passeio aos Circos itinerantes de lona podem
ser proveitosas para o ensino escolarizado. Chioda (2018, p.32) diz que “[n]o caso
dos circos, quando estes visitam uma cidade, geralmente oferecem sessões
exclusivas para escolas com desconto, o que pode ser uma oportunidade a ser
aproveitada” para a realização de uma aula-passeio.
Fontes multimídia e jornalísticas reiteram as aulas-passeio. O
site
Patati
Patatá Circo Show SP anuncia um programa circense específico para escolares
com a oferta de serviços de estacionamento para ônibus escolar, kit lanche e um
“Espetáculo musical com números circenses, que tem como pilares a família,
amizade e inclusão, acrobacias de tirar o fôlego e nos encher de alegria” (Patati
Patatá Circo Show, online).
18
Uma notícia intitulada “Escola promove valorização da
cultura com visita ao Circo”
19
, de 17/03/2014, publicada pela Secretaria de Educação
de Rio Verde-GO, destaca que os discentes de uma escola municipal foram assistir
ao espetáculo circense em comemoração ao Dia do Circo, 27 de março
20
. Outra
notícia, de 14/11/2018, com título “Visita ao Circo”
21
, foi divulgada pela Secretaria
Municipal de Educação de Curitiba-PR e destaca que um Centro Municipal de
Educação Infantil e a turma do Pré II (Educação Infantil) realizaram uma aula-
passeio ao Circo Zanchettini
22
. As fontes bibliográficas, jornalísticas e multimídias
mostram a aula-passeio como manifestação circense “NA” escola.
v
Projetos extracurriculares ou atividades complementares com atividades
circenses
“NA” escola. Caracterizar os projetos extracurriculares ou atividades
complementares é desafiador, dada a diversidade de estruturas, propostas
educativas, recursos e modelos de gestão e organização dos projetos. Porém,
alguns atributos gerais podem ser citados, por exemplo, o fato de usar os
18
Fonte: https://www.reservaescolar.com.br/patati-patata-circo-show-sp Acesso em: 25 jan. 2023.
19
Fonte: https://www.rioverde.go.gov.br/escola-promove-valorizacao-da-cultura-com-visita-ao-circo/
Acesso em: 25 jan. 2023.
20
No Brasil, comemora-se o Cia do Circo todo dia 27 de março. A data é uma homenagem ao dia de
nascimento de Abelardo Pinto, o palhaço Piolin, nascido dia 27 de março de 1897.
21
Fonte: https://educacao.curitiba.pr.gov.br/noticias/visita-ao-circo/13509 Acesso em: 25 jan. 2023.
22
Sobre o Circo Zanchettini, cf.: https://www.youtube.com/watch?v=3FU6SI6V8sA
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
14
espaços/ambientes escolares para as suas atividades. Geralmente, os projetos
atendem estudantes no contraturno escolar, mas podem também atender outros
públicos (comunidades vizinhas). O vínculo desses projetos pode ser com: i) o
poder público, como os programas Segundo Tempo (Goyaz, 2005; Duprat;
Ontañón; Bortoleto, 2017) e Mais Educação (Soares; Bonatto, 2022); ii) empresas
e/ou prestadores de serviços (terceirizadas ou não) (Santos Rodrigues; Martins; De
Marco, 2020), e; iii) parcerias público-privadas (Takamori et al., 2010). O Circo, vale
ressaltar, é apenas uma das várias possibilidades de atividades e projetos
extracurriculares “NA” escola.
A pesquisa bibliográfica indica alguns exemplos. Melo, Bortoleto e Ontañón
(2021) relatam a inserção e ensino de dois projetos extracurriculares de atividades
circenses. Na análise, os autores tratam da formação docente, dos processos
pedagógicos e didáticos. Outro relato é de Santos Rodrigues, Martins e De Marco
(2020), que analisam a criação de uma coreografia circense escolar fruto de um
projeto de atividades extracurriculares oferecidas no contraturno de escola
privada. A última fonte é o videodocumentário do projeto Circo da Alegria, situado
numa escola estadual em Toledo-PR
23
. Os exemplos se somam a outros que se
caracterizam por abordar as atividades circenses “NA” escola. Contudo, uma série
de outras manifestações circenses acontece na Educação Básica e se articula com
os documentos curriculares.
