Augusto Rodrigues Duarte: um palhaço entre versos, jornais e jocosidades no Brasil oitocentista
Daniel de Carvalho Lopes | Ermínia Silva
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-28, abr. 2023
resultou em muitas trocas de aprendizagens entre eles, podendo ter gerado forte
influência em Augusto, que, como tratamos brevemente, era também um palhaço
que dominava a música como uma de suas formas de expressão.
Assim, conforme indicam as fontes pesquisadas, Augusto, ao que parece, foi
um artista de destaque no Circo Olímpico da Guarda Velha, tendo recebido
diversos espetáculos em seu benefício. Por meio desses espetáculos podemos
conhecer um pouco mais de sua aceitação pública, bem como de seu repertório.
Circo Olímpico
É hoje o dia designado para o benefício do palhaço Augusto, tão
justamente apreciado pelo nosso público.
Artista de incontestável merecimento no gênero de trabalho a que se
dedica deveras, o estimável Augusto, por mais de um título, tem direito
de esperar que, mais uma vez, não lhe escasseie aquela animação
fervorosa com que sempre o têm distinguido os amadores dos brincos
Olímpicos.
Demais, ninguém que viu aplaudido o palhaço do circo Grande Oceano
poderá negar ao Sr. Augusto a igualdade, senão a supremacia sobre um
colega que, tanto ou menos do que ele, compreendia a manutenção de
certas conveniências, geral e muito louvavelmente compreendidas e
apreciadas pelos pais de família. Sobre ser um artista hábil e honesto, o
palhaço Augusto recomenda-se à simpatia do povo fluminense pelo
respeito que revela lhe votar, fazendo-o rir sem ferir-lhe os ouvidos e os
bons costumes com gestos e palavras menos autorizadas pela decência.
São estas qualidades que muito pesam na balança do mérito do artista
que se apresenta ao público com o fim de lhe dar momentos de
agradável passatempo.
(
Correio Mercantil
, 28 out. 1864, p. 2).
No vasto repertório que Augusto exibia, em outro espetáculo em seu
benefício, realizado no início de junho de 1865, é possível identificar o artista
também atuando nas pantomimas
circenses, a exemplo de “Os Apuros de um
Namorado em Sábado de Aleluia” (Correio Mercantil
, 03 jun. 1865, p. 4). Já em seu
benefício concedido em 25 de outubro de 1865, identificamos Augusto também
em entradas cômicas equestres como “O Cavalinho Campista, que, pela 2ª vez,
apresentado pelo diretor, executará o seu trabalho com o palhaço, o Sr. Augusto”
(
Diário do Rio de Janeiro
, 25 maio 1864, p. 4) e “O Palhaço Atrapalhado no Jogo do
Pacán, cena cômica equestre realizada pelo beneficiado e a jovem Silvana no
interessante cavalinho Riquiqui, pulando barreiras, furando arcos incendiados, etc.,
etc.” (
Correio Mercantil
, 25 out. 1865, p. 4).