Perspectivas pedagógicas no espaço acadêmico a partir do melodrama e do circo-teatro brasileiro
Maria De Maria Andrade Quialheiro
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-28, abr. 2023
acrobáticas
. O professor Jarbas Siqueira foi convidado para auxiliar no
aperfeiçoamento das técnicas com as quais estávamos trabalhando.
As acrobacias eram basicamente de solo: rolamentos para frente e para
trás (cambalhotas); giros de 180° e 360° (piruetas); paradas de mão (com
o auxílio de apoios); peixinho (parada de mão com descida de peito);
gatinho (cambalhota sobre as costas de outra/o na posição de gato); salto
leão (salto e cambalhota com pequena altura); salto para subida de
ombro; e viradas (adeus querida, virada pelas costas, virada de cotovelo).
Além disso, aquecimento com sequência de abdominais, flexão, prancha,
pula-corda e lançamento de bastão em grupo e, mais adiante, circuitos
elaborados com algumas das acrobacias já aprendidas (Quialheiro, 2020,
p. 85).
Sua oficina, composta por três encontros, acionou elementos do circo,
da capoeira e da yoga, que se mostraram técnicas complementares à
montagem. Esses encontros tinham como foco proporcionar maior
entendimento dos mecanismos de apoio, de alinhamento e de postura,
bem como a correção de posições para a execução do trabalho
acrobático. Jarbas trabalhou com quatro perspectivas que se inter-
relacionam: pedagógica, que traz consciência e reeducação corporal;
física, que possibilita maior envergadura às capacidades do corpo;
estética, como uma poética da cena; e de repetição ligada ao
treinamento, com o objetivo de possibilitar o condicionamento das/os
estudantes/artistas, para que o trabalho corporal fosse realizado com
menos esforço e mais habilidade. Assim, na montagem de
Por Ti Não
Importa Matar ou Morrer
, algumas das acrobacias foram ressignificadas
a partir do contexto da cena e passaram a fazer parte de sua composição,
não como um artifício de virtuose, mas como apropriação lúdica do ato
acrobático (Quialheiro, 2020, p. 86).
No momento em que estive como docente na Graduação do Curso de Teatro
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), percebi que boa parte da formação
oferecida às/aos estudantes/artistas daquele período estava alinhada às
tendências contemporâneas, em consonância com as discussões a respeito do
teatro pós-dramático, do teatro performativo e da performance artística. Assim, a
proposta de realizar uma montagem ancorada às convenções do século XIX, tendo
como base o teatro codificado, trouxe certa preocupação em termos corporais,
Em minha Graduação, cursei a disciplina “Técnicas Paralelas”, ministrada por Paulo Merisio, por meio da
qual obtive uma básica formação em técnicas circenses. Durante os anos seguintes, pude treiná-las e
aperfeiçoá-las, em circulação profissional, durante minha atuação em espetáculos de forte caráter físico, a
seguir:
Simbá
, o
Marujo
(2008-2017) e
Ali Babá e Os 40 Ladrões
(2005-2017). Destinados ao público infanto-
juvenil, tinham como linguagem a ressignificação do corpo e de objetos, fazendo uso de princípios de
acrobacias de solo e de dança-teatro, respectivamente, ambos sob a direção de Paulo Merisio no grupo
Trupe de Truões.