Circo “DA” escola
As manifestações circenses “DA” escola estão articuladas aos currículos
escolares e se constituem saberes escolares dada a ação da
transposition
didactiqu
e. Essa articulação com os documentos curriculares pode ser na forma
de um reconhecimento em documentos oficiais, como as Diretrizes Curriculares
da Secretaria de Educação (Paraná, 2008) e/ou o Projeto Político Pedagógico (PPP)
de uma escola (Paraná, 2010; 2011), ou também em sistematizações dos conteúdos
de uma disciplina curricular feita pelos docentes (Neves; Quaresma, 2014). No
23
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=FYJ4yx9DVIw
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
15
Brasil, o ensino do Circo “DA” escola acontece por entre as gretas dos currículos
(Bortoleto; Silva, 2017).
Exemplifiquemos o ensino pelas gretas curriculares. Para tratar do ensino de
Circo nas aulas curriculares de Educação Física, Neves e Quaresma (2014, p.135)
destacam que “[a] escolha da manifestação cultural circo deveu-se ao diálogo com
o Projeto Político-pedagógico da instituição intitulado ‘Diversidade Cultural e
Inclusão Social’”. A
posteriori
, elaborou-se o plano de ensino baseado no
documento “Orientações Curriculares de Educação Física da Secretaria Municipal
de Educação”. Outro exemplo, no âmbito da Educação Infantil, é o de Floriano e
Pereira (2018, p.48), para quem “A escolha das atividades circenses levou em conta
os aspectos presentes nas Orientações Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (2009), que definem que as práticas pedagógicas a serem trabalhadas
nessa etapa da educação básica”. Essa articulação com os documentos
curriculares constitui o Circo “DA” escola.
v
Projetos pluri, inter e transdisciplinares
“DA” escola. A escola vem sofrendo
críticas à disciplinarização dos saberes escolares (Lenoir, 1998). Essas críticas
denunciam que o modelo disciplinar promove a: i) desvinculação da escola dos
saberes cotidianos; ii) desvalorização da cultura popular e dos saberes discentes;
iii) fragmentação e hiperespecialização do conhecimento, e; iv)
compartimentalização dos saberes em disciplinas (Fazenda, 1998). Contra a
disciplinarização defende-se uma educação multi, pluri, inter e transdisciplinar
(Fourez; Mathy; Englebert-Lacomte, 1993). Costa (2012), porém, alerta para a
ausência de fronteiras claras entre esses conceitos, pois cada um deles implica
práticas distintas. Ao considerar o Circo uma prática multidisciplinar, ideamos que
ele antecede a disciplinarização dos saberes. Assim, os projetos circenses “DA”
escola que demandam a cooperação entre as disciplinas são pluri, inter ou
transdisciplinares. A caracterização em pluri, inter ou transdisciplinar resulta do
grau de interação das disciplinas nas práticas dos projetos (especificidade,
sobreposição e ruptura das fronteiras disciplinares) (Costa, 2012).
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
16
A pesquisa bibliográfica indicou vários projetos de cooperação disciplinar.
Conforme Costa (2012), consideramos que alguns projetos poderiam ser mais bem
descritos como projetos multidisciplinares, pois não envolvem uma efetiva ação
cooperativa entre as disciplinas e seus agentes. Outro resultado é que a maior
parte dos estudos trata de propostas autointituladas interdisciplinares (Hueblin,
2003; Costa; Tiaen; Sambugari, 2008; Souza, 2012; Corsi; De Marco; Ontañón, 2018;
Lemke, 2022) ou transdisciplinares (Macari, 2021). Em menor número, os
trabalhos que mencionam projetos interdisciplinares realizados dentro “DA”
escola (Ost; Vianna; Pereira, 2020; Tengan; Bortoleto, 2021).
À guisa de exemplo, Ost, Vianna e Pereira (2020) relatam a realização de um
projeto interdisciplinar em quatro turmas de ano do Ensino Médio Técnico de
um Instituto Federal. A proposta do projeto foi desenvolver o espetáculo
Le
Cirque
: cabeças coloridas” integrando as disciplinas de Artes, Educação Física,
Química, História e Gestão de Pessoas. A disciplina de Educação Física tratou de
conteúdos como saltos, rolamentos, equilíbrios estáticos e dinâmicos,
manipulação de bolas e atividades rítmicas. Nas aulas de História articulou-se a
história do Circo com o período da Revolução Francesa. Em Gestão de Pessoas
foram tematizadas as relações pessoais, planejamento de eventos e vendas,
referente à produção do espetáculo. Os saberes da disciplina de Química foram
usados no número de mágica. Apesar da receptividade ao projeto, os autores
mencionam dificuldades na concreção de ações interdisciplinares, pois “[...] é fato
que ainda existe dificuldade em construir ideias e viabilizar práticas integradas no
Ensino Médio” (Ost; Vianna; Pereira, 2020, p.7). O exemplo ilustra a manifestação
do Circo “DA” escola dentro de um projeto interdisciplinar.
