Circo da Democracia: de lonas abertas para a arte e a resistência!
Entrevista concedida a Elizandra Garcia da Silva e Alice Viveiros de Castro
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-24, abr. 2023
eu era Secretário de Cultura do Município, e tinha circo, o Município tinha circo,
então eu armei o circo da Prefeitura, portanto, com custos bancados pela
Prefeitura, sem nenhum tipo de custo a mais. O Sindicato [dos Engenheiros] não
poderia fazer isso e nem nós tínhamos circo, onde é que a gente iria arranjar um
circo? E aí, na conversa eu disse ‘eu sei, quem tem circo, eu sei, é só perguntar!’ Aí
liguei para a Edlamar [Zanchettini] e disse ‘olha Edlamar, a ideia é essa, essa e
essa’, contei pra ela a ideia e perguntei se ela não tinha uma lona pra alugar pra
gente, porque ela sempre tem outra lona, de um parente que tivesse uma lona
meio... e ela me disse ‘não, não, esse projeto o Circo faz!’ Aí eu disse ‘pera aí, então
mudou de conversa’. Daí quando eu falei para as pessoas, as pessoas regalaram
um olho deste tamanho, né, e eu disse ‘só que é um Circo que vai ter palhaço, vai
ter espetáculo... senão não é circo’. Aí deu medo. Aí as pessoas ficaram com medo.
Disseram assim ‘não... porque aí vão dizer ... que esse movimento de Golpe é uma
palhaçada, vão ligar ao palhaço, então não vamos fazer com o circo, vamos só
alugar a lona e vamos chamar de Lona da Democracia’. E eu disse ‘não, eu não
faço sem intermediação, pra tirar o Circo da Democracia, não. Ou é Circo da
Democracia ou vocês arranjem outro, deve ter alguém que alugue.’ E esse Eduardo
Faria, que era o advogado, logo em seguida me apoiou e disse ‘não’ e o grupo dos
advogados disse ‘não, é circo mesmo, e é circo de verdade, é circo popular, onde
o povo vai!’ E aí convenceu os engenheiros, os engenheiros estavam meio assim,
mas era gente muito boa, gente politizada, e quando a gente argumentou e
mostrou o que era um circo, que circo não é uma ‘palhaçada’, que circo é arte
popular, é a ligação com o povo... Aí eles começaram a lembrar da infância, né,
começaram a lembrar e disseram ‘não, mas sabe que tem, é mesmo, minha
saudade, saudade do circo e tal’. Bom, então foi assim que surgiu, então quando
você pergunta a ideia de lona, você escreveu ali, né, na verdade não é, foi ideia de
um circo, até pensaram em virar uma lona, mas não, a lona é o de menos, a lona
é só a visibilidade, a ideia era do circo mesmo! Aí a Edlamar, o Sílvio, os irmãos
[Zanchettini] vieram lá no Sindicato [dos Engenheiros], a gente conversou, e eu
disse ‘olha, tem duas conversas pra serem feitas: uma de programação, de
atividades, como é que vai fazer; nessa eu estou! A outra é de custo, custo eu não
estou, custo, eu não tenho nada com isso, não sei fazer e não tenho dinheiro. Então
custo conversa com o Sindicato [dos Engenheiros]’. E realmente, eles [família