v
Disciplina curricular de Circo
“DA” escola. Em algumas escolas, sobretudo
instituições privadas, o Circo passou a compor o corpo de disciplinas do currículo
escolar. Segundo Canário (2005), as instituições escolares têm uma organização
particular dos tempos e espaços de ensino e aprendizagem. Nessa organização,
os saberes escolares são organizados em disciplinas que possuem histórias
singulares de constituição e legitimação no currículo e na cultura escolar (Chervel,
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
17
1998). Certas disciplinas têm conquistado legitimidade nos currículos, outras têm
ainda que justificar sua presença na instituição escolar. Dito isso, em algumas
unidades escolares o Circo ganhou notoriedade como disciplina com a mesma
pertinência das disciplinas clássicas (línguas, matemática, história etc.).
Cardani et al. (2022) descrevem as aulas curriculares de Circo numa escola
privada na cidade de Belo Horizonte/MG. Nessa escola a disciplina curricular de
Circo é obrigatória para estudantes do ao ano do Ensino Fundamental e
optativa do ao ano. Ao se constituir como disciplina “DA” escola, o Circo
torna-se um saber escolar disciplinar sujeito aos dispositivos e organizacionais da
escola (grade curricular, horários de aula, espaços definidos, materiais e recursos,
avaliação formal etc.). Embora possa haver outros casos, os relatos de disciplinas
escolares de Circo são escassos.
v
Temática, conteúdo e recurso didático de disciplinas curriculares “DA”
escola. Segundo Chervel (1998), as disciplinas escolares selecionam seus
conteúdos de ensino (conteúdo cultural) a partir da cultura geral. Essa seleção
parte de uma demanda social que lhes inculca a responsabilidade por formar as
futuras gerações e um reconhecimento de que certos conhecimentos são cruciais
para a vida em sociedade. A seleção cultural é uma etapa racional da “ciência
pedagógica” (Libâneo, 2008) na composição dos conteúdos de uma disciplina
escolar. Apesar disso, Bourdieu e Passeron (2014) denunciam que a classe docente
desconhece a arbitrariedade da seleção cultural. Deste modo, a seleção cultural
não é isenta de disputas de saberes e poderes (Chervel, 1998). Em todo caso, nota-
se que o Circo tem ganhado força nos processos de seleção cultural para a
composição de conteúdos pedagógicos de disciplinas escolares.
A pesquisa bibliográfica indica relatos do ensino de Circo nas disciplinas
curriculares de Artes (Leite, 2017; 2020; Ferreira; Wuo, 2017), Física (Ward, 2001),
Matemática (Lezcano Brito; Benítez; Cuevas Martínez, 2017; Gutiérrez Sandoval;
Cervantes Holguín; Gutiérrez Sandoval, 2019) e Educação Física (Cardani et al., 2017;
Ribeiro et al., 2021; Bortoleto et al., 2020; 2022 e outros). Devido à matriz disciplinar
e à autonomia didático-pedagógica dos professores, o Circo e as atividades
circenses são ensinados de formas muito diversas.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
18
Considerações
Ele [o Circo] é uma espécie de espelho no qual a cultura é refletida,
condensada e ao mesmo tempo transcendida; talvez o circo pareça estar
fora da cultura apenas porque está no centro dela (Bouissac, 1976, p.9)
24
Ao considerar que Circo está no centro da cultura (Bouissac, 1976),
reforçamos o argumento de sua presença na Educação Básica. O estudo reitera
que a “[...] escola é lugar para o circo, como conteúdo pedagógico, como cultura a
ser abordada transdisciplinarmente, incorporada ao cotidiano escolar” (Ribeiro et
al., 2021, p.257). E os responsáveis pela inserção do Circo na escola básica são
artistas, professores, arte-educadores e outros que reconhecem o potencial
educativo do Circo como arte, cultura e educação pertinente à Educação Básica.
O Circo na Educação Básica parte do princípio de que nem todas as
manifestações circenses têm como finalidade a produção dramatúrgica (poética)
circense. Historicamente trata-se de um herdeiro do movimento de abertura das
escolas de Circo nas décadas de 1970 e 1980 (Lopes; Silva; Bortoleto, 2020).
Visando conhecer melhor esse fenômeno, realizamos uma pesquisa em fontes
múltiplas (bibliográficas e multimídia). A entrada do Circo na Educação Básica pode
estar articulada ou não aos documentos curriculares oficiais (diretrizes,
referenciais, propostas curriculares etc.) e/ou pedagógicos (planos de ensino, diário
de aulas etc.). As apresentações artísticas profissionais; cursos, oficinas, palestras
etc., realizadas por artistas e arte-educadores; aulas-passeio aos circos e projetos
extracurriculares e atividades complementares são manifestações do Circo “NA”
escola, pois não se articulam com os documentos curriculares, logo, não são
saberes escolares. os projetos pluri, inter e transdisciplinares, disciplinas
curriculares de Circo e o ensino como temática, conteúdo e recurso didático de
disciplinas são manifestações do Circo “DA” escola, pois sofreram a ação da
transposition didactique que o converte em saber escolar sujeito aos dispositivos
da instituição e organização escolar.
24
It [the circus] is a kind of mirror in which the culture is reflected, condensed and at the same time
transcended; perhaps the circus seems to stand outside the culture only because it is at its very center
(Bouissac, 1976, p.9). (Tradução nossa)
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
19
Não atribuímos juízos de valor e/ou de gosto às várias manifestações do Circo
“NA” e “DA” escola. Consideramos todas legítimas para a Educação Básica.
Contudo, é salutar que ainda existam tensões e conflitos sobre a presença do
Circo na Educação Básica e disputas de saberes e poderes sobre os “herdeiros”
socialmente autorizados para ensiná-lo na escola, porém, dada a natureza
exploratória da pesquisa, não adentramos esse debate. Entretanto, novos estudos
podem superar essa limitação. Talvez, para haver um devido reconhecimento do
Circo como elemento central de nossa cultura, precisamos propor ações
colaborativas que potencializem as várias manifestações circenses, os muitos
“fazedores” de Circo em suas múltiplas formações e especialidades.
Para superar a natureza bibliográfica e multimídia do estudo, recomenda-se
a realização de pesquisas de campo que ampliem as referências e permitam
caracterizar melhor cada uma das manifestações circenses, suas complexidades,
entrelaçamentos e diferenças. Por fim, consideramos que o estudo apresentado
pode contribuir com a comunidade científica, artística e pedagógica valorizando a
diversidade de ações, projetos e atividades que têm como eixo a aproximação do
Circo com a Educação Básica.
Referências
BARBOSA, Diocélio Batista; OLIVEIRA, Maria Carolina Vasconcelos (Org.).
Circo e
comicidade: reflexões e relatos sobre as artes circenses em suas diversas
expressões
. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2021.
BAUER, Martin W.; GASKELL, George.
Pesquisa qualitativa com texto, imagem e
som: um manual prático
. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 7.Ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2008.
BOLOGNESI, Mário Fernando. O corpo como princípio.
Trans/Form/Ação
, v.24, n.1,
p.101-12, 2001.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho (org.).
Introdução à pedagogia das atividades
circenses
. Jundiaí-SP: Fontoura, 2008.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho (org.).
Introdução à pedagogia das atividades
circenses
– Vol. 2. Várzea Paulista-SP: Fontoura, 2010.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Atividades circenses. In: GONZÁLEZ, Fernando
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
20
Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo (Org.).
Dicionário Crítico de Educação Física
.
Ijuí-RS: Unijuí, 3.ed., 2014. p.60-64.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho; SILVA, Erminia. Circo: Educando entre as
gretas.
Rascunhos:
Caminhos da Pesquisa em Artes Cênicas, v.4, n.2, 2017.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho; ONTAÑÓN BARRAGÁN, Teresa; CARDANI,
Leonora Tanasovici; FUNK, Alisan; MELO, Caroline Capellato e SANTOS RODRIGUES,
Gilson. Gender participation and preference: a multiple-case study on teaching
circus at PE in Brazilians Schools.
Frontiers in Education
, v.5, 2020.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho; ROSS, J. J.; HOUSER, Natalie; KRIELLARS,
Dean. Everyone is welcome under the big top: a multiple case study on circus arts
instruction in physical education.
Physical Education and Sport Pedagogy
, p.1-12,
2022.
BOUISSAC, Paul.
Circus and culture: a semiotic approach
. Bloomington: Indiana
University Press, 1976.
BOUISSAC, Paul. The timeless tools of time: Circus performances revisited.
Università di Urbino
, n.76, p.1-21, 1978.
BOUISSAC, Paul.
Circus as multimodal discourse: performance, meaning and ritual
.
Bloomsbury Publishing PLC, 2012.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude.
A reprodução: elementos para uma
teoria do sistema de ensino
. Trad. Reynaldo Bairão. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2014.
BRASIL. Ministério da Educação.
Base Nacional Comum Curricular
. Brasília: MEC,
2018.
BURGESS, Hovey. The Classification of Circus Techniques.
The Drama Review
, v.18,
n.1, p.65-70, 1974.
BURTT, Jon; LAVERS, Katie. Re-imagining the development of circus for the twenty-
first century.
Theatre, Dance and Performance Training
, v.8, n.2, p.143-166, 2017.
CANÁRIO, Rui. O que é escola? Um olhar sociológico. Porto: Porto, 2005.
CARDANI, Leonora Tanasovici; ONTAÑÓN, Teresa Barragán; SANTOS RODRIGUES,
Gilson; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Atividades circenses na escola: a
prática dos professores da rede municipal de Campinas-SP.
Revista Brasileira de
Ciência e Movimento
, v.25, n.4, p.128-140, 2017.
CARDANI, Leonora Tanasovici; SANTOS RODRIGUES, Gilson; ONTAÑÓN BARRAGÁN,
Teresa; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Circo en la escuela: compartiendo
prácticas pedagógicas.
MHSalud
, v.19, n.2, p.1-13, 2022.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
21
CHEVALLARD, Yves.
La transposition didactique du savoir savant au savoir
enseigne
. Paris: La Pensee Sauvage, 1991.
CHERVEL, André.
La Culture scolaire: une approche historique
. Paris: Belin, 1998.
CHIODA, Rodrigo Antonio.
Uma aventura da alegria e do risco: narrativas de um
professor de educação física sobre o ensino das atividades circenses
. Tese
(Doutorado em Educação Física) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2018.
CORSI, Laís Marconato; DE MARCO, Ademir; ONTAÑÓN, Teresa. Educação física na
Educação Infantil: proposta interdisciplinar de atividades circenses.
Pensar a
Prática
, v.21, n.4, p.865-876, 2018.
COSTA, Ana Carolina Pontes; TIAEN, Marcos Sergio; SAMBUGARI, Márcia Regina do
Nascimento. Arte circense na escola: possibilidade de um enfoque curricular
interdisciplinar.
Olhar de professor
, v.11, n.1, p.197-217, 2008.
COSTA, Cíntia. Interdisciplinaridade: das concepções às representações de práticas
de professores de ciências. In: MUNHOZ, Gislaine; CASTELLAR, Sônia Vanzella
(Org.).
Conhecimentos escolares e caminhos metodológicos
. São Paulo: Xamã
Editora, 2012. p.101-120.
DAL GALLO, Fábio. A renovação do circo e o circo social.
Repertório
, v.13, p.25-29,
2010.
DUPRAT, Rodrigo Mallet.
Realidades e particularidades da formação do profissional
circense no Brasil: rumo a uma formação técnica e superior
. Tese (Doutorado em
Educação Física) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014.
DUPRAT, Rodrigo Mallet; ONTAÑÓN, Teresa Barragán; BORTOLETO, Marco Antonio
Coelho. Atividades Circenses. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; DARIDO, Suraya
Cristina; DE OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli (Org.).
Ginástica, dança e
atividades circenses
. 2.ed. Maringá: EDUEM, v.3, 2017. p.165-229.
FAZENDA, Ivani C. A. A aquisição de uma formação interdisciplinar de professores.
In: FAZENDA, Ivani C. A. (Org.).
Didática e interdisciplinaridade
. Campinas, SP:
Papirus, 1998. p.11-20.
FERREIRA, Marcos Francisco Nery. O vertiginoso picadeiro soviético.
Repertório
,
n.15, p.17-24, 2010.
FERREIRA, Frederico de Carvalho; WUO, Ana Elvira. Pedagogia palhacesca: a escola
do só eu no ensino regular.
Conceição|concept
, v.6, n.1, p.87-105, 2017.
FLORIANO, Thiago Adelino; PEREIRA, Breno Ferreira. O circo na Educação Infantil:
um relato de experiência.
Cadernos de Formação RBCE
, v.9, n.1, p.45-53, 2018.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
22
FOUCHET, Alain.
Las artes del circo: una aventura pedagógica
. Buenos Aires:
Stadium, 2006.
FOUREZ, Gérard ; MATHY, Philippe ; ENGLEBERT-LECOMTE, Véronique. Un modèle
pour un travail interdisciplinaire.
Aster
: Recherches en didactique des sciences
expérimentales, v.17, n.17, p.119-142, 1993.
FRATELLINI, Annie. La pista es la libertad: Una mujer payaso enseña circo
haciéndolo. In: UNESCO EL CORREO.
El circo: un espectáculo del mundo
. n.1,
1988. p.27-28.
FREINET, Célestin.
As técnicas Freinet da escola moderna
. Trad. Silva Letra. 4.ed.
Editorial Estampa, 1975.
GIMENO SACRISTÁN, José.
O currículo: uma reflexão sobre a prática
. Trad. Ernani
F. da Fonseca Rosa. 3.ed. Porto Alegre: Penso, 2017.
GOUDARD, Philippe. Le cercle recyclé. In: GUY, Jean-Michel.
Avant-Garde, Cirque!
Les arts de la piste en révolution
. Autrement, 2001. p.157-173.
GOUDARD, Philippe. Estética do risco: do corpo sacrificado ao corpo abandonado.
In: WALLON, Emmanuel (org.).
O circo no risco da arte. Coautoria de Béatrice Picon-
Vallin
. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2009. p.25-32.
GOYAZ, Marília de.
A pedagogia da ginástica e suas manifestações lúdicas. In:
BRASIL. Ministério do Esporte. Manifestações dos esportes
. Brasília: Universidade
de Brasília/CEAD, 2005.
GUTIÉRREZ SANDOVAL, Pavel Roel; CERVANTES HOLGUÍN, Evangelina; GUTIÉRREZ
SANDOVAL, Iskra Rosalía. Innovación y experiencias creativas de matemática
educativa en escuelas secundarias desde la pedagogía del malabarismo. I
E Revista
de investigación educativa de la REDIECH
, v.10, n.18, p.65-78, 2019.
GUZZO, Marina Souza Lobo. O espetáculo do Circo e a estética do risco.
Corpoconsciência
, Santo André, n.14, p.19-52, 2004.
HATCH, J. Amos.
Doing qualitative research in education settings
. New York: Suny
Press, 2002.
HUEBLIN, Silvana Mariani. Malabarismos e ilusionismos na realização de um projeto
interdisciplinar.
Nupeart
, v.2, n.1, p.109-116, 2003.
LECOQ, Jacques.
O corpo poético: uma pedagogia da criação teatral.
Trad. Marcelo
Gomes. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2010.
LEGRAND, Louis.
Célestin Freinet
. Trad. José Gabriel Perissé. Recife: Fundação
Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
23
LEITE, Emanuel Alves (Emanuel Coringa). Lugar de circo é na escola: o estudo da
palhaçaria em experiência artística pedagógica. In:
Anais... Simpósio Reflexões
Cênicas Contemporânea
s, Campinas, 2017.
LEITE, Emanuel Alves (Emanuel Coringa).
Lugar de Circo é na escola
. Jundiaí, SP:
Paco Editorial, 2020.
LEMKE, Cláudia Elizandra. Circo em casa: uma prática interdisciplinar no ensino
remoto emergencial. In: SANTOS FILHO, Carlos Alberto Soares dos; MELO, Débora
Kélli Freitas de; SANTOS, Eliane Gonçalves; WELKE, Morgana; GÜLLICH, Roque
Ismael da Costa (Org.).
Ciências na escola: caderno de práticas e experiências
inovadoras
. v.3. Santo Ângelo: Metrics, 2022. p.209-214.
LENOIR, Yves. Didática e interdisciplinaridade: uma complementaridade necessária
e incontornável. In: FAZENDA, Ivani C. A. (Org.).
Didática e interdisciplinaridade
.
Campinas, SP: Papirus, 1998. p.45-76.
LEZCANO BRITO, Mateo; BENÍTEZ, Luz Mary; CUEVAS MARTÍNEZ, Alix Adriana.
Usando TIC para enseñar Matemática en preescolar: el Circo Matemático.
Revista
Cubana de Ciencias Informáticas
, v.11, n.1, p.168-181, 2017.
LIBÂNEO, José Carlos.
Didática
. São Paulo: Cortez, 2008.
LOIZOS, Peter. Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa. In: BAUER,
Martin W.; GASKELL, George.
Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um
manual prático
. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 7.Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
p.137-155.
LOPES, Daniel de Carvalho; PARMA, Márcio.
Construção de malabares: passo a
passo
. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016.
LOPES, Daniel; SILVA, Erminia. A contemporaneidade da linguagem circense no Rio
de Janeiro do século XIX. ILINX –
Revista do LUME
, n.13, p.12-24, 2018.
LOPES, Daniel de Carvalho; SILVA, Erminia; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho.
Dentro e fora da lona: continuidades e transformações na transmissão de saberes
a partir das escolas de circo.
Repertório
, Salvador, n.34, p.142-163, 2020.
MACARI, Isabel de Almeida Telles.
A transdisciplinaridade dos saberes circenses no
Ensino Médio: um diálogo com a BNCC
. Dissertação (Mestrado em Educação
Escolar) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara,
2021.
MAGNANI, José Guilherme Cantor.
Festa no pedaço: cultura popular e lazer na
cidade
. 3.ed. São Paulo, SP: Editora UNESP: Hucitec, 2003.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
24
MARTIN, Christophe. Certa conivência. In: WALLON, Emmanuel (org.).
O circo no
risco da arte
. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2009. p.71-75.
MATHEUS, Rodrigo Inácio Corbisier.
As produções circenses dos ex-alunos das
escolas de circo de São Paulo, na década de 1980 e a constituição do Circo Mínimo
.
Dissertação (Mestrado em Artes) - Universidade Estadual Paulista, 2016.
MELO, Caroline Capellato; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho; ONTAÑÓN
BARRAGÁN, Teresa. Risas, brincos y volteretas: la enseñanza del circo en la escuela
como actividad extracurricular.
Retos
, v.41, p.897-906, 2021.
NEVES, Marcos Ribeiro das; QUARESMA, Felipe Nunes. Hoje tem goiabada? Não!
Hoje tem marmelada? Não! O que temos então? Estudos Culturais em ação. In:
NEIRA, Marcos Garcia; NUNES, Mário Luiz Ferrari; LIMA, Maria Emília de (orgs.).
Educação física e culturas: ensaios sobre a prática
– volume II. São Paulo: FEUSP,
2014. p.135-150.
ONTAÑÓN, Teresa Barragán, BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Todos a la pista:
el circo en las clases de educación física.
Apunts
. Educación Física y Deportes,
n.115, p.37-45, 2014.
OST, Mariana Afonso; Vianna, Marcelo; PEREIRA, Gabriel Silveira. A arte circense e
seu diálogo com a Educação Física: uma experiência no Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
Holos
, v.6, p.1-13, 2020.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná Departamento de
Educação Básica.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física
.
2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Núcleo Regional de Educação da Área
Metropolitana Norte. Colégio Estadual Santa Barbara Ensino Fundamental,
Medio e Normal. Projeto Político Pedagógico. 2010.
PARANÁ. CAIC Pedro Baggio. Escola Estadual Professor “William Madi” Ensino
Fundamental. Cornélio Procópio, PR. Projeto Político Pedagógico. 2011.
PENN, Gemma. Análise semiótica de imagens paradas. In: BAUER, Martin W.;
GASKELL, George.
Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual
prático
. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 7.Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
PÍNSKY, Carla Bassanezi (org.).
Fontes Históricas
. São Paulo: Contexto, 2008.
RENEVEY, Monica j. Escuelas para los artistas. In: UNESCO – EL CORREO.
El circo
:
un espectáculo del mundo. n.1, 1988. p.24-26.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
25
RIBEIRO, Camila da Silva; CARDANI, Leonora Tanasovici; SANTOS RODRIGUES,
Gilson; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. O “não lugar” do circo na escola.
Revista Portuguesa de Educação
, v.34, n.1, p.246-463, 2021.
ROCHA, Gilmar.
A magia do circo: a etnografia de uma cultura viajante
. Rio de
Janeiro, RJ: Lamparina: FAPERJ, 2013.
ROSE, Diana. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, Martin W.; GASKELL,
George.
Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático
. Trad.
Pedrinho A. Guareschi. 7.Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
SANTOS RODRIGUES, Gilson; MARTINS, Patrícia Porfírio; DE MARCO, Ademir.
Pedagogia das atividades circenses nas atividades extracurriculares: relato de uma
experiência de criação e composição coreográfica “A maravilhosa história do
Circo”.
Anais... Simpósio Reflexões Cênicas Contemporâneas
, n.5, 2020.
SANTOS RODRIGUES, Gilson; MELO, Caroline Capellato; MAZZEU, Thaísa
Rittmeister; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Atividades circenses na Educação
Física escolar: análise sistemática da produção bibliográfica (2016-2020).
Caderno
de Educação Física e Esporte
, v.19, n.3, p.1-7, 2021.
SANTOS RODRIGUES, Gilson; LOPES, Daniel de Carvalho; BORTOLETO, Marco
Antonio Coelho. Do jogo ao circo: malabareando ideias com Huizinga, Caillois e
duas professoras de Educação Física. In: GRILLO, Rogério de Melo; SCAGLIA,
Alcides José; CARNEIRO, Kleber Tüxen (Org.).
Em defesa do jogo: diálogos
epistemológicos e contemporâneos
. Curitiba: Appris, 2022. p.281-310.
SAVIANI, Nereide.
Saber escolar, currículo
e didática: problemas da unidade
conteúdo/método no processo pedagógico. 7.ed. Campinas, SP: Autores
associados, 2018.
SHAPIRO, Roberta. Que é artificação?
Sociedade e Estado
, v.22, n.1, p.135-151, 2007.
SILVA, Erminia. O novo está em outro lugar. In:
Palco Giratório
. Rede Sesc de
Difusão e Intercâmbio das Artes Cênicas. Rio de Janeiro; SESC, Departamento
Nacional, 2011, p.12-21.
SILVA, Tomaz Tadeu da.
O currículo como fetiche: a poética e a política do texto
curricular
. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
SILVA, Tomaz Tadeu da
. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
currículo
. 3. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
SILVEIRA, João Francisco Baroni; SANTOS, Diego Pinto. Na fresta da lona: o circo
em Rio Grande. In: SILVEIRA, João Francisco Baroni; HECKTHEUER, Luiz Felipe
Alcantara; SILVA, Méri Rosane Santos da (org.).
Circo, lazer e esporte: políticas
públicas em jogo
. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande, 2011.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
26
SOARES, Carmen Lúcia.
Imagens da educação no corpo: estudo a partir da
ginástica francesa no século XIX
. 4.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2013.
SOARES, Alana de Sousa Carvalho; BONATTO, Maria Paula de Oliveira. Diálogos
entre circo, educação e saúde no contexto do Programa Mais Educação. Revista
Educação Pública, v.22, n.44, 2022.
SOUZA, Alberto Carlos de. Circo e educação: uma experiência de prática circense
no espaço escolar.
Extensio: Revista Eletrônica de Extensão
, v.9, n.13, p.21-31, 2012.
SPIEGEL, Jennifer Beth. Social circus: The cultural politics of embodying “social
transformation”.
The Drama Review
, v.60, n.4, p.50-67, 2016.
TAKAMORI, Flora Sumie, BORTOLETO, Marco Antonio C., LIPORONI, Maikon Oliveira,
PALMEN, Mario Johannes H., CAVALLOTTI, Thais Di. Abrindo as portas para as
atividades circenses na Educação Física escolar: um relato de experiência.
Revista
Pensar a Prática
, v.13, n.1, p.1-16, 2010.
TENGAN, Ellen Yukari Maruyama; BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Vamos
brincar de circo: corpo “em arte” na Educação Infantil.
Revista Práticas Educativas,
Memórias e Oralidades
, v.3, n.2, p.1-12, 2021.
URDIMENTO
. Revista de Estudos em Artes Cênicas. Dossiê temático: Artes do
palhaço, Artes do Circo, Circo-teatro e Comicidade Popular. (online). Disponível:
https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/dossie20223A Acesso em: 30 jan. 2023.
VAGO, Tarcísio Mauro. O “esporte na escola” e o “esporte da escola”: da negação
radical para uma relação de tensão permanente: Um diálogo com Valter Bracht.
Movimento
, ano 3, n.5, 1996.
WALLON, Emmanuel (org.).
O circo no risco da arte. Coautoria de Béatrice Picon-
Vallin
. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2009.
WARD. Stephen. Circus
The illegitimate child. Teaching Elementary Physical
Education – Human Kinetics
, p.29-30, 2001.
ZAIM-DE-MELO, Rogério; GODOY, Luís Bruno; RIZZO, Deyvid Tenner de Souza;
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Circo no Pantanal: o ensino da arte em uma
escola das águas.
Educação em Debate
, v.43, n.85, p.75-92, 2021.
ZAIM-DE-MELO, Rogério; SANTOS RODRIGUES, Gilson; GODOY, Luís Bruno. De
universitários a “artistas”: a trajetória da trupe Los Pantaneiros no Pantanal sul-
mato-grossense. In: BARBOSA, Diocélio Batista; OLIVEIRA, Maria Carolina
Vasconcelos (Org.).
Circo e comicidade: reflexões e relatos sobre as artes circenses
em suas diversas expressões
. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2021. p.179-198.
Circo na escola: educação e arte na Educação Básica
Gilson Santos Rodrigues | Marco Antonio Coelho Bortoleto | Daniel de Carvalho Lopes
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-27, abr. 2023
27
ZAIM-DE-MELO, Rogério; SILVA, Junior Vagner Pereira da; DUPRAT, Rodrigo Mallet.
Hoje vai ter espetáculo!!! A arte circense como opção de lazer para alunos em uma
Escola das Águas do Pantanal.
Corpoconsciência
, v.25, n.1, p.121-136, 2021.
Recebido em: 30/01/2023
Aprovado em: 17/04/2023
Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br